ღ CAPÍTULO 20 ღ

96 28 18
                                    


Dante


      — DOU A VOCÊ UMA ÚNICA CHANCE, DANTE HAWTHORNE. — Instintivamente paro de dedilhar o violão e encaro seus olhos castanhos ainda mais claros devido à luz do sol que adentra a janela. Os raios lhe proporcionam uma beleza ainda mais surreal. Se me dissessem que Beatriz Cline é um anjo, eu concordaria sem hesitar. — Por favor não a desperdice.

      Sei que aquilo não foi ao acaso. Suas expressões me mostraram exatamente o que ela desejou que fosse. Uma súplica para garantir que eu não estilhace o seu coração. Ou em suas próprias palavras, o órgão que bate em seu peito e lhe garante a vida.

      Após aquele beijo impulsivo que acendeu algo dentro de mim, eu tive que conhecê-la melhor. Sr. Scudder me contou o pouco que sabia.

      O mesmo que todos em Leawood sabem.

      Cline amava o pai, assim como toda criança. Até o dia em que este traiu a mãe por causa de uma irmã de um amigo e as abandonou, deixando a mulher com uma criança e grávida de gêmeos, todos filhos seus. Não deve ter sido fácil ver a mãe chorar pelo homem que dizia amá-la. Não acreditar no amor sob essas mesmas circunstâncias, é bem fácil. Eu mesmo não acreditaria se isso tivesse me ocorrido.

      Confesso que alguns de nossos encontros foi proposital.

      Buscar Alicia na natação foi uma tentativa de me justificar pelo beijo, pedir lhe desculpas era o que eu pretendia fazer, mesmo certo de que talvez ela nem as aceitassem. Jamais esperava a ver desmoronar em minha frente.

      Mas o que mais eu poderia fazer além de tentar a acalmar?

      Estou certo apenas que quero saber o motivo de suas lágrimas.

      Encontrá-la no domingo, junto com as amigas no parque, foi extremamente necessário. Precisava vê-la. Desejava ardentemente tê-la nem se fosse apenas a sua companhia.

     Somente não esperava que conversar com ela na entrada da escola fosse capaz de causar tudo o que causou.

      Fazê-la entender o quanto é importante não ser conduzido pelo o que as pessoas falam se torna cada dia mais difícil.

      Sorte a minha não ser de desistir tão facilmente.

      — A quanto tempo gosta de música? — Pergunta indicando o violão em meu colo.

      — Desde que me entendo por gente é uma boa resposta para a sua pergunta. — Respondo a encarando. — Pretendo voltar a Nova York e me ingressar em alguma faculdade por lá.

      Seus olhos se arregalam levemente diante a minha fala. Não sei se seria apenas por não saber disso ou se haveria algo a mais por trás.

      — Não sabia sobre isso?

      — Acredito que todos não sabem sobre isso, Dante. — Seus lábios se abrem formando um sorriso.

      — Todos menos você, Cline. Considere-se com sorte. — Abaixo meus olhos para o instrumento de cordas em meu colo. — Deseja ouvir?

      — Vai cantar?

       — Sim.

      — Acredito que se eu negar será uma tremenda falta de educação. — Diz rindo.

       — Certamente será, Beatriz Cline. — Admito admirando o seu sorriso. — Deveria sorrir mais.

       — Por que eu faria isso? — Pergunta arqueando uma sobrancelha.

AMORES ETERNOS - A História de Dante e BeatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora