Jardim de Maytrea, GO
Pôlo levou Sara até um campo aberto, onde pudesse sentir o vento:
— Este será nosso campo de treinamento. Estamos cobertos com uma aura divina, portanto, humanos comuns não verão o que vamos fazer. Dito isso, não quero que se segure, precisa dar tudo o que tem.
— O que exatamente eu devo fazer, senhor Pôlo?
— Sua principal habilidade é o controle dos ventos. Primeiramente me mostre o que sabe fazer, então partimos daí.
— Está bem.
Ela se concentrou, já havia feito isso mais vezes, e embora ficasse mais fácil, ainda era um esforço enorme. Pôlo a observava com a mão no queixo. O furacão começou a se formar, mas não durou muito tempo. O deus respirou fundo:
— Você entendeu o conceito, mas ainda não tem técnica. Imagine que seu oponente não ficaria parado esperando você terminar de criar esse furacão. Você já estaria no chão antes de conseguir.
— E como eu faço pra melhorar isso?
— Vamos sentar. — disse ele enquanto se sentava na grama
— Ok.
— Primeiro precisa entender que o vento faz parte de você. Vou usar como exemplo essa sua perna. Ela não é originalmente do seu corpo, correto? Como fez para que passasse a ser?
— Bom, muitas sessões de fisioterapia, eu diria.
— Me conte mais.
— Achei que os deuses sabiam das coisas...
— Esquece que sou um deus e me conte da perna. Fará sentido depois.
— Bom, eu fortaleci os músculos da perna boa, dos braços e do "cotoco" que eu tinha. A prótese foi ligada aos meus nervos e eu fui fazendo várias sessões até conseguir andar sem o auxílio de muletas.
— Muito bom. — disse ele — Pra começar, quero que use isso. — ele jogou um pedaço de pano vermelho pra ela
— O que é isso?
— É chamado de "gorro do saci". Será como suas "muletas". Use até aprender a controlar sozinha.
Ela pôs o gorro na cabeça, então ele se levantou:
— Tente mais uma vez.
Ela começou a se concentrar, rapidamente o furacão se formou:
— Que incrível!
— Cuidado pra não depender dele. Esse era um erro muito comum que os Sacis cometiam, então quando perdiam seus gorros, perdiam também os poderes.
— Por que fica falando sobre Saci?
— Eu creio que é um conto popular do nosso país. Você sabe do que se trata.
— Bem, Saci é um guri negrinho com uma perna só e... Travesso... E... Anda num... Furacão... Espera aí!
— Acho que compreendeu o que ocorre aqui.
— É isso que significa ser um guardião? Eu sou um tipo de Saci?
— Podemos colocar dessa forma. Assim que aprender sobre a essência dos ventos, sua próxima lição é para se conectar com seu guardião, e então o treinamento vai começar pra valer.
Ela tirou o gorro, o olhava, passava a mão para sentir o tecido. Não conseguia parar de se perguntar como Carol estava indo. Respirou fundo, pôs o gorro de volta:
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Os Guardiões de Tupã
AdventureTupã, o criador de tudo e deus do Trovão, está em guerra com seu arqui-inimigo Anhangá, deus do submundo. Para encontrar o equilíbrio, os guardiões precisam ser convocados.