A sua pessoa favorita

142 26 0
                                    

- Você veio! - Seu sorriso me deu uma pontada no peito que eu não não costumava sentir.

- Não faz isso. - Ela se soltou desajeitada do meu pescoço e me olhou assustada. - Sorrir para mim, como se eu fosse a sua pessoa favorita do mundo todo.

- É uma delas!

- Eu seria feliz se isso bastasse.

Ela fez uma pausa um pouco longa, e então respondeu. - Me desculpa Jake.

- Bom, você pediu...eu estou aqui. - Ela ainda tinha as olheiras profundas e um rosto abatido, mas continuava linda.

Nos sentamos nos degraus da entrada da frente.

- E como você está, Chefe Jacob? - Ela riu.

- Você sabe, só sendo um alfa, nada de mais (risos).

- Eu imagino, ter que liderar e lidar com eles.... com Leah.

- A Leah é legal, mais legal do que eu esperava devo admitir. - Seu coração reagiu de forma diferente, o sincopado vacilou, como se algo houvesse dado errado momentaneamente. - Dividir os pensamentos com o Sam era incrivelmente torturante para ela. Era como se fosse lembrada constantemente de quão miserável ela havia se tornado e quanto eles eram felizes. Os dias passavam se arrastando, e cada transformação era como caminhar para uma sessão de tortura. Aquilo sugava toda a sua energia e a dominava, ela era jogada num poço fundo e escuro sozinha, de onde não conseguia sair. Não era algo fácil de lidar, ela foi muito forte apesar de tudo.

Ela pausou por um instante e então falou. - Parece que conhece a sensação!

Engoli seco - Telepatia dos Lobos, você lembra né?

Ela assentiu com a cabeça.

- Como estão todos, preparados para a luta?

- Ah você sabe, nós nunca fugimos da oportunidade de matar alguns vampiros.

- É, tô sabendo.

- Hoje tem reunião do conselho, você devia vir também.

- Eu adoraria, mas, Alice vai vir me buscar para... você sabe.

- E para onde você vai?

- Não posso dizer Jake, pode não ser seguro para você ... e para mim.

- Suponho que Charlie também não? - Ela apenas assentiu com a cabeça. - Bom, então o que eu tô fazendo aqui?

Novamente uma pausa longa, ela definitivamente não estava conseguindo deixar as palavras saírem, não que ela fosse muito boa com isso normalmente, mas entre nós a coisa corria mais leve e fácil. Seu coração voltou a reagir.

- Eu não sei quando...

- OU SE. - Eu a interrompi, não era exatamente a vontade de fazê-la se sentir culpada, ou mesmo preocupada, mas eu não tinha intensão e nem muita esperança de continuar a vê-la depois de tudo.

- A gente vai se ver e....eu só... queria poder ter passado mais tempo com o meu melhor amigo....você sempre foi muito importante para mim, você sabe disso não é Jake?

Não respondi, mas meu peito gritava por não poder me falar, dizer tudo o que eu sentia e queria. Queria muito. Já estávamos na reta final e em breve tudo ficaria mais fácil. Iria me afastar dela e isso me fazia sentir que iria morrer, mas eu não tinha escolha de qualquer modo.

- Jamais desejei que as coisas fossem como estão hoje, acredite em mim. Mas sou muito grata por ter você comigo sempre Jake! Sem você eu não...não teria aguentado...você me faz sentir...mesmo que despedaçada, um pouco mais inteira. Fica... completo com você.

Eu não a conseguia encarar, aquilo me explodiu por dentro, senti o ar faltar, o chão simplesmente fugir debaixo dos meus pés, e se não fosse por ela ter pego em minha mão com certeza estaria perdido.

- Jake por favor, se cuide! Por favor não se machuque! Eu não poderia suportar... - Ela sacudiu a cabeça tentando afastar o pensamento, mordendo um pouco o lábio. Eu sabia como ela completaria a frase, e eu a deixei terminar, não haviam motivos para encurtar as coisas agora, já era tarde de mais para isso. - Perder você também.

As lágrimas escapuliram pelo canto de seus olhos e aquilo só me fez piorar, a abracei e as monções vieram, a apertei junto a mim enquanto seus olhos lavavam meu peito.

A luta em mim era mais que sobrenatural, já não encontrava meios de lutar contra aquilo, em todos os meus pensamentos, felizes e tristes, animados e desanimados, todos sem excessão eram dela. Tudo me trazia até ela, tê-la, não tê-la.

Contar as horas para que tudo estivesse acabado era ainda mais torturante, naquele instante me senti desejando desistir, deixar de existir.

Era a única solução possível para sair dali com menos danos, deixar de existir.

Mas estar com ela me fazia incrivelmente mais forte, e consegui me conter, algo raro os últimos dias, o meu peito rasgado e dilacerado pela dor de deixá-la mais uma vez se conteve e não começou a arfar violentamente me fazendo desmaiar, não, apenas uma lágrima ardente que permiti escorrer.

Então após um período de um silêncio  triste eu lhe disse sem ainda nos encararmos:

- Bella, a vida nos colocou em trilhos diferentes. Eu amei enquanto dividimos o mesmo trilho, mas agora isso acabou, e nossos destinos são em jornadas diferentes. Eu ainda vou amar você para sempre, mas é assim que as coisas precisam ser.

Eu lhe dei mais um apertão e relaxei os braços, ela levantou o rosto com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas, me olhou com tristeza.

Nós não precisávamos ter dito nada, eu sequer precisava estar ali, a nossa conexão agora mais forte que nunca nos permitia quase uma telepatia dos lobos, ela estava em pedaços e eu cacos, mas nenhum de nós seria capaz de realmente admitir que ali era o nosso adeus.

Retribui seu olhar por alguns instantes e me levantei, com todo o peso do mundo em minhas costas desci os degraus que me separaram dela e sem olhar para trás, com medo do que se seguiria, apenas continuei em frente.

- Jake espera!

Me virei ao pé da pequena escada, ela se havia se colocado em pé, ficamos na mesma altura, a apenas poucos centímetros de distância.

Eu ouvia o seu respirar, nervoso, reagindo, seu coração em frenesi, sua boca rubra não se permitia encontrar num desenho perfeito que ela tinha, estava levemente aberta para que o ar não encontrasse nenhuma desculpa para faltar naquele momento.

Os nossos corações em harmonia agora acelerados, a sincronia perfeita só permitia ouvir um único coração, eu sentia o seu ar entrando e saindo como se eu mesmo respirasse.

Por um instante sustentei seu olhar e era apenas eles que existiam, nada mais em volta parecia estar ali.

Ela moveu os lábios mas nenhum som saiu, não era preciso.

Eu peguei em sua mão que suava frio e lhe lancei um último suspiro:

- Adeus Bells.

Me virei e segui, nenhum som, nem mesmo os pássaros, grilos nada, um silêncio sepulcral que me acertou até eu alcançar a mata lateral, então uma última suplica:

- Jake....

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora