Tupã, deus do Trovão, com a ajuda de Jaci, a deusa da Lua, desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Areguá, no Paraguai, e, deste local, criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento. Tupã, então, criou a humanidade do barro e lhes soprou vida.
Era considerado o mais poderoso dos deuses, até Anhangá resolver desafiá-lo, visto que seu poder era páreo ao do grande Tupã.
Desde o início dos tempos eles são considerados inimigos, Anhangá se tornou o símbolo do submundo, visto por alguns como o "próprio mal".
Para manter o equilíbrio do mundo, Tupã concedeu poderes para os guardiões da floresta, encarregados de protegerem a Terra.
Anos de paz se seguiram, até que Anhangá resolveu desafiar Tupã novamente, abalando a mãe natureza e chamando os guardiões mais uma vez.
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Manaus, Amazonas, 1995
Duas garotas brincavam no quintal naquela tarde. Sara havia se mudado a pouco tempo para a casa ao lado de Carol, mas não demorou para que ficassem amigas. As duas aprontavam juntas, trocavam o sal por açúcar, escondiam coisas para os moradores da rua não acharem, as vezes brincavam de se esconder na floresta, Carol fazia pegadas falsas no chão e enganavam seus pais.
Levavam bronca, por vezes até apanhavam, mas se divertiam juntas.
Carol era do Vale do Juruá, no Acre, descendente indígena dos Nauas, pele vermelha e cabelo liso alaranjado, usava seu vestido verde toda contente, se misturando nas árvores. Sara vinha de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, pele negra de cabelo cacheado, usava um macacão vermelho.
Adoravam a liberdade de andar na floresta próxima às suas casas, a suavidade do vento, era quase como se conversassem com a natureza.
As duas brincavam juntas naquela tarde quando uma tempestade violenta começou, o barulho do trovão era tão forte que parecia que o mundo ia se acabar, enquanto os adultos correram para se abrigar, Carol e Sara olhavam para a direção do som:
— Escutou isso? — perguntou Sara
— Depende.... Será que ouviu a mesma coisa que eu ouvi?
Seus pais chamavam desesperados, algo naquela tempestade era assombroso. Ambas voltaram pra casa com a certeza de que o Trovão havia feito algo diferente do costume: era um pedido de socorro.
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Manaus, Amazonas, atualidade
Nunca mais houve uma tempestade como aquela, os jornais não tocavam no assunto. Sara havia começado a aprender capoeira, sentia que precisava desenvolver habilidades de defesa, pois "algo" estava pra começar. Carol se inscreveu no arco e flecha, gostava de manter distância de tudo e de todos, era a arma perfeita.
As coisas pareciam tranquilas, estudavam na mesma sala, se viam todos os dias, até trocavam mensagens conversando qualquer assunto, as vezes assunto nenhum, quando se deram conta, estavam flertando.
Carol se despediu naquele dia pensando em como se sentia a respeito de Sara, como sempre detestou convívio social, mas aquela amiga era seu porto seguro. Era mais que isso, a palavra "amiga" já parecia pouco para descrever o que ela era. Decidiu lhe fazer uma surpresa na aula de capoeira, foi toda animada assistí-la lutar, não podia prever a horrível tragédia que estava por vir.
Carol chegou correndo ao hospital, viu o senhor e a senhora Pererê conversarem com o médico:
— ...uma lesão grave que comprometa grandes massas musculares e o sistema neurológico representa uma perda irreversível — ele dizia

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Os Guardiões de Tupã
AventuraTupã, o criador de tudo e deus do Trovão, está em guerra com seu arqui-inimigo Anhangá, deus do submundo. Para encontrar o equilíbrio, os guardiões precisam ser convocados.