Badaladas

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Eu não vi como, mas se ela se mataria por perder Jacob, ela seria feliz se não o perdesse.

Então...?"

Entendi porque Carlisle estava ganhando tempo no campo aquele dia, eles esperavam que a visão mudasse. E ela mudou, Bella ainda teria alguns anos pela frente o que era ótimo! Alice imaginava que eu não morreria, o que faria Bella não se matar, tudo acabaria bem, ao menos ela estaria bem, e isso teria que bastar.

"Então Jacob ficará bem?"

"Shhh, shhh, ela está vindo."

Bella entrou pela porta, seu coração estava calmo e sereno. Mas sua voz não.

"Porquê vocês fizeram isso comigo?"

"Do que você está falando?"

"Sem essa Alice. Não façam mais isso. Eu preciso estar aqui quando ele acordar, eu prometi, eu devo isso a ele!"

"Você precisava dormir, descansar de verdade."

"Eu preciso é estar aqui!"

Seu coração me embalava, nós dançávamos na mesma batida.

"Vou indo, Jasper está me esperando, vamos caçar. Até amanhã meninos."

"Bella, você está animada para ficar na reserva com a gente? Vai ser bom ter você lá!"

"Não vai ser exatamente uma festa."

"Jake vai ficar bem Bella.

O ar da reserva vai fazer bem a ele, você vai ver."

"O Jake precisa de acompanhamento médico. Por quê vocês não vêem isso? Será que só eu estou pensando nisso?"

"Se Carlisle liberou, deve estar tudo sob controle Bella."

"Porque ele demora tanto, porque ele ainda não se curou?"

Ela começou a chorar baixinho.

"Bella, não chore. Pense no Jake, ele pode começar a ficar agitado, Carlisle vai vir e você terá que sair. Não chore."

Ela deu um suspiro, e começou a engolir o choro.

Seu coração calmo me embalava, senti meu corpo levitar, até que não ouvia mais nada.

A bela moça dos olhos de amêndoas, cor de esmeralda estava sentada em um balanço, no mesmo ritmo que o coração que a pouco eu ouvia. Seus cabelos longos com ondas cor de carvalho, voavam na direção contrária a ela a cada badalada.

Apurei os ouvidos, haviam mais três badaladas, como um coral. Um, era o meu coração, que embalado no sono, mantinha o sincopado.

O outro, era ela, era o coração dela que badalava, seguindo o balanço a cada batida.

E o terceiro, o terceiro batia numa perfeita sincronia, unindo a mim, ela, e o balanço.

Ela me olhou, com ternura. Sua boca se abriu, mas nenhuma voz saiu, nenhum som. Mas as palavras foram jogadas em minha mente, simplesmente eu pensava em suas palavras.

"8.13", eu captei. Já havia visto esses números juntos antes.

"8.13", novamente. Lhe joguei: não compreendo. O que quer dizer 8.13?

"8.13". voltou como resposta.

Esse é seu nome?

Ela balançou negativamente a cabeça, "8.13."

Por um instante pensei em como aquilo poderia fazer sentido, precisava lembrar de onde eles me eram familiar.

Ela então levou a mão direita até seu coração.

Seu nascimento? É uma data? Treze de agosto?

Ela sorriu, apenas sorriu em resposta.

Conversávamos por olhares e palavras voadoras, que eram invisíveis aos olhos e ouvidos, mas perfeitamente claras para a mente.

Ela se levantou, e começou a caminhar para outra direção bem lentamente.

Onde você vai? Não vai embora, volte!

Ela se virou, sorriu e num instante estava em pé em minha frente, nossos rostos se encarando, pude notar que ela era ainda mais bonita do que eu havia percebido.

Sua pele de porcelana perfeitamente esticada sob os ossos marcados em sua face, em uma harmonia estrondosa, olhos de amêndoa de um verde límpido e intenso, com uma boca corada como salmão. Eu estava extasiado com sua exorbitante beleza. Ela se aproximou ainda mais, nossos rostos separados apenas por alguns poucos centímetros, eu deveria sentir o ar entrar e sair e de seu corpo mas estava hipnotizado por ela, que continuava a avançar em minha direção. Senti o impulso de abraça-la, precisava sentir sua pele que parecia macia e acetinada, mas não consegui me mover, estava fixo no lugar, apenas meus olhos se moviam seguindo os seus, que agora dançavam indo dos meus até a boca, ela avançou ainda mais sobre mim, tão próximo que senti o pulsar de seu coração batendo em mim.

Senti sua bochecha encostar na minha e então estávamos colados, ligeiramente balançando, como num barco no mar calmo, meus braços agora a tocavam, um estendido servindo de apoio para sua leve e delicada mão, a outra envolvendo a sua cintura.

Um cheiro levemente conhecido me invadiu, levei um minuto para ter certeza, era o cheiro da Bella. Imediatamente me afastei para lhe encarar, mas não era a Bella, ainda era a bonita moça com os cabelos de ondas.

Senti o meu coração disparar, já não entendia o que estava acontecendo, sentia-me confuso, a palpitação era forte. Ela achegou sobre mim e pude sentir seus lábios tocarem os meus com a delicadeza de um floco de neve.

Um chacoalhão me balançou e uma dor me invadiu o peito.

"Afasta! Afasta!"

"Pip pip pip pip"

"Carlisle...ele não vai resistir desse jeito. Deixá-lo vai ser condená-lo."

"Alice disse que vai ficar tudo bem Emmett, não temos alternativa."

"E se levarmos ele Carlisle? Você prepara outro lugar, Bella vai junto. Assim podemos ficar de olho neles. Essas constantes paradas...eles não vão saber como reagir."

Eles pausaram por um instante.
Emmett estava preocupado, todos estavam, apenas Carlisle e Alice estavam certos de seus planos, o que eu estava acontecendo? O que Alice estava escondendo?

"Billy vem amanhã, vamos conversar sobre as condições, se eles podem receber Jake e o aparato lá. Se não for possível, então pensamos em outra alternativa."

Meu pai viria, seria bom poder ter ele por perto.

"Ela vai continuar sem entrar? Ela é durona."

"Leah foi muito corajosa, abandonando tudo para trás, Jacob tem sorte por tê-la ao seu lado. Ela é uma pessoa valorosa."

"Ela não vai muito com a nossa cara. Ele é boa de briga."

"ELA É BEM-VINDA A QUALQUER HORA!"

"Quem Carlisle?"

Era Bella que entrara na sala.

"Leah."

"Ela está lá fora, nos limites da propriedade. Parece que ela gosta de ater ao tratado." (Risos)

"Por isso repito, ela é bem vinda a qualquer hora!"

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora