ღ CAPÍTULO 37 ღ

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Beatriz

      UM SEGUNDO BEIJO.

      Quando me vi construindo muros ao meu redor novamente, que me impediriam de dizer o que tanto ansiei durante esses últimos dias, senti que precisaria fazer algo a respeito antes que me afundasse no turbilhão de palavras e pensamentos que estavam a me cercar.

      Dizer a frase que Shakespeare um dia escreveu para Dante, parecia ser o mais correto para o momento e certamente o foi, pois nos trouxe para o agora.

      Sua mão enlaça a minha cintura trazendo-me para mais perto na tentativa de selar nossos corpos ainda mais, transformando-os em um só. Nossos lábios dançam uma dança ao som de uma música que só pertence a nós. Diferente do beijo que ocorreu naquela sala de aula, onde tudo o que eu sentia estar passando por nossos corpos era apenas desejo, neste me vi mergulhando de cabeça em um oceano azul conhecido por mim. Fui fisgada por um beijo calmo e carregado do sentimento que mais temi desde os meus sete anos de idade.

      Era amor!

      Meu corpo estava a gritar.

      Minha alma estava a gritar.

      E após tantos anos, meu coração estava a gritar a plenos pulmões!

      A sensação de estar completamente imersa na água ao sentir os lábios de Dante nos meus fez meu coração se encher, voltando a vida que não o habitava mais. Sinto minhas pernas perderem as forças quando a mão livre de Dante sobe pela pele exposta das minhas costas e alcançam os meus cabelos aprofundando ainda mais o beijo. Sua língua aproveita a oportunidade que surgi para invadir minha boca e explorar os cantos mais impensados. Os pelos que envolvem toda a minha pele se eriçam quase que imediatamente, respondendo ao ato.

      Toda a estabilidade que restava em meu ser se evapora ali e sou obrigada a me apoiar levantando o braço rumo ao seu pescoço, mas sou impossibilitada ao notar uma espécie de mochila em suas costas. Ainda com a falta de firmeza nos joelhos e sem separar nossas bocas, consigo finalmente em encontrar algo em que me apoiar. Agradeço aos céus por nos permitir que o momento se prolongue.

      Quando a sensação de falta de ar começa a se fazer presente, Dante encerra o beijo afastando nossos lábios. Sei que por eles, não desgrudariam nunca mais e talvez parte de mim também desejasse ardentemente que isso ocorresse.

      Ainda com nossos rostos próximos e com nossas respirações ofegantes se mesclando, sorrio involuntariamente ao notar minha mão sobre seu peito, sentindo seu coração pulsando em minhas mãos.

      O coração que me pertence...

      — Não é preciso usar sempre as palavras. — Sussurro me contendo para não cair na tentação de seus lábios novamente.

      — Precisa deixar de usá-las mais vezes, Cline. — Dante sorri ao dizer.

      — Hey, preciso manter minha pose de durona e sem coração, lembra?

      — Eu não devia ter dito aquilo. — Balbucia. Há uma certa tristeza em sua voz.

      — Está tudo bem, Dante. — Digo enquanto deposito minha mão sob suas bochechas e ergo o rosto para encarar os seus olhos.

      Os malditos olhos azuis...

      — No final das contas quem estava certo era você. Na verdade, sempre esteve. Desde aquele primeiro beijo na escola.

      Confesso sentindo um rubor subir pelas minhas bochechas e agradeço as folhas pequeninas da grande árvore que impedem a luz de passar por completo, nos deixando em um ambiente com aparência escura e repleta de pontos de luz que ocupam muito bem o lugar das estrelas. Seria mágico, se não fosse um tanto assustador demais.

      Dante leva a mão até o meu queixo e o segura com delicadeza.

      Estando tão próxima dele sinto-me quase incapaz de respirar como se algo estivesse me sufocando, quase penso que talvez haja sim alguém com a mão envolta em meu pescoço afim de justificar isso logo de uma vez, mas como se apenas sua presença não fosse o suficiente, duas esferas azuis avaliam todo o meu rosto até chegar em meu coração.

      Talvez eu esteja passando mal aqui...

      — Se não fosse por você, nada disso teria acontecido. — Pronuncia calmamente.

      Céus!

      Se ele me beijar novamente, eu temo não suportar todas essas borboletas que se avolumam em meu estômago, batendo as suas asas de forma enlouquecedora.

      Seja o que for isto, sei que é doloroso!!

      — Beijo tão bem assim? — Brinco sem saber de onde isso saiu.

      — Você não imagina o quão bom é.

      Dante se afasta me guiando de volta para onde me encontrava sentada e nos sentamos ali. Um ao lado do outro como fizemos para realizar o trabalho do Sr. Sccuder. Só quando ele acomoda a mochila que estava em suas costas ao seu lado vejo que se trata de seu violão.

      — Bem que poderíamos estar embaixo de uma linda cerejeira em seu auge da florada, não? — Começo imaginando a cena belíssima em minha mente. Tomando uma dose invisível de coragem, encosto minha cabeça nos ombros cobertos por uma jaqueta preta. — Com lindas flores rosas caindo sobre nós, perpetuando o momento para toda a eternidade.

      — Acho que isso foi demais, Cline. — Dante diz rindo baixinho como só ele é capaz de fazer. Seu braço passa ao redor de meu corpo, me puxando para si como se fosse algo que sempre fizemos. Porém, não questiono e nem me afasto. Além de livrar as minhas pobres costas do tronco duro, me sinto de uma forma mais segura ao sentir o mesmo perfume com fragrância amadeirada de Dante me envolver.

      — O que foi? — Questiono.

      — Você está romântica demais para o meu gosto. Sem dizer que está sendo bem clichê. — O cutuco com o braço.

      — Eu sempre fui bem romântica. — Faço questão de o corrigir. — Você mesmo quem disse. Meus livros, lembra? — O vejo assentir ao meu lado.

      — A nossa história daria um bom livro. — Diz entrelaçando nossos dedos. Discordo com a cabeça.

      — Sou obrigada a negar. Você acabou com qualquer clima me beijando logo na primeira vez que nos vimos. Nem rolou a química.

      — Diga isto por você, Cline.

      Dante fala me fazendo virar o rosto para encará-lo. Sou surpreendida com um par de sobrancelhas arqueadas de forma sugestiva. Seus olhos me instigam a dizer a verdade como se eu estivesse na beirada de um penhasco e ele nas águas revoltas que se encontram no final do mesmo.

      Droga!

      Quem eu estou querendo enganar, afinal!?

      — Retiro as minhas palavras, Dante Hawthorne. 

AMORES ETERNOS - A História de Dante e BeatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora