Fernando de Noronha, Arquipélago de Pernambuco
Pôlo levou Beto e Malu com seu furacão para um dos hotéis do lugar:
— Os deixarei aqui. Quando terminarem, virei buscá-los.
— E como vai saber que acabamos? — perguntou Beto
— Os deuses sempre sabem. — riu Pôlo, em seguida foi embora em seu furacão.
Beto admirava a bela paisagem:
— Que lugar lindo! Meus irmãos iriam adorar isso! — fechou os olhos, abriu os braços pra sentir a brisa. Via a imensidão do mar, respirava o ar, tentando se conectar com o lugar.
Malu resmungava, cruzou os braços. Com certeza era fantástico, mas não estava ali de férias:
— Eu não sei porque me mandaram vir contigo, guri, mas lembre-se que viemos treinar, não curtir.
Beto fechou a cara, pôs a mão na cintura:
— Querida, eu sei muito bem o que viemos fazer, então pode ir sossegando porque gente estressada me estressa!
— Eu não pedi pra vir com você, esses deuses que quiseram isso.
— Sei, sei. Está assim porque não sou o Bóris, né?
— Como ousa? — disse zangada — Até parece que faz diferença, me irritam da mesma forma!
— Se você tá dizendo. — ele deu de ombros — Só não espere que vai pisar em mim como faz com ele sem ter resposta. Eu não sou de levar desaforo pra casa não!
— Eu não tô nem aí! Só não fique no meu caminho, tá bem?
Ela virou a cara, nervosa. De fato, Bóris saberia lhe dar espaço, o pouco tempo de convivência com este novo "colega" já a incomodava por ser escandaloso demais.
O rapaz olhava ao redor, preferia evitar brigas. Viu uma bela mulher com uma roupa vermelha que se destacava de outras pessoas, uma cigana de etnia romani, tinha longos cabelos pretos e exibia belas jóias. Se aproximou devagar:
— Boa tarde! Com licença!
Ela olhou para ele e sorriu:
— Veja o que os ventos trouxeram! Em que posso ajudá-los?
— Eu me chamo Roberto, eu e minha colega chegamos na cidade a pouco tempo e gostaríamos de uma informação.
— Perguntaram à pessoa certa! — ela sorria — Eu já vivo nesse lugar há muitos anos, posso guiá-los para onde quiserem ir.
— É sério?
— E quanto vai custar? — Malu perguntou
— Vocês são turistas especiais, como posso ver. Não os cobrarei por agora.
— Acho que tivemos sorte! — ele se virou para Malu, sorrindo
— Você é muito ingênuo. — Ela revirou os olhos — Acredita mesmo que isso vai ser de graça?
— Bom, sim. Ou fantasmas precisam de dinheiro pra alguma coisa? — Beto sorriu, quase segurando uma risada.
Malu olhava incrédula para ele e para ela:
— Do que está falando?
— Pode me chamar de Cigana. — ela fez uma reverência — estou impressionada com você, rapaz. Como percebeu?
— Eu li um pouco antes de vir, Manoel me emprestou um de seus livros. Em 1738 os ciganos foram banidos para essa ilha, era uma ideia de "limpeza de raça". Poucos são os registros de ciganos ainda existentes no Brasil inteiro, então ou demos muita sorte ou...
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Os Guardiões de Tupã
AdventureTupã, o criador de tudo e deus do Trovão, está em guerra com seu arqui-inimigo Anhangá, deus do submundo. Para encontrar o equilíbrio, os guardiões precisam ser convocados.