Planejando a viagem

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Manaus, Amazonas

Sara e Carol passavam seu tempo na mata após a fisioterapia. Enquanto uma se concentrava no vento, a outra meditava na floresta, tentando ouvir as plantas. A brisa suave mexia nas folhas das árvores, toda a natureza reagia àquelas duas garotas, as aves voavam em volta delas, foi quando apareceu um homem vindo dos céus. As garotas esfregaram os olhos, incrédulas do que acabaram de presenciar.
— Você viu isso? — Sara sussurrou
— Eu ia te perguntar a mesma coisa. Estou sonhando?
— Se estiver, sonhamos a mesma coisa...
Se aproximavam devagar, Carol imediatamente se pôs a frente de Sara, levantou os punhos:
— Quem é você? — ela perguntou
Olhavam de cima a baixo, era um indígena alto, forte, longos cabelos pretos, usava um cocar que se estendia pelo cabelo, tinha várias pinturas pelo corpo, algumas penas amarradas nos pulsos e nos tornozelos:
— Eu sou Pôlo, Deus dos Ventos. Senti a garota tentando se comunicar.
— Então... Era o senhor que falava comigo através do vento? — Sara perguntou
— O vento se comunica por ele mesmo. Eu o controlo como elemento da natureza, desde a mais gentil brisa até a mais furiosa tormenta. Os ventos deixam uma essência que que toca em nós como se algo fosse ativado nas profundezas de nossa alma, como se fosse uma antiga canção. Eu já as ouvi assobiar algumas vezes, consigo sentir que são as escolhidas de Tupã.
Elas se entreolharam, Carol baixou os braços:
— O que isso quer dizer?
— Estamos enfrentando tempos difíceis, então Tupã, o grande deus do trovão, concedeu o poder dos Guardiões da Floresta para os jovens de coração valente desta forma podem nos ajudar a restaurar o equilíbrio.
— Só um momento! — disse Sara — Está dizendo que nós fomos "escolhidas"?
— Exatamente. Estão começando a despertá-los agora, mas tenho certeza de que já sentiram pequenas manifestações antes, não é?
Elas se olharam. Isso explicava o som do trovão no dia da tempestade. Realmente era alguém "falando" com elas.
— Senhor Pôlo, — disse Sara — O que precisamos fazer?
— Eu vim hoje como mensageiro, devo convidá-las ao nosso Paraíso Sagrado, onde todos os guardiões vão se reunir e receber as instruções.
— "Paraíso"... — repetiu Carol, pensativa — Foi o que as plantas disseram... Isso é um lugar no céu? Precisamos fazer algum "ritual" ou...
— Não, não. — riu Pôlo — Venham ao Alto Paraíso de Goiás. Quando chegarem lá, serão guiadas ao Jardim de Maytrea, na Chapada de Veadeiros.
— Goiás? — perguntou Sara — E como espera que a gente vá pra outro estado tão longe?
— Vocês, mortais, tem seus meios. Afinal, nenhuma de vocês duas é nascida aqui, correto?
— Mas é diferente! Eu saí do Rio Grande do Sul com meus pais, com condições de vir morar aqui. Está nos dizendo pra fazer uma viagem sem previsão de volta!
— Relaxa. — Carol pôs a mão no ombro dela — Também vim de longe, nasci no Acre. Não estará sozinha, nós duas vamos viajar.
— E o que vamos dizer aos nossos pais?
— Nós somos maiores de idade, Sara. Eles vão entender se nós quisermos um tempinho pra nós.
— Mas em Goiás?
— Seus pais confiam em mim. — ela segurou as mãos da outra — Eu falo com eles. Não vou deixar nada de ruim acontecer com você.
— Bah... Isso eu sei... — Sara virou o rosto, corada — Mas uma viagem repentina como essa...
— Nós ainda vamos planejar isso direito. — Carol sorriu, confiante
— Já terminaram? — Pôlo cruzou os braços, batendo o pé — Já lhes dei as informações, agora estará por conta de vocês. Tupã as espera.
— Pode contar conosco. — ambas sorriram
Pôlo tomou impulso e voou, guiado pelos ventos. Elas foram para casa planejar a viagem.

Os Guardiões de TupãOnde histórias criam vida. Descubra agora