A Realidade

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Após algum tempo ela encontrou forças para sussurrar. - Jake nós temos realmente uma chance?

- Eu não sei Bells, realmente espero que sim, todos vão fazer tudo o que for possível.

- Isso é tudo culpa minha, desde o início. - Ela afundou o rosto nas mãos se acabando em lágrimas.

- Bella não é culpa de ninguém - Isso não era verdade, alguém tinha culpa sim de tudo pra começar, mas ele já estava morto, não havia nenhum grande culpado que pudéssemos fazer pagar a conta a aquela altura. - Tudo vai se resolver, você vai ver. Agora durma, amanhã teremos um dia cheio e você precisa encontrar o Charlie e lhe empurrar uma boa desculpa.

Bella adormeceu enquanto eu alisava carinhosamente seus cabelos, mas a minha desgraça pessoal acabara de me reencontrar. Cada minuto que passava com ela eu sabia que me custaria caro, quanto mais lembranças formavamos mais lembranças difíceis terei para me torturar. Não permiti que ela me pegasse, pareceu que eu estava finalmente tendo alguma escolha sobre isso, então consegui dormir um pouco em paz, o que foi ótimo.

Bella se levantou e saiu, seu cheiro doce me acalmava era brisa fresca que precede a tempestade.

Meu pai fez panquecas e tomamos o café todos juntos, ele fazia piadas e foi um momento leve, parece que ninguém fazia questão de lembrar o que iríamos enfrentar.

Ao abrir a porta da frente para sair Leah e Seth estavam ali esperando.

- Oi Jake, oi Bella - Seth disparou animado.

- Oi Seth...Oi Leah.

Leah olhou para Bella mas não respondeu, me olhou em seguida e resolveu responder, não sem revirar os olhos com aquilo - Oi - Ela disse sem a menor vontade.

- O que aconteceu?

- Nós vamos treinar não vamos Jake? Estou tão ansioso.

- Estou vendo.

- Vamos juntos ou...? - Leah perguntou com urgência em sua voz.

- Vou levar a Bella para casa dela e encontro vocês lá. - Leah revirou os olhos e respirou fundo, se virou começou a andar e gritou chamando o Seth.

- Tchau Bella, te vejo lá Jake. - Ele se virou e correu atrás da irmã.

- Eu não posso ir com vocês? - Bella perguntou ativamente, eu a senti reagir, o coração levemente acelerado, ela realmente estava gostando de ver alguma ação?

- Mas você precisa ver o Charlie ele está preocupado.

- Podemos ir em seguida. - Ela insistiu.

- Ou podemos ir antes, é melhor.

Pegamos a moto e fomos até sua casa.

Ao entrarmos nos deparamos com malas ao pé da escada. Renê apareceu na porta da cozinha com um sorriso típico e correu abraçar Bella.

- Bella. Onde você se meteu minha filha? Estávamos tão preocupados com você?

- Oi mãe, está tudo bem. Estou em casa agora.

- Jake você cuidou dela não foi? - Ela me lançou um olhar maroto que me fez corar com certeza.

- Você está...? - Bella perguntou com pesar, ela já sabia a resposta, ela nunca foi boa com expressar seus sentimentos.

- É, já troquei a passagem cinco vezes, a moça da companhia aérea disse que não pode fazer mais nada, se não for perderei a passagem. - Bella fez uma careta, com certeza ela estava sentindo que a mãe ia deixá-la novamente. - O que você acha de vir comigo querida? Vamos. Vamos passear tomar sol. Venha Jake você é muito bem vindo, venham passar uns dias comigo, eu pago as passagens, dos dois. - Ela me olhou e deu uma piscadinha que Bella não viu.

Elas se abraçaram e Bella derrubou algumas lágrimas, caminhei com as malas para fora, Bella não era boa nisso e com certeza não precisava de platéia.

Em poucos minutos o táxi chegou, nos abraçamos e ela foi embora com os olhos vermelhos, Bella tentando ser forte mas as lágrimas lavavam seu rosto silenciosamente, eu a abracei e ela se entregou deixando a minha camisa com uma enorme marca d'água, o que tirou um pequeno sorriso dela e a fez se recompor.

- Nós viemos para falar com o Charlie.

- Bom, vamos ligar. - Ela disse

- Bella acho melhor irmos até lá, ele vai gostar de ver que está bem e inteira (risos).

- Mas você vai se atrasar. Mais ainda.

- Não tem problema, vamos rapidinho.

Fomos até a delegacia, Charlie primeiro ficou assustado achando que algo havia acontecido, mas ficou aliviado por ela estar bem.

Quando chegamos no campo todos já estavam lá, Sam me lançou um olhar de desaprovação por meu atraso imaginei, mas isso não ia me abalar.

Seis lobos novos, menores estavam visivelmente assustados em um canto próximo de Leah.

Seth estava treinando no centro com Embry e os dois iam razoavelmente bem, apesar da inexperiência do Seth, ele tinha talento.

Leah em sua forma de lobo se aproximou e sentou ao meu lado, ela deu uma bufada que interpretei como uma reclamação e fiquei feliz por não ter entendido o que ela disse exatamente.

- Bateu a febre? - Perguntei, ela me olhou e indicou os Cullen's do outro lado do campo, o seu cheiro incrivelmente forte deve ter despertado mais lobos.

Os próximos a lutarem foram Paul e Sam, aquilo foi de outro nível, não via Paul em ação fazia um bom tempo, ele havia se aprimorado muito, conseguiu pegar Sam uma única vez mas o acompanhou de perto o tempo todo, os Cullen acompanhavam cada movimento principalmente o grandão Emmet que parecia um gato espreitando uma presa estudando cada um de seus movimentos pronto para dar o bote. Carlisle parecia satisfeito com o espetáculo, mas Jasper o esquisitão não, me perguntei se estava distraído pelo cheiro da Bella ou dos mais novos.

A luta de Sam e Paul foi a última, Carlisle, Jasper e Emmet se aproximaram de nós.

- É muito bom que todos tenham vindo - Carlisle disse com ar preocupado, vi Leah me olhar de esgueio. - Mas temos muito trabalho pela frente. Nós podemos continuar o dia todo, mas acredito que vocês precisarem de descanso, podemos voltar a tarde para treinar mais um pouco.

- Vamos precisar de um treino especial para os mais novos. Vou combinar com Sam, mas de qualquer modo voltamos a tarde. - Sam concordou com a cabeça.

A matilha se retirou e os Cullen's entraram em seus carros.

- Vou para a reserva tenho muita coisa para resolver é melhor você ficar com os Cullen's. - Bella pareceu surpresa em ouvir minhas palavras que não continham nenhum tom convidativo, mas concordou.

- Eu volto a tarde com os outros. - Apenas assenti com a cabeça. Não que aquilo me fizesse a pessoa mais feliz do mundo, mas estávamos de volta e a realidade ainda era a mesma, eu não a podia ter.

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora