Talvez eu pudesse me acostumar com isso

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Um desespero me tomou, as coisas estavam bem, eu não poderia deixar que elas desandassem em apenas alguns instantes, há tempos que não o via, precisava deixá-lo bem, não queria que ele se fosse. Precisava explicar, fazer as coisas ficarem bem novamente.

- Charlie e Renê se juntaram para pegar no meu pé. Eles querem que eu dê um rumo para a minha vida. Não é que eu vá realmente fazer alguma delas... Isto é tão sem sentido!

- Bom, é realmente uma pena. Algumas dessas parecem ser mesmo boas opções...MIT é mesmo um sonho.

- É o que você faria não é? É mesmo a sua cara. Você devia fazer. - Aparentemente havia funcionado, ele parecia também estar tentando deixar as coisas leves, fiquei grata por isso.

- E você, qual desculpa vai ser agora?

Eu não queria lhe dizer a verdade, não que eu estivesse mentindo para ele, mas eu realmente não podia deixar as coisas degringolarem. Aquela visita era tudo o que eu tinha há semanas, e estava determinada a não acabar com tudo, era literalmente meu bibelô de porcelana eu precisava protegê-lo.

- Sóóó...preciso ganhar algum tempo, você sabe...

- Maaaas, e se, você fosse mesmo? - Jake era assim, ele entendia muitas coisas sem que nós realmente tivéssemos que dizer um ao outro, mas no que ele estava realmente pensando, jamais teria condições de continuar sem... Ed...eu não conseguia terminar o pensamento, era doloroso de mais.

- O que? Para a universidade?

- Yep! E se você for, fizer...talvez...se eu fosse com você...

Meu coração simplesmente parou por um segundo me fazendo travar no lugar. O que era aquilo, uma tentativa de voltar as ter as coisas como eram ou apenas me impedir de ser transformada?

- Você...faria isso? Largaria tudo apenas para ir para a universidade?

- Faria por você...e talvez um pouquinho pela possibilidade de receber para criar coisas eu mesmo. (Risos)

Estava em choque, Jake realmente disposto a ir embora da reserva, e COMIGO? Eu acabara de ser jogada num dejavú, já houve um momento em que eu teria partido com ele, apenas para melhorar as coisas, apenas arrancar o sofrimento de seu peito, protegê-lo, mas agora quem precisava fugir da realidade, da dor e da tristeza era eu.

- Isso é...novo.

- Qual é Bells, não é como se eu não ligasse para escola. Sou até bem aplicado!

- Eu...não sei o que faria. - A ideia de ter Jake para mim novamente, o meu sol particular, o meu amigo, era incrível, mal podia acreditar no que estava acontecendo, toda a dor e solidão que eu sentira todo tempo em que ele esteve distante havia simplesmente desaparecido.

- E que tal essa? - Ele apontou um folheto na mesa.

- Caltech... Renê amaria se essa fosse a escolhida, era a definição de felicidade para ela, exatamente o que me disse na carta que acompanhou aquele folheto "seria a escolha perfeita para você e Jacob, ele amaria a Califórnia". Quanto a Renê está te pagando?

(Risos) - Nada! Só estou dizendo... Eles tem ótimos programas...e muito, muito sol.

- Você provavelmente entraria em combustão. (Risos)

- É, eu sou quente, o que posso dizer? (Risos). Ou então, essa aqui.

- Universidade de Jacksonville? (Risos) - Quais as era realmente as chances deles sugerirem as mesmas opções? - Vocês estão juntos nessa!

- (Risos) Não! Mas uma praia escaldante sob um guarda sol seria o bastante para mim. (Risos)

O riso leve e sincero de Jacob me aquecia a alma, era quase como antigamente, o melhor lugar para se estar.

- Quem sabe? Moraríamos com a Renê também? (Risos)

- Isso depende, eles são mais ou menos caretas que Charlie? (Risos)

- A Renê é doida, o Phill é legal também. (Risos)

- Eu viveria na praia.

Voltar a viver num local quente, com o sol realmente tocando a minha pele, e com o Jacob, um novo recomeço, não haveria jamais outra maneira de que isso pudesse dar certo. Por um momento a ferida no meu peito ficava um pouco além de apenas suportável, Jake tinha esse efeito, sua energia deixava a todos ao seu redor bem e alegres, é o efeito do sol quentinho invadindo a alma.

- (Risos) Talvez eu pudesse me acostumar com isso.

Tê-lo ao meu lado sempre, jamais estaria nesse lugar nublado e escuro novamente, eu poderia realmente respirar de novo.

Mas então Jacob abruptamente se levantou, o rosto em choque, não disse palavra e então se virou para a porta e foi.

- JAKE! Jake!

Mas nenhuma resposta, ele simplesmente havia partido.

O desespero então se abateu sobre mim. Jacob se foi sem dizer nada após eu finalmente aceitar que aquilo poderia funcionar, ter ele comigo novamente, um novo começo. Se ao menos a ideia de voltarmos a ser como éramos antes lhe era tão repulsiva, porque diabos ele fez aquilo? O que estava acontecendo? O que exatamente o havia chocado daquele jeito? Para que ele viera, apenas para se vingar? Me dar um pouco do troco que eu de fato merecia?

Estava sozinha novamente. O buraco no meu peito foi aberto e provocado, a dor me coroia, eu mal podia me sustentar de pé. As lágrimas se jogavam dos meus olhos, nem mesmo elas queriam minha companhia.

Não, eu não queria acreditar que aquilo realmente estava acontecendo, Jacob se fora, mas dessa vez não foi capaz se quer de dizer adeus.

Todas as vezes que estivemos juntos e eu alimentei, mesmo sem intensão todo o seu amor, me vieram às mente mais uma vez. Ele se fora, me causando uma dor lancinante e eu se quer podia culpá-lo.

Então senti uma pontada forte na ferida em meu peito, forte o suficiente para realmente me levar ao chão, a sensação abrupta de que Jake estava em perigo, de que ele precisava de mim. Minha mente querendo me enganar, me fazendo acreditar que de alguma maneira eu podia lhe fazer bem, mas isso não era racional, não, Jacob havia resistido ao poder fatal dos gêmeos Volturi, e por mais que tenha demorado, ele voltou a vida, e aparentemente mais forte, o que eu poderia lhe fazer além de mazela?

Mesmo após alguns minutos certa de que minha mente estava tentando me enganar, me ludibriando como já fizera no passado, a sensação não havia passado, ao contrário, parecia ainda mais forte. Corri para o telefone desesperada, era a única coisa que me restava fazer nesse momento.

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora