Caverna Terra Ronca, GO
Boris Tadeu seguiu as deusas de fogo até uma caverna, era um lugar realmente bonito.
— Muito bem, — Começou Angra — o trouxemos aqui porque assim não terá problemas com incêndios fora de controle.
— Isso mesmo. — disse Tatamanha — se treinássemos a céu aberto em lugares com muita vegetação haveria risco das chamas se alastrarem.
— Compreendo. — ele disse ajeitando os óculos — Nós podemos esperar pela Malu? Ela tinha muita vontade de aprender a controlar os poderes...
— Ela está com Rudá, — disse Angra — Nós iremos guiá-la assim que vier.
— Eu sei...
Ele ficou calado, pensativo.
— O que foi? — Tatamanha se curvou, olhava pra ele diretamente, o que o deixou um pouco constrangido
— Bom... Antes de começar, gostaria de entender minha "ligação" com fogo... Por que me sinto atraído pelas chamas?
— Entendi. — Tatamanha sorriu — Ver duas mulheres de fogo te deixa um pouco balançado.
— Não foi o que eu disse... — ele virou o rosto
— Isso é marca do seu guardião. — respondeu Angra, ela sentou em uma pedra, cruzou as pernas — Boitatá, outro nome para "fogo fátuo". Você pode sentir um incêndio de longe.
— E quanto a Andurá? — perguntou ele — Vocês criaram ela?
— Não. — respondeu Tatamanha — Foi um presente de Jaci, a Mãe Lua, em compaixão a Anahí, uma índia que sacrificou a própria vida para salvar uma árvore de Ceibo, também chamada de corticeira, árvore-de-coral ou crista-de-galo.
— Anahí?
— Anahí, a bela flor do céu, era uma indígena que gostava de cantar. Não era muito formosa em sua aparência, mas era amada por todos. Um dia, conquistadores espanhóis invadiram suas terras e prenderam os nativos. Anahí conseguiu fugir e libertou diversas crianças, mas o sentinela a viu e travaram uma luta. Anahí saiu vitoriosa, mas os outros soldados a prenderam, amarrando em uma árvore sendo condenada a morte pela fogueira. Mesmo presa, não teve medo, pediu ajuda aos deuses, então no meio das chamas, a mulher se tornou uma bela flor cor de rubi, o que assustou e espantou os invasores, e assim salvou seu povo. Essa lenda é conhecida no Brasil, Paraguai e Argentina, onde a árvore de Ceibo floresce.
— Então foi isso que eu vi?
— A árvore de fogo, Andurá, tem o espírito de Anahí. — disse Angra — As preces dela foram ouvidas, então Jaci e Anhangá criaram essa árvore como símbolo de sua bravura, ela sempre aparece na lua cheia como aviso de incêndio.
— Foi assim que encontrei a Malu. — disse Boris — Andurá me guiou até a igreja em chamas. — ele assentiu, depois balançou a cabeça — Peraí... Anhangá? Não é contra ele que vamos lutar?
Tatamanha cruzou os braços e encarou Angra, que levou as mãos a boca:
— Acho que falei demais...
— O Anhangá não era o "coisa ruim"?
— É... Complicado. — disse Angra — Ele é um protetor da floresta... Só é um pouco... "Extremo". Nós preferimos ficar ao lado de Tupã.
— Vocês podiam ser mais específicas. — ele arqueou a sobrancelha — O que exatamente esse Anhangá faz?
— Nós fomos instruídas a te ensinar sobre o poder de fogo. — disse Angra — Mas aqui entre nós... — ela chegou mais perto para sussurrar — Você precisará do treinamento com seu guardião. Como se trata de uma cobra, poderá falar com Sukuyu'wera, protetora das águas e senhora de todas as cobras.
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Os Guardiões de Tupã
AdventureTupã, o criador de tudo e deus do Trovão, está em guerra com seu arqui-inimigo Anhangá, deus do submundo. Para encontrar o equilíbrio, os guardiões precisam ser convocados.