O Morro do Pico

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Praia do Sueste, Fernando de Noronha

Eles continuaram sua pesquisa a respeito da Alamoa, descobriram que os antigos detentos contavam que nas vésperas de tempestades, quase sempre à meia-noite, aparecia na praia o vulto da bela mulher dançando ao som do bater das ondas, iluminada pelos relâmpagos. Seus pés pareciam não tocar no chão e sim flutar na areia. É uma figura realmente atraente que seduz homens, os engana dizendo que quer ajuda para recuperar um tesouro, depois disso, sua caverna se fecha e apenas gritos de terror são ouvidos. Malu e Beto marcaram de se reencontrar em um restaurante para almoçar e juntar as informações que tinham, sentaram à mesa com suas anotações. Terminado, ela comentou:

— E alguém disse uma forma de derrotá-la?

— Ninguém pra quem eu tenha perguntado... — suspirou Beto 

— Então teremos que ir na força bruta. — ela socou a palma da mão

— Mas e se for intangível? — ele jogou a cabeça pra trás, ainda sentado na cadeira — Não podemos só aparecer lá e torcer pra dar certo...

— Os fantasmas devem saber. Tem visto a Cigana?

— Deve estar na cabana dela, onde tem um cajueiro. Fica no caminho de Sueste, não é longe daqui.

— Então vamos fazer uma visita. Alguém que mora aqui a tantos anos deve saber como lidar com a Alamoa.

Beto ficava preocupado com aquele tom de voz agressivo de Malu. Ela sempre preferia treinar sozinha na praia, mas o rapaz estava disposto a tentar "alcançá-la" de alguma forma. 

— Você realmente parece afim de lutar, não é?

— Só quero acabar logo com isso e voltar.

— Voltar pra casa ou pro salão dos deuses?

Ela fechou a cara. Terminou de comer e se levantou da mesa. Beto se apressou para ir atrás dela:

— Por que isso te irritou?

— Sua voz já me irrita. Não tem um momento onde fique quieto?

— A gente estava conversando numa boa até agora! Se for pra brigar, eu preciso me defender!

Ela seguiu, ele segurou o braço dela:

— Isso é por que eu perguntei pra onde quer voltar? Foi isso que te irritou?

— Me solta! — disse puxando o braço pra si

— Ficar fugindo das coisas não vai resolver nada! 

— Não estou fugindo. Eu quero voltar e matar meu pai. É para isso que quero voltar. Feliz? Respondi sua pergunta?

— Claro que não! Garota, não pode deixar esse pensamento invadir sua mente toda vez! 

— Me deixa em paz!

— Se não falar sobre isso, vai acabar explodindo! 

— Não é da sua conta!

— Eu tô tentando te ajudar, mas você não deixa eu me aproximar!

— Ninguém pode me ajudar! — ela gritou, o rosto incendiou novamente.

Beto deu um passo pra trás, mas não recuaria dessa vez. Estendeu a mão:

— Posso sim. Mas não vou conseguir fazer isso se não aceitar ajuda...

— E o que você pretende fazer? Vir com discurso de "deixa pra lá"? De "não se torne uma assassina"? "Não cometa essa barbaridade"? Me poupe! 

Os Guardiões de TupãOnde histórias criam vida. Descubra agora