Agridoce

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A batida rotina, Bella e Renê na mesa do café, eu sendo convidado, aceitando, comemos e arrumamos uma desculpa para sairmos porta afora.

- Foi tudo bem na ronda ontem? - Bella perguntou com um tom cabisbaixo.

- Ronda?

- É, você não fez a ronda ontem, com Sam e os outros?

- Não, ontem não.

- Hum, é que você havia dito que viria, mas não deu né.

Bom, ela se lembrou da promessa, aquilo iluminava o meu coração e ao mesmo tempo me cortava como navalha. Tão perto mas tão longe, eu não podia tê-la e a desejava mais que tudo. Não tinha motivo para alimentar ilusões.

- É, não deu - menti - foi mal Bells.
Pude ver seus olhos baixarem ainda mais e ela fazer uma careta, mas era o certo a fazer.

- Tudo bem chefe Jacob. - Ela deu um sorrisinho.

- O que você quer fazer hoje?

- Hum, não sei, talvez algo que você goste para variar. - Ela tentou parecer animada, mas falhou terrivelmente.

Olhei para a moto e de volta para ela e montei.
Hesitou por um instante mas caminhou até a moto e colocou o único capacete.
Eu ri alto, a última vez que ela subiu nessa moto já fazia um bom tempo, e a situação deixou Edward muito irritado o que foi a cereja do bolo.

- Segura firme gata.

Fomos até La Push, do alto das pedras podíamos ver a rebentação.
Falamos sobre os meninos da matilha, atualizações sobre Quill e a difícil missão de protetor de uma garotinha. - Ele fica doido, Claire está na fase de descobrimento, tudo toca, pega coloca na boca, Quill anda muito ocupado.

- Imagino. Essa história do imprint é complicada, mas ao menos ele já encontrou.... - Ela se calou. O papo estava indo bem até que ela se lembrou do amor da vida dela.

- Não é exatamente uma garantia. Claire pode não quer nada com ele no futuro, o relacionamento romântico, não há uma garantia de reciprocidade. Eles se vêem como irmãos. Na verdade Quill é praticamente um escravo dela, pode ser que passe a vida fazendo, sendo tudo por ela sem receber nada em troca. Não há garantias.

Ela me lançou um olhar de dúvida, depois se voltou para rebentação, após uma pausa longa disse:

- Jake, você está bem, com isso tudo?

- Acho que eu já devia estar acostumado a te dizer adeus.

- Não é como se nunca mais fossemos nos ver afinal.

- É sim, e você sabe. Você não vai mais ser você...

- E você vai deixar de ser você?

Calei, não havia como responder. Qualquer resposta nos afundaria mais em nosso fracasso.

- Jake - Ela se virou com urgência, seu olhar me confundiu - Você teve o imprint... enquanto esteve fora?

Silêncio novamente desviei de seu olhar - Seria a solução de todos os problemas.
Ela continuava a me fitar. Senti que ela iria dizer algo, pude ver pelo canto do olho ela abrir a boca algumas vezes, mas não foi capaz de continuar, se sentou e fixou os olhos no horizonte.

- Embry quer ir sair de Forks também. - Tentei mudar de assunto - Quer continuar estudando. Quem diria aquele cabeçudo indo para a universidade.

- Quem mais vai sair da cidade? Você disse "também quer sair". Quem mais vai deixar Forks?

- Você.

- Não achei que você me contava como seu grupo mais rsrs.

Eu ri, ela conseguiu me deixar sem graça.

- Você nunca mais fez isso, vamos aproveitar que o dia está bom. - Ela me olhou com dúvida - Vou estar bem atrás de você Bella. - Olhei para o precipício.

Tirei a camisa e o shorts, não é por que não sinto frio que tinha que ficar molhado o resto do dia.

Ela me olhou me nervosa, corou, e tirou a blusa e os sapatos. Meu coração acelerou, ela estava nervosa outra vez, como há muito tempo eu não a via. Isso era de antes, ela reagia assim sempre que o meu calor a atraía, ela dizia que eu era seu sol particular. Eu a deixava nervosa, e agora ela está aqui, reagindo, e livre, pronta para ser minha...não fosse a razão pela qual eu não a podia ter. Maldita maldição lobisomem, me senti rasgar por dentro, meus punhos fecharam me senti esquentar, ia sair do controle, já me sentia estremecer quando fui tirado do foco por ela, seu vulto passando por mim, se lançando precipício abaixo, com os braços para cima, caia como uma gota de orvalho que escorre na relva com o calor da manhã se despedindo da brisa fresca da noite.
Ela exerce um poder sobre mim assim como a primavera sobre a relva selvagem no prado, imperiosa, retumbante, efervescêndo até a mais tímida flor.

Ela submergiu deixando seus cabelos escuros dançando a dança final me hipnotizando até desaparecem completamente.

Congelei temeroso com a visão, desaparecida na água, era como o sonho, eu não pude alcançá-la, meu coração disparou, levei as mãos à cabeça não podia acreditar.

Mas em alguns segundos lá estava ela de volta a superfície, pude ver seu sorriso lá do alto, era o velho sorriso que ali dava as caras, me convocando para me juntar a ela, sem me fazer de rogado joguei-me.

Passamos algumas horas na praia, rindo, eu nem pude acreditar que ela estava assim sem ninguém por perto, sem aquele sanguessuga manipulador, não, aquilo era só meu.
Foram as melhores horas que passei em meses, queria guardá-las em um pote para pegar sempre ele quisesse.

Montamos na moto e fomos para minha casa, meu pai estava na cozinha perdido em uma pequena pilha de papéis e com uma velha caixa de madeira, que ninguém podia mexer, como se ninguém soubesse o que havia dentro.

- Bella, que bom ver você aqui.

- Oi Billy, como é que você está?

- Bem, bem, estou separando os papéis para Alice, tem alguns que não sei ao certo onde estão, preciso encontrar.

- Ah que ótimo, ela vai ficar muito feliz.

- Você confia mesmo neles não é?

- Claro, ela é muito boa no que faz.

- Em que exatamente ela é tão boa? - perguntei - E quais papéis você precisa entregar a ela, o que está havendo?

- Não é nada de mais filho. Ela me convenceu a deixar ela cuidar do meu dinheiro. Bom, é claro que vai ser só uma parte... Vamos ver, ela disse que cuida do dinheiro da família toda e Bella disse que posso confiar.

- E pode mesmo, ela tem tem um dom rsrsrs.

- Quem te viu quem te Billy Black, confabulando com o inimigo.

- Olha como fala Jacob, tudo começou com você para início de conversa. Além do mais os Cullen's são pacíficos, e tem até mais um clã que eles convenceram a ser como eles.

Revirei os olhos, era tudo o que eu precisava um fã clube dos Cullen na minha casa.

Peguei na mão dela e a puxei para fora.

- Vamos ver como está a situação dela.

Lua de açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora