ღ CAPÍTULO 11 ღ

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Beatriz


      DESPERTO SENTINDO ALGO PESADO PISOTEAR MEU CORPO. Resmungo sabendo que Thor sempre faz isso para me acordar.

      — Thor... Isso lá são modos seu cachorro gordo — Digo sentando-me na cama, acariciando seu corpo peludo e pesado sobre minhas pernas, seus olhinhos brilham alegres para mim.

      — Tenho certeza que ele ama fazer isso.

      Olho para ver minha mãe encostada no batente da porta. Seus cabelos extremamente loiros já se encontram perfeitamente alinhados, enquanto os meus devem estar a mais completa bagunça de tão embaraçado, um verdadeiro emaranhado de fios castanhos. Não devo ter dormido nem três direito.

      — Bom dia, mãe! Vocês dois agora estão conspirando juntos contra mim? — Cruzo os braços sorrindo.

      — Não me culpe, culpe ele. O café já está quase pronto, arrume-se e antes de descer chame os meninos — Termina com um sorriso cativante. — Vamos Thor!

      Ouço ela chamar assim que sai e em poucos segundos vejo um vulto negro passar correndo desesperadamente pela porta rumo ao banheiro.

      Thor...

      Tomo uma bela dose de coragem e sigo rumo ao banheiro para um banho rápido, a água elimina boa parte das toxinas da noite anterior. Quando a tranquilidade se instala em meu corpo novamente, sinto que o sono a acompanha também. Forço-me a ignorar a vontade de me jogar na cama, desejando dormir ou me livrar de ter de ir ao encontro de Dante. O que faria apenas minha mãe ficar preocupada com a filha, sem resolver nenhum dos problemas.

      Opto por um short jeans e uma blusinha regata amarela, jogo uma camisa fina de um xadrez amarronzado e calço as minhas tão comum botas de cano curto também marrons.

      Entro na cozinha e me lanço sobre os banquinhos de madeira em frente a ilha.

      — Os meninos deram muito trabalho? — Minha mãe diz virada para o fogão, completamente ocupada terminando de fazer as suas maravilhosas panquecas.

      — Não muito.

      — Parece desanimada. Não consegui dormir durante a noite? — Vejo seus olhos me observarem, após desligar o fogo. Pelo visto o banho não serviu para amenizar as minhas olheiras enormes. — Vai sair? — Diz após avaliar a roupa que estou vestindo.

      — Tenho um trabalho para começar... — Resmungo afundando minha cabeça entre meus braços, encarar o mármore branco e frio da bancada é bem menos complicado e assustador.

      — Beatriz — Ela me chama. Levanto a cabeça e encaro suas linhas de expressão. — Não me parece ser só isto. — Fala arqueando as sobrancelhas e cruzando os braços sob o peito.

       NOTA MENTAL: Novamente, porém sem deixar de ser verdade, digo. Mães sabem MESMO chegar onde querem.

      — É-é que... — Gaguejo tentando encontrar palavras para dizer em minha mente.

      Droga!

      Como posso querer ser escritora se as palavras vivem a fugir de mim!?

      Ouvimos gritos vindo da escada e nossos olhares são atraídos involuntariamente para ver o exato momento em que Tim, Théo e Thor descem correndo, com o último chegando a deslizar pelo chão liso ao perder um pouco o controle. Eles quase caem no piso de madeira escura antes de se estirarem ofegantes para os pobres banquinhos.

      O universo só pode estar me dizendo que tenho que cuidar melhor de meus irmãos. Está é a segunda vez que eles me salvam consecutivamente, isso sem nem saberem do ato de bravura.

      — Theodoro Cline e Timoth Cline!! Onde é que pensam que estão para correrem dessa maneira? — Minha mãe os repreende com a sua voz mais autoritária.

      — Desculpe, mamãe. — Tim declara já se servindo do leite.

      — Foi o Tim quem começou! — Théo dispara contra o irmão com a boca cheia de panqueca e melado.

      — Vocês dois são uns pestinhas, isso sim! — Mamãe diz se acomodando no banquinho que restara ao lado de Tim. — E não fale com a boca cheia Theodoro! — Adverte.

      Observo calada. Me encontro sorrindo feito boba por dentro, totalmente absorta ao vê-los felizes apesar de estarem discutindo banalidades que todas as famílias possuem.

      Sirvo uma boa caneca de café e leite para mim. Capturo uma deliciosa panqueca e despejo um pouco de melado para completar.

      E é degustando a massa incrivelmente macia e doce, e sentindo o líquido maravilhosamente quente descer pela minha garganta, que percebo o grande contraste presente em minha vida. Presente em meu passado e em meu agora. Que então chego a óbvia conclusão.

      Ele veio para apenas destruir as nossas vidas.

      Sem o amor, minha mãe, e consequentemente nós, estamos muito mais felizes. 

AMORES ETERNOS - A História de Dante e BeatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora