ღ CAPÍTULO 36 ღ

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Beatriz


      DEIIXO TUDO PARA TRÁS. As luzes nauseantes, as conversas sem nexos e principalmente as pessoas. Minha cabeça agradeceria se isto também fosse possível a música, mas as batidas altas ainda conseguem perfurar as árvores do parque e me atingir onde estou. Não com a mesma intensidade, mas ainda sim, me atinge.

      Fui obrigada a ignorar a minha péssima escolha de roupa e sentar na grama diante da glamourosa Conttonwood que reina inabalável sobre a minha cabeça. Sem se importar com o branco do vestido me acomodei encostada em seu troco. Algo neste lugar me traz o que procuro, não exatamente o que estou procurando neste momento é claro, mas ainda sim, sinto a leveza que ele traz para a minha alma e a agradeço por isto. Só eu sei o quanto estou a precisar disso.

      As árvores e a grama deste lugar me lembram dos tenebrosos momentos que estive na companhia de Dante, por vezes discutindo sobre o que acreditamos ser o sentimento que só agora percebo que sempre nos envolveu, aproximando nossos corpos, alma e coração de uma maneira profundamente perfeita.

       Okay, talvez não tenham sido tão horríveis assim...

      No entanto, me encontro assim. Desanimada, frustrada e com raiva do conjunto de acontecimentos que me trouxeram até aqui. Algo ou alguém arquitetou um plano nefasto me envolvendo sem pudor algum, para somente depois que eu enxergasse a verdade, estralassem seus dedos para tudo voltar ao normal, sumindo inteiramente da minha visão, sem me dar a oportunidade de corrigir os erros que se encontram no passado. Fazendo-me odiar as escolhas que fiz em minha vida.

      — Odeio o destino. — Sem sequer perceber, murmuro deixando-me afundar na dor.

      — Agora me sinto mais seguro em prosseguir. Sei que seu ódio não é inteiramente dirigido a mim.

      Céus!

      Sinto meu coração acelerar as batidas ao ouvir a voz já tão conhecida por meus ouvidos. Tranquila e levemente rouca, carregada de toques sutis que indicam uma animação ao falar para completar pacote. Me sinto presa ao dono desta voz, seduzida como se eu fosse um velho marujo perdido no mar ao se deparar com uma estonteante sereia mortal.

      Me ergo do chão e encaro o oceano turbulento parado a poucos passos de distância em minha frente. Sinto um aperto em meu peito que umedece os meus olhos castanhos.

      Eu não estou preparada para isso!

      — Oi, Cline. — Diz gesticulando com a mão como se não enxergasse a erupção que ocorre dentro de mim.

      Seus cabelos marrons escuros parecem negros durante a noite. Eles se encontram penteados para trás de uma forma que indica o uso de gel nos fios, mas que aparentemente não obteve seu êxito por completo, deixando uma mexa pender solta emoldurando seu rosto. Percebo que a jaqueta preta reflete o brilho da luz de um dos poucos postes de luz que nos alcança até aqui, mas ao julgar pelos detalhes que quase não enxergo nos bolsos, vejo que está talvez não seja a jaqueta surrada que sempre usou.

      — Oi, Dante. — Digo com seus olhos cravados mim.

      O vejo se aproximar a passos lentos e receosos, optando por parar a uma curta distância de mim. Um único passo e toda a distância que nos separa não mais existiria.

      Porque diabos eu estou ansiando por isso?

      — Estava me procurando? — Sinto que ele sabe que sim, que eu estava o procurando. Mas que preferiu perguntar, me forçando a dizer.

AMORES ETERNOS - A História de Dante e BeatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora