ღ CAPÍTULO 22 ღ

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Beatriz

ADAM MORREU. Isto é o que foi necessário para que Dante deixasse de se prender aos rótulos que todos lhe impõem e começasse a aproveitar a vida. De um modo peculiar, eu admito.
Mas me pergunto:
O que será necessário para que eu deixe de me importar com o que podem dizer sobre mim?
Alguém próximo a mim tirar a própria vida, assim como aconteceu com Dante?
Me nego a pensar em hipóteses semelhantes a essa.
Uma realidade cruel demais para sequer pensar. Uma realidade em que Dante teve que passar. Sozinho. Acompanhado apenas por lembranças horríveis de se ter na cabeça.
Ele se abriu para mim ontem como, desconfio, nunca havia feito antes.
Isso tudo. O trabalho e tudo mais, já estavam mexendo demais comigo. Agora, após saber o que o leva a agir assim tão... impulsivamente vivo, estou tão enrolada em meus próprios pensamentos quanto um novelo de lã.
Foi isto que o levou a me beijar aquele dia?
Será que ele sempre faz isso com as garotas que acaba de conhecer?
Este seria o modo dele viver a vida?
Ao julgar pelo que dizem a respeito do perfeito Sr. Hawthorne, certamente deve ser este o modo que encontrou para curtir a vida.
Céus, olhe só o que estou fazendo!?
Devo parar de associar o que dizem sobre o Dante com o Dante que me deixou conhecê-lo ontem. Apesar de se tratar do mesmo ser humano de malditos olhos azuis assombrosos, não são mais, para mim, as mesmas pessoas. Simplesmente não são.
Nem eu sei dizer quem sou mais!
Não depois de ter saído daquela casa.
Vejo só, este sábado amanheceu tão lindo lá fora, com o sol já quente o suficiente para se adquirir um belo bronzeado a quem deseja e eu estou aqui, dentro do meu humilde quarto, com o meu ventilador ligado ao máximo, tentando inutilmente esfriar a cabeça para que alguma história nova floresça em minha cabeça. Algo impossível enquanto eu não parar de lembrar-me do dia de ontem.
Me dirijo até o guarda-roupa e pego a pilha de cadernos guardados ali. Espalho todos eles pela cama e sento-me em meio a eles.
Cada um desses conjuntos de folhas agrupadas contém uma parte de mim. Um mundo inteiro de histórias em meras folhas de papel.
Todos, escritos pela garota confusa sentada em sua cama ao invés de estar lá fora se divertindo com a sua família em uma bela manhã precoce de pré-verão.
Observo cada um e as palavras de Dante chegam aos meus ouvidos.
"Como pode escrever romances se não acredita no amor, Cline?"
Sim, eu sei o quanto isto é contraditório, e não precisava dele para me dizer isso. E como respondi a ele, e apenas escrevo o que as pessoas possam vir a gostar.
- Eu escrevo para as pessoas, não para mim. - Minha voz ecoa pelo quarto vazio, derretendo no calor presente no cômodo.
Este é o motivo que grita o quanto eu não sou uma boa escritora, pois tenho certeza que, sou eu quem deve acreditar em minhas palavras primeiro, para que só depois, elas se tornem capazes de transmitir magicamente algo a quem as lê.
Viva para si, Beatriz Cline.
É isto o que Dante quis me dizer.
Porém, eu nem mesmo sei o que está a desenrolar entre mim e ele, se é que algo está a ser desenrolado nesta divina comédia que é a vida.
Atração!
É inumano uma garota como eu, com a mente sã, espero eu, não se sentir atraída por Dante.
Em todos as relações, que claramente são poucas, mesmo eu contando a que tive com Jordan, eu nuca senti nada além disso.
Desejos da carne.
Meu corpo é quem deseja, sempre foi assim.
Bom, isso foi até a revelação dessa história do passado de Dante...
Estou impossibilitada de cessar essa sensação que evolui para o desconhecido, da mesma forma que sequer consigo escrever isso tudo, não só as minhas histórias ficcionais, mas principalmente, a minha história e o que estou a sentir.
O que me leva a refletir...
A uma frase que conheço e ela diz:

"Muito pouco ama, quem com palavras pode expressar o quanto muito ama."

Isso é assustador!
E o medo começa a correr feito louco pelas minhas veias.
O que considero normal, pois me leva a esbarrar em unicamente duas opções:
1) Continuo firme em meus princípios em não o amar.
Amar ninguém, para ser mais abrangente.
Ou...
2) Algo extremamente muito pior e indesejável para mim...
Estarei eu a começar amá-lo?

AMORES ETERNOS - A História de Dante e BeatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora