Nova Leah

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Liguei a tv e esquentei as sobras do almoço. O barulho da tv apenas preencheu o local, não prestei a atenção no que passava, apenas que passava algo e isso era o suficiente.

Engoli a comida e saí, o quanto antes encontrasse o bando eu teria paz em minha cabeça, me ocupar me libertava mesmo que superficialmente da minha desgraça pessoal.

Leah já estava por ali com os rapazes novos, alguns pareciam realmente jovens mesmo eu sabendo que deviam ter no mínimo quinze anos alguns aparentavam menos, o porte físico ainda não desenvolvido.

- Cadê o Seth? Ele estava tão animado mais cedo, achei que estaria aqui bem cedo ou ao menos com você.

- Ele foi na festinha da sua - Olhei para ela com rancor, ela precisava mesmo continuar com esses comentários sabendo como me sentia? Ela era a única que chegava realmente perto de compreender. - Er, do Charlie com a minha mãe. - Ela respondeu mudando o final, até parecia que estava me ouvindo como se estivéssemos como lobos.

- Vamos começar.

Reuni os rapaz todos juntos e comecei a falar.

- Que vai ser uma luta difícil vocês já sabem, que provavelmente alguns, se não todos, vão morrer vocês também já sabem. Acredito que Carlisle e Jasper tenham conversado com vocês sobre o abraço da morte e atacar para matar logo de cara. Estou certo? - Indaguei e direcionei o olhar para Leah, que confirmou com um aceno de cabeça. - Então o que vocês precisam agora é se concentrar. Nós lutaremos como dois grupos, bom, três na verdade, os Cullen's vão lutar conosco, mas não podermos nos comunicar como bando vai dificultar as coisas. Muitos tem se distraído e por isso vocês acabam se trombando. - Algumas cabeças se abaixaram e algumas poucas concordaram silenciosamente. - Vamos fazer alguns exercícios, a escuridão da noite não nos atrapalha e por isso quero que vocês se movam com os olhos fechados.

Leah arregalou os olhos me olhando com surpresa.

- Vão se arrumar e voltem para começarmos, temos uma dama aqui. - Leah já estava acostumada a manter os olhos longe das transformações, a maioria de nós gostava de discrição, exceto Paul que adorava se exibir, como se houvesse algo de especial com ele, estúpido.

- Jacob você sabe o que está fazendo?

- Por acaso você está me questionando? - Perguntei com sarcasmo e um leve tom de ameaça, ela riu e apenas se calou não antes de revirar os olhos, o que eu escolhi ignorar.

- Certo, ainda não decorei os nomes de vocês, então Leah, escolha um para guiar.

- Colin.

- Certo, Colin venha aqui. Os outros fiquem em formação mas de olhos fechados. Vocês vão seguir os movimentos dele, se ele caminhar vocês caminham, se ele parar vocês param. - Colin se aproximou receoso. - Calma, vai ser divertido. - Me posicionei ao seu lado e coloquei as mãos cada uma em um lado de seu pescoço. - Eu vou te guiar, vamos caminhar devagar, sinta os toques de cada lado do seu pescoço e se mova nessa direção. Os seus irmãos podem ouvir seus pensamentos, então não pense na direção, apenas siga, vocês precisam se acostumar a sentir a presença uns dos outros a realmente se conectarem, enxerguem e sintam pelos olhos dos outros. - Havia uma pontinha de dúvida em mim sobre aquilo, mas era algo que eu realmente achava que podia ajudar, atrapalhar com certeza não iria. - Vamos começar.

Dei dois toques no pescoço de Colin indicando para que ele se movesse e o acompanhei, apenas quatro se moveram.

- Se concentrem, pensem no Colin, foquem em sentir apenas a presença dele, ignorem as outras e as suas próprias.

Levou alguns minutos para que todos estivessem caminhando. Guiei o Colin para algumas direções diferentes, não houveram trombadas, mas ainda alguns dispersos. Pressionei minha mão nas costas dele indicando para que se abaixasse, tudo sem que ele visse, apenas sentisse as instruções. Todos pararam e se abaixaram, em velocidades diferentes mas seguiram.

Chamei Leah com uma das mãos, e indiquei para que subisse nas costas de Colin enquanto estava abaixado, ela me lançou um olhar indignação, mas não disse nada, insisti para que subisse e ela o fez.

Peguei em suas mãos e posicionei onde as minhas estavam, ela iria guiar o Colin a partir dali.

A contra gosto Leah o guiou pelo campo com movimentos simples, quando percebeu que todos a seguiam aumentou o grau de dificuldade, andou ziguezagueando entre os outros o que os confundiu um pouco mas ainda sem trombadas, o ritmo entre movimento e reação estava melhorando, aquilo me deu uma pontinha de satisfação, certamente ser alfa não era algo que eu quisesse fazer de alguma forma, deixar a matilha não significava que eu quisera deixar para sempre minha casa, família, La Push, mas aquele momento estava sendo estranhamente satisfatório, ajudar aos rapazes que passaram pelas mesmas coisas que eu, não exatamente, afinal eu não tive que enfrentar um bando de vampiros com super poderes em uma luta até a morte, mas também não foi um passeio no parque de qualquer modo, me fez bem, se não fosse por toda a tormenta que eu estava passando, talvez eu pudesse fazer isso funcionar de alguma maneira.

Leah ainda estava se movimentando com Colin, algumas saltos, e até uma corrida entre as árvores com direito a salto de obstáculos foram capazes de lhe arrancarem algumas risadas, era bom vê-la feliz para variar.

- O que está acontecendo? Eu também quero brincar - Seth chegou animado.

- Que brincar, estamos treinando Seth, seria bom se você levasse isso um pouco mais a sério! - Eu lancei num tom sério.

- Puxa, me desculpa Jake, eu não falei por mal.....me desculpa pelo atraso, é que demorou lá e... - Ele não continuou a falar, pareceu que havia algo que não quisesse me dizer. - Eu posso? - Ele perguntou indicando o bando com o dedo indicador em riste, mas desviou de meu olhar, não queria me encarar.

- Não, não pode não, venha cá. - Eu o chamei e caminhamos distante dos outros o suficiente para que não pudessem nos ouvir. - Você vai atacar a Leah por trás, se transforme e faça um ataque o mais furtivamente que conseguir. Você é capaz de fazer isso?

Não que eu esperasse qualquer negativa em resposta, mas a animação dele me surpreendeu.

- Vá e não deixe que eles te ouçam, é melhor se transformar por aqui mesmo.

Seth estava muito empolgado, emboscar a irmã era o esporte favorito dele, a competição entre irmãos era saudável entre eles, ao menos na cabeça deles era.

Após ele sair me transformei e o segui ainda mais furtivamente, era incrível o quanto a transição do alfa havia mudado em mim, o desejo de lutar com Sam era algo que eu não era capaz de explicar, ou mesmo entender, toda aquela capacidade explodindo em mim clamava para um combate, mas jamais eu havia se quer pensado sobre isso, Sam era o meu alfa e eu o obedecia mesmo sem querer o poder do alfa me obrigava, mas além disso, eu o admirava, ele era uma boa pessoa e sem dúvida um grande líder, a ruptura só veio agora por causa dela, pela segurança dela, e isso não ia apagar tudo o que sentia por ele, mesmo que o instinto ou algo do tipo me empurrasse para isso, eu jamais o faria.

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora