Salão Divino dos Deuses, Goiás
Amanheceu, os sete acordavam em seus aposentos. Carol, Sara e Iago esfregavam os olhos pra ter certeza de que era real.
— Bom dia, dorminhocos! — Aruanã, deus da alegria, chegou gritando — Levantem-se! Hoje é lindo dia pra perder dormindo!
Malu acordou emburrada, não entendia como alguém acordava tão disposto assim. Manoel já estava acordado e havia arrumado sua cama, como sua avó sempre o ensinou, fazia tempo que não dormia bem assim. Beto ainda estava largado, de bruços. Aruanã se aproximou dele com enorme sorriso:
— Acorda! — gritou
Ele virou pro lado:
— Mais cinco minutos, Cida...
Quando disse isso, se lembrou de onde estava, sentou-se.
Aruanã comemorava, só faltava Bóris, que havia deixado os óculos de lado. O deus foi até ele todo alegre:
— Borissss! O café está servido!
Ele reagiu, tateou a cama procurando os óculos, Aruanã os entregou:
— É isso que quer?
— Eu agradeço. — disse os colocando em seu rosto, se levantou.
Sara estava olhando pra ele, cochichou pra Carol:
— Pra quê ele tá usando óculos escuros aqui dentro? Se fossem de grau até entendia.
— Não pense muito nisso. — Malu comentou enquanto passava por elas — esse guri é muito estranho.
— Não é maldade tratar seu amigo dessa forma? — perguntou Sara
— Eu não tenho amigos. — respondeu Malu — Ele é no máximo um cara esquisito que pode me ajudar, por isso ando com ele.
Ela continuou andando, Carol observava todos em volta. Queria acreditar que poderiam ser todos amigos, era apenas questão de tempo.
Foram guiados a uma enorme mesa de café da manhã com bolo de arroz, broa de milho e fubá, bolo de milho, canjica, pastelzinho de Goiás, empadão goiano, bolo de fubá, pão de mandioca, requeijão, biscoito frito, biscoito de queijo, pão de queijo, pamonha assada, pamonha frita, omelete de queijo, suco de frutas do cerrado (cagaita, coquinho-azedo, mangaba e araticum).
Era diferente do que estavam acostumados, já que cada estado possui suas particularidades. Bóris foi o primeiro a avançar, seguido pelos outros. Beto sentou a mesa, começou a se perguntar como seus irmãos deviam estar. Naquele horário já sabia que o pai não estava em casa, Cadu havia feito seu café. Queria poder compartilhar a fartura dos deuses com sua família, mas estavam a quilômetros de distância dali. Olhava as jarras de suco, eram diferentes.
— Será que não tem de cupuaçu?
— São de frutas do cerrado. — comentou Manoel — eu não apostaria muito nisso.
Beto decidiu comer. Seu pai ficaria preocupado se soubesse que estava diante de tanta coisa e se sentindo culpado por comer bem. Não deixava de reparar como Bóris devorava qualquer coisa.
— Me lembra de nunca virar um peixe perto desse cara. — comentou
Manoel esboçou um sorriso. Era divertido estar acompanhado no café, geralmente era só ele e a avó.
Sara e Carol eram acostumadas a tomar o café juntas, pois sempre iam na casa uma da outra:
— Se lembra de quando éramos crianças? — comentou Sara
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Os Guardiões de Tupã
MaceraTupã, o criador de tudo e deus do Trovão, está em guerra com seu arqui-inimigo Anhangá, deus do submundo. Para encontrar o equilíbrio, os guardiões precisam ser convocados.