A droga

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As semanas se seguiram e eu conseguia contar nos dedos as vezes que vi Bella. Ela aparecera em casa duas vezes apenas para bater papo, mas Leah interrompeu as duas vezes, acho que ela começou a não se sentir bem vinda. Uma terceira vez ela veio com a desculpa de que a picape estava com problemas, mas ela claramente havia sabotado algumas mangueiras.

Aceitei a teoria de Leah, de que tudo o que estava acontecendo comigo estava de alguma maneira relacionado com a proximidade da Bella.

Funcionou nas duas primeiras semanas, mas nas duas últimas as visões não só apareciam em sonho e quando eu estava transformado, elas estavam aparecendo quando eu estava apenas dirigindo a moto, mexendo no carro, ou pescando com meu pai, aconteciam a qualquer momento.

Já não aguentava mais, no dia anterior havia acontecido quatro vezes e em sonho. Eu iria enlouquecer. Então resolvi voltar e visitar a Bella. Talvez teria que ajeitar as coisas com um pouco de afinco, mas eu precisava passar mais tempo com ela, apenas para testar a teoria, ou ao menos era isso que eu havia inventado para mim mesmo.

Avistei a sua caminhonete na entrada em frente a casa, ela devia estar ali.

Antes que eu estacionasse ela surgiu na janela da sala, toda esticada espiando. Mal havia descido da moto e a porta se abriu, os portões do céu se abriam, um anjo iluminado saltava para fora dele me jogando na danação.

- Jacob! - Ela se pendurou em meu pescoço.

- Oi Bells! - O coração dela reagia, e o meu tentou acompanhar. Senti uma paz tão grande ao vê-la, era como se eu nunca devesse ter me afastado.

- Está tudo bem? Você está bem? - Ela disse num tom chocada.

- O que é, não posso vir te ver sem um motivo?

- Era o que eu pensava, mas...

- Eu estivesse ocupado Bells, me desculpe tá legal? - Ela deu de ombros e começou a caminhar para dentro, eu a segui. - Quais as novidades por aqui?

- Nada de mais, você sabe, só a tela plana e futebol. - Ela disse num tom irônico.

- Charlie não tem indo lá, muito também.

- Talvez tenham enjoado um do outro. - Senti que não estávamos mais falando do Charlie e Billy, era a nós que ela se referia.

- É mais fácil porcos voarem. Eles se gostam muito. - Se ela ia falar nas entrelinhas eu também podia. Ouvi seu coração acelerar um pouco.

- Tomara que você esteja certo. - Recostei minha mão em seu ombro pequeno.

- Estou cem por cento certo.

Ao entrar na sala me deparei com uma bagunça de papéis, folhetos e encadernados de universidades, do país todo e até algumas de fora. Meu coração gelou e levou um instante para continuar a bater. O que era realmente aquilo? Ela havia desistido de ir atrás dos Cullen's, e se transformar? A universidade não era apenas uma fachada para ficar longe da família sem levantar suspeitas?

Aparentemente não pude disfarçar minha surpresa, e me calar por um longo instante não ajudou, pois Bella toda desconcertada se pôs a explicar.

- Charlie e Renê se juntaram para pegar no meu pé. Eles querem que eu dê um rumo para a minha vida. - Ela expirou com rispidez, tentando parecer debochada, mas seu tom não me convenceu, então ela continuou. - Não é que eu vá realmente fazer alguma delas... Isto é tão sem sentido!

Eu ainda estava um pouco atônito. Sabia que a perderia, que não voltaria a vê-la, mas saber que ela talvez fosse ter realmente uma vida, uma vida humana, era inesperado. Aquilo realmente mexeu comigo, havia alguma esperança de que ela fosse sobreviver afinal, de que talvez, algum dia, ela pudesse realmente tocar a sua vida, uma vida humana, como deveria ser?

- Bom, é realmente uma pena. Algumas dessas parecem ser mesmo boas opções...MIT é mesmo um sonho. - Soltei tentando parecer menos chocado.

- É o que você faria não é? É mesmo a sua cara. Você devia fazer.

- E você, qual desculpa vai ser agora?

Ela hesitou em se sentar ao meu lado no sofá, mordeu os lábios e a vi enfiar os dedos no punhos, seu coração vacilante, talvez ela não houvesse pensado direito, ou seria outra coisa?

- Sóóó...preciso ganhar algum tempo, você sabe...

Balancei ligeiramente a cabeça concordando, sabíamos a que ela se referia, não era preciso dizer.

- Maaaas, e se, você fosse mesmo?

- O que? Para a universidade?

- Yep! - Ela pareceu não compreender, e para ser sincero nem eu compreendi direito o que estava dizendo. - E se você for, fizer...talvez...se eu fosse com você...

O coração dela parou no peito por um instante e então disparou. Era por aquilo que meu corpo buscava, não era minha mente que estava falando, ela meu corpo, buscando pela sua droga freneticamente. Ela pareceu tão incrédula quanto eu com minhas palavras, mas minha boca simplesmente continuava a me trair. Ou talvez eu estivesse gostando daquilo.

- Você...faria isso? Largaria tudo apenas para ir para a universidade?

- Faria por você...e talvez um pouquinho pela possibilidade de receber para criar coisas eu mesmo. (Risos)

- Isso é...novo.

- Qual é Bells, não é como se eu não ligasse para escola. Sou até bem aplicado! - Ela corou de vergonha, provavelmente porque não prestava atenção em mais nada desde que o outro havia voltado para Forks e paramos de nos ver.

Ela respirou fundo, os olhos correram rápido, como se os pensamentos estivessem a mil tentando se organizar.

- Eu...não sei o que faria.

- E que tal essa?

- Caltech... Quanto a Renê está te pagando?

(Risos) - Nada! Só estou dizendo... Eles tem ótimos programas...e muito, muito sol.

- Você provavelmente entraria em combustão. (Risos)

- É, eu sou quente, o que posso dizer? (Risos). Ou então, essa aqui. - Me estiquei para pegar um folheto ignorado no canto da mesa embaixo de alguns outros.

- Universidade de Jacksonville? (Risos) Vocês estão juntos nessa!

- (Risos) Não! Mas uma praia escaldante sob um guarda sol seria o bastante para mim. (Risos)

- Quem sabe? Moraríamos com a Renê também? (Risos)

- Isso depende, eles são mais ou menos caretas que Charlie? (Risos)

- A Renê é doida, o Phill é legal também. (Risos)

- Eu viveria na praia.

- (Risos) Talvez eu pudesse me acostumar com isso.

A aquela altura minha cabeça estava prestes a explodir. Eu me sentia incrível como nunca antes, o riso fácil e despretensioso entre nós, era como se o mundo todo estivesse conspirando a nosso favor, fazer planos era divertido, mesmo que ... Eu soubesse que aquilo jamais aconteceria.

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora