A volta da Illyriana

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-Tenho que te contar uma coisa. -Gwyn disse olhando para frente enquanto caminhavam pela cidade. A mão dela enganchada não volta do braço de Azriel, conduzindo-a, sem ainda conseguir andar de mãos dadas. Era um trauma constante em sua vida, por mais que tentasse, ele sempre martelava em sua mente, visões daquele dia em que seus irmãos decidiram que seria engraçado fazer um experimento com fogo nas mãos de Az.

-O que foi? -ele perguntou receoso, guardando no fundo de sua mente aquelas lembranças.

-Eu vou para a Outonal. -Gwyn declarou, Az parou subitamente e fez com que ela olhasse em seu rosto.

-Quando você vai para lá? -ele tentou não transparecer tanta raiva.

-Eris me chamou. -ela deu de ombros. -Az, ele é meu pai, querendo ou não, e nós conversamos antes de eu ir até o chalé.

-Gwyn eu sei que ele é seu pai, mas Eris é um macho ardiloso. Não acredite em tudo o que ele diz

Gwyn não se conteve em sorrir quando voltou a andar.

-Se ele fizer alguma merda, vai se ver comigo. Eu sei me cuidar.

Agora fora a vez de Azriel sorrir.

-Ah, disso eu tenho certeza. -Ele apontou a cabeça para um tipo de restaurante. -Vou comprar um chocolate quente.

-Está bem, vou ficar aqui e te esperando. -Gwyn ainda não se sentia muito a vontade perto de muitas pessoas desconhecidas, por mais que soubesse que ninguém dali fosse machucá-la.

Azriel entendia perfeitamente, acenou com a cabeça e seguiu para dentro da loja. O Sidra corria silenciosamente, devido ao clima, já estavam chegando no inverno e logo ele congelaria novamente. Gwyn ficou na ponte observando-o, quando ouviu um barulho, como um gemido de dor misturado com frustração.

-Quem está aí? -Gwyn começou a andar devagar em direção ao som.

Atrás da ponte, apoiada em uma rocha, havia uma mulher, encolhida. Ela abraçava o próprio corpo, olhando para as mãos como se não acreditasse que as tinha, ou como se não soubesse como usá-las.

-Senhora! Está tudo bem? -Gwyn se apressou para acolhê-la, a fêmea olhou para ela em choque.

-Você... você tem o cheiro dele. -A fêmea sussurrou segurando firme nas mãos magras de Gwyn.

Estava noite já, porém com as lamparinas feéricas da rua, e iluminação das lojas, Gwyn conseguiu olhar realmente para a fêmea. Era um pouco mais alta que Gwyn, os cabelos negros e volumosos caiam do coque bagunçado. As feições, eram muito familiares, Gwyn não conseguia se lembrar ou identificá-lo.

-Você está machucada? -Gwyn tentou analisar o corpo da mulher, suspirou forte quando notou que ela estava bem. O vestido estava em farrapos, manchas de sugeria em todo o tecido e na pela da mulher.

-Você tem o cheiro dele, como... onde ele está? -A feérica estava nervosa, apertando forte as mãos de Gwyn.

-Ele quem senhora? Você deve estar delirando, machucou a cabeça? -Gwyn estava começando a ficar com medo, estava óbvio que a mulher a sua frente não estava nada bem, confundindo-a com outra pessoa só podia ser. -Venha comigo.

A fêmea não parou de fazer perguntas, acompanhando Gwyn até a frente da loja onde Azriel já saia com dois copos.

-Az... eu a encontrei ali atrás da... -Gwyn se calou quando Az derrubou os dois copos no chão, o rosto em completo choque e surpresa fixo na fêmea ao lado da sacerdotisa.

Ele sussurrou algo muito baixo e foi caminhando na direção das duas. A feérica ao seu lado soltou suas mãos e foi indo em direção ao encantador de sombras. Os dois um de frente para o outro, se encarando. Foi então que foi a vez de Gwyn ficar em choque, quando notou a semelhança, de Az e da fêmea. A mesma cor de cabelo na mesma espessura, os olhos, agora em meio a luz era ambos cor de avelã.

-Mãe? -Azriel disse, os olhos brilhando assim como de Gwyn e da fêmea.

-Meu filho... -a fêmea se jogou nos braços do mestre-espião que a segurou firmemente, abraçando-a forte. Enterrou o rosto no pescoço da mãe, se agarrando a ela como se fosse sua rocha a qual poderia se firmar sempre.

Corte dos Sonhos e PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora