O Canto da Iara

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Cachoeira das Sete Quedas, Tianguá, Ceará

Malu, Bóris e Iago chegaram a uma belíssima cachoeira de água límpida. O rapaz de cabelos esverdeados ficou encantado com a beleza do lugar, mas Malu tinha pressa:

— Não viemos curtir a paisagem, então apressa o passo.

— Calma, já estamos andando há um tempo! — ele disse — Uma pausa não vai fazer mal.

— Estamos em missão de resgate, todo tempo é precioso! — ela disse se irritando — Não sabemos o que esses deuses idiotas podem fazer com a garota!

— Eu também me preocupo! — Iago cruzou os braços — Mas se chegarmos cansados não vai ser de muita ajuda!

— Fica pra trás se quiser! — o rosto dela se incendiou, Iago deu um pulo, ficou tenso, suas mãos tremiam, os olhos arregalados.

— Pega leve. — Bóris pôs a mão no ombro dela, pedindo calma — estamos todos do mesmo lado aqui.

Ela virou o rosto na direção dele e não mão depositada em seu ombro, rapidamente ele a tirou, um tanto sem graça. Malu voltou ao rosto normal, virou de volta para Iago:

— Não vou te fazer nada, guri. Não precisa ficar assustado.

Ele assentiu, um pouco trêmulo.

— Você tem algum problema, Iago? — perguntou Bóris.

— Medo de fogo... — ele respondeu ainda nervoso

— Então escolheu a dupla errada. — Malu deu as costas e continuou andando.

Bóris ajeitou os óculos, sua expressão ficou mais séria:

— Alguém usando fogo de forma indevida, certo?

— Pode se dizer que sim... — ele suspirou, desviando o olhar, os braços junto ao corpo — Não costumo falar sobre isso...

— Entendo. Mas não se preocupe, enquanto eu estiver por aqui, nada de incêndios. — ele esboçou um sorriso e fez um joinha com a mão

— Se os dois não se apressarem vão ficar pra trás. — Malu resmungou, voltaram a andar.

Um som muito estranho começou a tocar, quase como se vários pássaros se comunicassem, mas somente um deles surgiu, pequeno de penagem preta e detalhes amarelos. Iago sabia exatamente o que significava:

— Acho que vocês vão ter que ir sem mim. — ele disse

— Algo errado? — perguntou Bóris

— É o João Xexéu Japiim! Ele veio tentar tomar meu canto!

— Então podemos assar esse franguinho. — disse Malu alongando os braços

— Não! Vocês precisam ir achar a Carol!

— Não tem que lutar sozinho. — disse Bóris

— Eu agradeço, mas não é só isso... — suspirou — Se usarem seus poderes de fogo eu vou perder a concentração... Por favor, confiem em mim, alcanço vocês depois.

— Toma cuidado. — Bóris assentiu

— Então partiremos. — disse Malu dando as costas — Prometa que vai nos encontrar.

— Eu prometo. — ele sorriu, sabia que a garota não era de todo mal.

Os gaúchos seguiram em frente, Iago encarava o pequeno pássaro:

— Eu já entendi que é você! Enfrente-me como homem!

Japiim se transformou em sua forma humana, um rapaz negro, careca que vestia um sobretudo preto e detalhes em amarelo:

Os Guardiões de TupãOnde histórias criam vida. Descubra agora