Beatriz
NÃO SABIA O QUE ESTAVA FAZENDO. Ainda continuo sem saber o que estou fazendo, apenas sei que é algo que precisa ser feito. E isto me levou a estar agora em frente a porta da casa de Dante, esperando nervosamente enquanto torço para que ele esteja em casa.
Minhas botas batem levemente apressadas sobre o piso de carvalho da entrada, um tique irritante que quase me leva a não perceber que uma mulher já abriu a porta e me encara paciente com olhos cinzas bastante avaliadores. O cabelo marrom escuro perfeitamente cortado a altura dos ombros no estilo chanel e a postura ereta que exala confiança me dizem que ela pode ser apenas uma pessoa.
— Boa tarde, Sra. Hawthorne. — Sorrio educadamente. — Poderia avisar ao Dante que eu gostaria de conversar com ele?
— Boa tarde, você deve ser a Cline, certo? — Diz com uma expressão bem mais simpática do que eu poderia imaginar.
— Err... Sim. Beatriz Cline, na verdade. — Digo sem disfarçar o meu estranhamento.
Como ela sabe meu nome?
Será que Dante contou a ela sobre o trabalho?
Isso não me parece muito uma atitude que Dante faria...
Mas o que estou fazendo agora não é uma atitude que EU faria!
— Ah, entre! — Pronuncia animada. — Espero que não se incomode por Alicia ter me falado de você. E de seus irmãos, é claro. — Diz se posicionando ao lado da porta me dando passagem, fazendo com que a minha inútil esperança de conversar com seu filho aqui fora se evapore completamente pelos ares. — Ela nomeou você como a garota diferente que estava com Dante. Achei bem criativo, não acha?
— Imagina, não me incomodo Sra. Hawthorne.
— Que bom! Mas pode me chamar de Roxanne. — Diz com um enorme sorriso. — Dante está em seu quarto lá em cima. Segunda porta à direita, caso não se lembre.
Agradeço a ela e subo para o andar de cima com passos incertos.
Então ela já sabia que estive aqui?
Espero que saiba o que eu estava fazendo também...
Roxanne Hawthorne não parece em nada com uma advogada se eu retirar toda a sua postura, jamais pensei que ela pudesse ser tão alegre e animada. Mas, há algo em seu olhar que me diz que ela também pode adquirir uma personalidade forte e séria em um piscar de olhos se assim for preciso. Bom, uma boa educação eu tenho certeza que Dante recebeu.
Paro em frente a porta e tomo folego como se estivesse prestes a mergulhar em um oceano gigantesco com águas gélidas e turbulentas.
O som do vilão sendo dedilhado escapa pelos vãos da porta, tento identificar alguma melodia, mas falho. Penso seriamente em não atrapalhar o que quer que seja que Dante esteja tocando, porém minhas mãos são bem mais ágeis que meu cérebro e acabam agindo antes que ele possa interrompe-las.
O som cessa assim que duas leves batidas na madeira são notadas.
Meu coração dispara no momento em que a maçaneta gira e um Dante de cabelos bagunçados aparece na porta arregalando discretamente os malditos olhos azuis em pura surpresa.
Se a minha vida fosse um desenho clássico antigo, está seria a hora em que o meu coração poderia ser visto saltando no peito enlouquecidamente.
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AMORES ETERNOS - A História de Dante e Beatriz
Romance"Nota mental: O amor nos faz sofrer. O amor nos faz cair. O amor não existe para mim." Beatriz Cline não acredita no amor. Mas, e você? Você acredita no amor? Beatriz Cline não acredita no amor. Os motivos que a levaram banir esse sentimento de sua...