A reabilitação de Sara havia começado. Antes da perna mecânica chegar, ela fazia exercícios para fortalecer seus músculos. Carol a acompanhava na fisioterapia todos os dias. Era uma situação delicada, Sara tentava ser forte, mas era difícil aceitar sua nova condição.
— Você não precisa ser forte o tempo todo. — Carol lhe dizia — Eu estou aqui pra te ajudar no que precisar.
— Eu te agradeço, mas não quero atrasar sua vida... Não precisa me acompanhar sempre...
— Estou fazendo isso porque eu quero. — Sorriu Carol — Eu jamais te abandonaria numa hora como essa.
Sara praticava seus exercícios de fortalecimento muscular dos braços (importantes para o uso das muletas quando ainda não estiver com prótese), da perna preservada (para sustentar o corpo) e do coto da perna amputada (importante para a colocação da prótese), e foi durante um deles que algo estranho aconteceu.
Ela se sustentava em pé, tentando ter equilíbrio. Carol ficava por perto para pegá-la caso caísse, mesmo com a insistência de Sara em dizer que não era necessário:
— Eu preciso aprender a me virar!
— Eu só não quero que se machuque!
— Eu já fico em pé sozinha!
— Eu sei disso, Sara... Só quero te ajudar...
— Me ajuda mais se não tentar me proteger o tempo todo. Eu sou grata a tudo o que tem feito, mas eu preciso provar a mim mesma que consigo.
— Sara...
A morena se sustentava em uma perna só, se concentrava para tentar se locomover, mas algo mais estava acontecendo: fortes ventos começaram a abrir as janelas subitamente, pareciam vir de todas as direções:
— O que é isso? — perguntou Carol, assustada
Sara estava em pé, concentrada. Os ventos pareciam se unir onde ela estava, em volta de sua perna eles começaram a circular, até que formaram um pequeno furacão, que suspendeu Sara do chão:
— O que é isso? — gritou Carol — Você está fazendo isso?
Sara parecia estar com a mente longe dali, quando percebeu o que estava fazendo, se assustou:
— AI CARAMBA! EU TÔ VOANDO??
— Sara! — gritou Carol
Os ventos sumiram subitamente, a menor correu para segurar a amiga e impedir que caísse com tudo no chão. Ambas estavam assustadas:
— O que foi isso? Como fez isso?
— Eu... Eu não sei! De repente eu senti algo dentro de mim... Não sei explicar...
— Acha... Acha que consegue fazer de novo?
— Posso tentar...
— Não vem dizer pra eu me afastar. — riu Carol — Se algo acontecer eu prefiro estar aqui pra pular no olho do furacão.
— Veremos. — riu Sara — Mas não acho que os ventos queriam me fazer mal... Eles pareciam... Me ajudar.
— O vento queria te ajudar?
— Lembra quando tivemos a conversa sobre o Trovão?
— O vento também está "conversando" com você?
— Eu sei que soa idiota, mas...
— Claro que não! É incrível! Todo esse contato com a natureza é tão... Nossa!
— Não me acha maluca?
— Eu tenho é inveja! — Carol riu — Eu amo biologia, os animais, a natureza! Se o vento falasse comigo eu ía pirar!
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Os Guardiões de Tupã
AdventureTupã, o criador de tudo e deus do Trovão, está em guerra com seu arqui-inimigo Anhangá, deus do submundo. Para encontrar o equilíbrio, os guardiões precisam ser convocados.