Beatriz
NÃO FOI DIFÍCIL ENCONTRAR CATHY NO REFEITÓRIO. A nossa fiel mesa já estava sendo ocupada por ela.
Foi quase instantâneo, assim que nos viu acenou para que fossemos o mais rápido até ela, como se isso já não fosse o nosso destino. Porém, não questiono. Se fosse sua irmã em seu lugar, ela teria literalmente, escancarado a boca para nos chamar.
Deixe-me esclarecer algo. Sam e Cathy são irmãs, mas não biológicas.
Catherine tem uma pele morena linda e os cabelos castanhos são volumosos e carregado de cachos e, para completar, foi agraciada com os olhos verdes como o mar. Foi adotada a cerca de três anos, quando estávamos entrando no colegial. Teve uma sorte incrível de ter sido acolhida por Simone e Darrell. Não são muitas as pessoas que adotam adolescentes, a preferência por recém nascidos ou crianças sempre é maior, ainda mais adolescentes com o passado de Cathy. Nunca soube de muito, apenas que tinha algo relacionado com um transporte ilegal de crianças que havia sido interceptado pela polícia local. Demorou alguns meses para a própria começar a confiar em mim ou Sam, que apesar das brincadeiras, soube se mostrar a irmã que Cathy estava a precisar.
— Vocês não vão acreditar meninas!! — Ela joga a granada assim que sentamos, tamborilando os dedos animada sobre a mesa.
— Não acredito mesmo que você tenha fugido do hospício. — Sam pisca para a irmã que a encara sem entender. — Papai e mamãe vão ficar uma fera.
— Olá para você também, Cathy — Digo ignorando a crise de risos que Sam gradativamente começa a entrar. — Já vi tanta coisa louca nesta escola que nada me surpreende mais.
— Nisso você está certa Bea, mas...
Claro, as duas são irmãs.
Seria burrice de minha parte imaginar que ela diria o que quer que seja a novidade sem nem ao menos nos fazer morrer de curiosidade antes.
NOTA MENTAL: Ser próxima de Sam é fatal. Tão logo você já começa a "surtar" com as loucuras dela. Eu mesma já me encontro contaminada.
Olho rapidamente ao nosso redor.
Mesas abarrotadas de jovens conversando ruidosamente, muitos ainda esperando na fila da cantina para pegar o seu almoço.
Sem nenhum rosto diferente?
Okay.
Sem sangue?
Okay.
Sem zumbis?
Humm...
Okay.
Sem um fim do mundo se aproximando?
Meio okay, o aquecimento global, o efeito estufa, as queimadas de enormes florestas e a extinção da fauna ainda está em um processo contínuo de evolução, mas ainda não abalou a humanidade até o ponto de isso ser considerado uma grande novidade.
— Não consigo ver nada que tenha colaborado para você ficar assim.
— Não vai me dizer que flagrou o Peter lhe traindo? — Sam pergunta ao meu lado com os olhos exageradamente arregalados.
É óbvio que se trata de apenas mais uma brincadeira lançada por Samantha.
Peter e Cathy formam um casal bonito de ser visto. Ela é negra. Ele por sua vez, possuí a pele branca até demais e os cabelos loiros também demasiadamente claros, um verdadeiro descendente de alemão. Uma combinação perfeita ao estilo ying e yang. São completamente apaixonados um pelo outro. Não que eu acredite nisso. Para mim não passa de um monte de besteiras, que certamente irá acabar assim que forem para universidades diferentes.
Mais uma prova do que sempre afirmo.
— Jura Sam? — Ela revira os olhos descrendo no que acabara de ouvir.
— Nos diga logo. Cathy. Por favorzinho... — Suplico sendo a amiga sensata do trio para uma guerrinha entre as duas não inicie em minha frente, como sempre acontece.
— Bom, meninas — Inicia ajustando a sua postura de jornalista do jornal da escola e se depender de sua vontade, futuramente da BBC. — De acordo com os boatos frequentes circulando pelos corredores e as olheiras enormes estampadas no rosto ridículo de Gemma. O que fiz questão de confirmar para saber ser verdade e realmente estão enormes apesar da maquiagem que ela sempre usa. É com muita felicidade que venho dizer a vocês que... — Seus dedos imitam batidas de tambores sobre a mesa. — Dante Hawthorne está, oficialmente, S-O-L-T-E-I-R-O!
— O QUÊ!? — Praticamente cuspo as palavras alto demais, bem mais alto do que deveria e recebo os olhares de todos das mesas ao nosso redor, provavelmente andam esperando que uma discussão se inicie para animar o dia. — Não acredito que gastou o nosso tempo com isso, Catherine! — Digo abaixando a minha voz completamente frustrada.
— Ah, qual é meninas? Não vão me dizer que ele não é lindo, porque isso seria claramente uma mentira.
Quase que em perfeita sincronia, eu e Sam estouramos em gargalhadas.
Ao menos isso temos em comum.
— Ele é um galinha, isso sim — Falo sem me preocupar com o restante do refeitório ouvindo. — Já parou para pensar que ele "sai" com todas as garotas dessa cidade. — Completo dando ênfase em minhas palavras.
— Concordo plenamente com a Bea, minha irmã. — Samantha diz ao recuperar a compostura de garota nada sensata como só ela faz. — Se você ouviu isso pelos corredores, também deve ter ouvido tantas outras vezes que ele fica com outras garotas, isso tudo pelas costas da namorada.
Dante Hawthorne. Dezoito anos. Veio de Nova York para o Kansas há apenas cinco anos e podemos dizer que já "conquistou" o pobre e doce coração de todas as garotas da cidade. Okay, pode não haver muitas, mas ele meio que compensou abrangendo em sua lista algumas (ou muitas) mulheres mais velhas. Nojento. Porém, tenho que concordar com Cathy. Ele é bonito. Digamos que se trata de algo impossível alguém possuir os cabelos marrons escuro e os olhos de um tom azul tão anormal como o dele, algo que beira a cor de um oceano revolto de tão perfurador e penetrante que é, ser considerado algo não bonito de se admirar.
A Era Dante e Gemma durou razoavelmente bem. Ainda mais julgando que todos sabiam que ele a traía. Coitada. Isso é tudo o que me resta a dizer. Como alguém pode não fazer nada diante disso? Simples, ela precisa manter a sua popularidade intacta. Fala sério, como podem existir pessoas assim?
NOTA MENTAL: As mulheres precisam urgentemente aprenderem a se valorizar mais. O mesmo homem que hoje diz lhe "amar", amanhã estará dizendo isso a outra.
Fato!!
Sei que isso é o que todos dizem, mas me parece que mesmo assim muitas não mudam suas atitudes. O que não deixa de ser triste.
— Hey, Bea!! — Ouço Cathy me chamando enquanto estrala os dedos em frente ao meu rosto, na tentativa de me livrar de um transe que eu mesma me coloquei. — Então está tudo certo, não é?
— Ah. Ah, claro! — Sorrio para que ela não perceba que não sei do que estava falando. — Por mim tudo bem. — Repito. Afirmando mais para mim do que para elas.
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AMORES ETERNOS - A História de Dante e Beatriz
Romance"Nota mental: O amor nos faz sofrer. O amor nos faz cair. O amor não existe para mim." Beatriz Cline não acredita no amor. Mas, e você? Você acredita no amor? Beatriz Cline não acredita no amor. Os motivos que a levaram banir esse sentimento de sua...