O prado

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O prado estava iluminado pela lua, a relva com aquele brilho prateado ladeava um caminho escuro, Bella começou a caminhar por ele, eu a segui, mas não a alcançava, apertei o passo mas não foi suficiente, ela se distanciava cada vez mais, comecei a correr, gritando seu nome, mas as palavras não tinham som.
Ela sumiu na escuridão.
De repente eu estava estava na beira do penhasco olhei em volta nada da Bella, uma dor enorme atingiu meu estômago me fazendo dobrar ao chão na borda do penhasco então pude ver o corpo estirado na água, boiando, imediatamente pulei na água, mas só estava caindo, a queda não tinha fim, até que atingi a dura superfície de pedra.

Dei um pulo na cama, foi um sonho muito real, meu peito arfava tanto que doía.
Será que isso tinha ligação com a visão de Alice ou era apenas um sonho ruim?

Não podia esperar para ver, eu tinha que ver se ela estava bem.
Peguei a moto e fui.

Ao chegar na entrada da rua desliguei a moto e fui empurrando até próximo de sua janela que estava aberta, eu sorri com essa visão, ela realmente me esperava.

Aguardei um pouco ouvindo para saber se estava sozinha, e então subi.
O quarto estava mergulhado na escuridão, um pequeno feixe de luz de um poste na rua iluminava até a metade da cama. Ela estava ali, em um sono profundo, era uma imagem maravilhosa ela tinha uma expressão serena, os cabelos espalhados pelo travesseiro como a relva selvagem que se alastra e tomando o terreno ao redor com perspicácia. O relógio de cabeceira marcava três da manhã, não me espanta ela estar no sono profundo perdi a total noção da hora.
Me aproximei para dar-lhe um beijo na testa, pude ver o filtro dos sonhos que lhe dei de presente quando a vida ainda era simples e feliz, e aquilo me fez sorrir novamente. Definitivamente foi bom ter vindo, mas eu tinha que ir, não iria ficar ali parado olhando enquanto ela dorme, que tipo de psicopata faz isso?

Me virei em direção a janela, foi então que vi um pedaço de papel no chão, estava um pouco amassado, mas pude ver um brasão no papel tingido, eu conhecia aquele símbolo, era deles, dos Cullen's. Eu não deveria xeretar nas coisas, não foi essa a educação que recebi, mas também não conseguia ignorar aquele pedaço de papel que me chamou a atenção. Hesitei por um momento, mas cedi ao impulso e peguei. Uma letra toda tremida havia marcado o que me parecia um endereço, 7 Waglisla St, Bella Bella, BC V0T 1Z0....no Canadá?
O que será que aquilo significava, era para onde iriam?
Bella Bella...? Será um endereço mesmo ou algum código para alguma coisa?

Olhei novamente o papel timbrado com o brasão e o que eu achava ser um endereço, larguei ele no chão e saí.

O caminho iluminado pela lua fazia eu me lembrar do sonho, aliás, pesadelo, eu não conseguia alcançar Bella para salvá-la, e não era só no sonho, eu realmente não a estava alcançando na vida real. Os poucos momentos em que ela consegue falar era junto de outras pessoas, o restante do tempo era só tristeza
Eu estava entre me conectar e não me conectar com ela, e tinha a impressão de que ela também não estava cem por cento querendo se conectar, como se estivesse me poupando da dor de perdê-la novamente. Esse era um jogo empatado, que não teria prorrogação, em alguns dias ela partiria novamente. Esse pensamento fez meu peito arfar e a cabeça latejar, eu não podia me entregar ou teria uma moto para consertar pois me espatifaria no paredão marrom que os troncos dos pinheiros formavam ao longo da estrada. Na velocidade que eu estava o estrago na Harley seria grande, e provavelmente teria que começar de novo.

De repente aquilo estalou em minha cabeça como algo incrível e genial.
Por um instante me pareceu a solução para a paz mundial, trazer Bella novamente para as nossas aventuras com as motos, ela ficou tão animada na época, e graças a essas motos eu pude tê-la e ela fisgou aquilo do qual eu não era mais dono, do qual eu era um mero fantoche, meu coração, minha alma.
Eu não podia me envolver mais, tinha que protegê-la e também a mim, afinal a minha vida miserável me aguardava e começaria em breve, estava ansiosa para me pegar.
Aquela situação era angustiante,

Cheguei em casa passei pelo que acredito ser Paul em sua forma de lobo parado me fitando na mata do outro lado do terreno, o que ignorei completamente, não queria e não ia dar satisfação de onde eu estava.

Me joguei na cama novamente ali eu podia me entregar completamente sem nenhum perigo, e por um momento a lembrança dela linda no casamento me abraçando com força me pegou, como de costume o estômago e a cabeça, já me sentia afundar, não ia lutar contra aquilo, era a minha realidade agora, chegando e tomando conta, essa seria a sensação a partir de agora.

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora