ღ CAPÍTULO 13 ღ

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Beatriz 

      — O AMOR NÃO EXISTE? — Pergunta em total descrença ao terminar de ler o que eu já escrevera.

      Observo suas feições e vejo que ele dirigiu uma espécie de careta para mim, como se acabasse de provar leite azedo sem ser avisado antes e sentisse no paladar o gosto nada aconselhável.

      Não gostaria de ter chegado a esse pensamento, muito menos de assumir isso agora, mas pessoas normais costumam ficar feias ao fazer esse tipo de careta. O que prova que Dante não é mesmo nenhum pouco normal, pois neste momento eu poderia dizer que ele está tudo, menos feio.

      — Cline? — Ouço me chamar e chacoalho minha cabeça para se livrar de tais pensamentos. Céus, o que está acontecendo comigo? — O que lhe fez afirmar tal besteira?

      — Você nunca parou para pensar no amor desta forma, não é? — Pergunto logo de cara.

      Duvido até que ele leve a sério essa palavra, visto que se envolve com qualquer uma que encontra e faz questão de descartar logo após o seu uso. Não possuo nem um resquício de pena, mas sei que Gemma foi uma dessas e que agora sofre com os efeitos colaterais. E posso afirmar com total convicção diante a isso, que Dante não é tão mais apto para cogitar discutir contra a minha resposta.

      Diferente de mim, que sei o que quero colocar neste trabalho. Estou certa do significado do amor, ou melhor dizendo, estou certa de sua não existência. O Sr. Scudder já deveria saber que não irei dar um passo atrás, não voltarei sequer para repensar no assunto, simplesmente não vou mudar a resposta que dei naquela aula, por mais insana que seja, e Dante, só irá me ajudar a comprovar isso.

      — Você deveria para de se basear nas impressões tiradas por outras pessoas.

      Diz com uma voz tão cabisbaixo que instantaneamente sou obrigada a olhar para o seu lado a fim de encará-lo. Sua expressão se tornara séria com o que eu lhe disse e não consigo identificar exatamente o porquê. Percebo que finge observar a movimentação de pessoas a nossa frente parecendo levemente irritado ao julgar suas mandíbulas cerradas. Tenho certeza que seus punhos também se encontram assim.

      — Ou talvez devesse conhecer a pessoa antes de se precipitar a dizer asneiras.

      Fico chocada com o que acabo de ouvir. Se eu não estivesse tão petrificada, minha boca estaria em um perfeito "o" de tamanha estupefação. Porém, o que mais me choca é a verdade que ele acaba de esmurrar em minha cara.

      Será que estou mesmo o julgando pelo o que os outros dizem a seu respeito?

      Minha resposta chega tão rápido que quase sinto o vento esvoaçar os meus cabelos com a parada abrupta.

      Sou uma pessoa horrível!

      Eu não sei absolutamente nada sobre Dante Hawthorne. Nada que não tenha saído da boca de outras pessoas. Nada que tenha saído de sua boca. Até ontem eu não sabia que ele possuía uma irmã mais nova, tampouco o porquê de sua família ter se mudado para Leawood.

      Tipo, quem é que deixa Nova York para construir uma nova vida literalmente no meio do mato?

      Seria uma família de foragidos se escondendo na cidade mais pacata que encontraram?

       Preciso me preocupar com isso?

       Será que devo o conhecer?

      Desconsidero inteiramente a última pergunta.

      Só tenho que parar, não preciso fazer isso. Já me basta ter que conviver com a sua presença durante este último mês onde temos que realizar este trabalho, não há necessidade de eu me dispor a fazer mais. Apenas parar. Simples.

AMORES ETERNOS - A História de Dante e BeatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora