Espadas embainhadas

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Azriel temia o momento em que a guerra se aproximasse novamente, agora mais do que nunca. Quando era mais jovem, temia pela morte de seus irmãos e a própria. O medo aumentou muito mais, agora tinha uma família inteira à mercê do perigo, tudo e todos que ele amava estava ameaçado. Ele sentia como se seu chão sumisse aos poucos debaixo de seus pés.

-Não quero que nenhuma das duas saiam daqui. Está me entendendo Gwyn? -Ele precisava ouvir, precisava ter certeza de que ela ficaria ali em segurança, com seus filhos.

-Mas eu posso...

Feyre colocou a mão em seu braço em consolo.

-Não, não pode, não grávida. Eu preciso que você me prometa Gwyn, que não vai sair daqui. -Cada palavra veio em meio a soluços de desespero.

-Ele está certo Gwyn, nem eu nem você podemos ir ajuda-los.

-Está bem, eu vou ficar. -Azriel sentiu como se um prédio inteiro saísse de suas costas. -Mas você também tem que me prometer que vai voltar. Azriel, estou falando sério se você não...

Azriel a beijou, com todo seu amor dando tudo de si não se permitindo ter despedidas, por que haveria um depois, havia um futuro esperando por ele, uma família. Ele lutaria com cada célula de seu corpo, lutaria para conquistar a paz de sua parceira, para que seus filhos nascessem sem guerra e sem ameaças. Segurando o rosto de Gwyn com as duas mãos, ele se afastou permitindo uma última olhada, para memorizar cada traço daquele rosto que ficara em sua mente durante o dia e quando dormia. Aquele rosto que sempre expressava algum sentimento, raiva, frustração, quando suas sobrancelhas ficavam franzidas enquanto ela pensava. Ele memorizou cada traço, cada sarda e permitiu se perder naqueles olhos azuis.

-Eu te amo. -Azriel sussurrou e atravessou para onde a guerra estava.

~

Gwyn não conseguia respirar, cada ar de seus pulmões se foram, mas ela precisava manter a calma pelos seus filhos, precisava se lembrar de como mover os pés para se sentar na poltrona perto da janela. Feyre era como uma sombra atrás dela, seguindo e estendendo a mão para se sentar. Nyx dormia feito um anjo num berço improvisado no centro da sala da estar.

-Você acha que eles... -Gwyn se engasgou.

-Não, eles vão sobreviver, todos nós vamos. Você precisa se acalmar Gwyn, eu sei que é difícil agora, mas eu quero que respire fundo ou esses bebês vão querer vir antes do tempo.

Inspirar e expirar, deixar a mente aberta e livre dos pensamentos, ela sabia como fazer aquilo, tinha praticado durante semanas com Nestha. Eles iriam conseguir, Nestha e Emerie iriam lutar ao lado deles, cada golpe seria fatal, as valquírias iriam ganhar aquela luta.

~

Do outro lado das terras, os monstros do Outro Mundo saíam em disparado pelo portal, um mais antigo que o outro. Koschei extraía cada vez mais o poder de Amren, aos poucos matando a própria filha no processo.

-Venham meus amigos. Vamos reconquistar o mundo novamente. -ele disse para as bestas, ao comando do poder de um Anjo da Morte, eles obedeciam.

-Seu desgraçado, vai morrer. -Amren grunhiu com os olhos brilhando aquele branco prateado.

-Todos nós vamos um dia, só quero me certificar que o mundo fique melhor quando eu partir. -Koschei sibilou em desgosto e continuou a observar a invasão.

Do lado de fora da casa do lago, houve um brilho incandescente, uma explosão de chamas e um líquido preto pútrido, eles foram transportados para Prythian, as sombras de seus corpos apareceram em meio ao brilho, e finalmente seus rosto foram expostos.

Uma fêmea de cabelos loiros vinha a frente, liderando o grande grupo atrás dela. Poder exalava da mulher conforme olhava para todos os lados em busca de perguntas.

O corpo de Koschei estremeceu ao reconhecer a marca de Wyrd brilhando e sua testa, a língua mais antiga que todos os deuses, a língua de outro mundo.

Algo tinha dado errado, o poder Amren estava não só abrindo o portão e atraindo os monstros antigos, mas sim abrindo uma brecha para que todos os outros mundos se conectassem, ele teria que parar antes que fosse tarde demais.

-Quem são eles? -Amren ofegou ainda caída sobremos joelhos no chão lamacento. -O que você fez seu desgraçado?

Koschei não tinha palavras para sequer responder aquela pergunta, tudo o que ele podia fazer era esperar e esperar até que seu exército fosse maior que de todas as cortes juntas, que as antigas bestas dominassem Prythian novamente.

Os animais iam saindo, alguns trotando em suas quatro patas, outros voando com suas asas acinzentadas, todos indo em direção ao campo aberto depois do lago, onde a guerra começaria.

~

Azriel voou o mais rápido que pode para chegar à Casa do Vento e buscar sua mãe, ela ficaria com Gwyn e Feyre por não saber lutar, parte de Azriel estava mais que aliviado em saber que sua parceira e sua mãe estariam seguras.

-Santos deuses o que é aquilo agora? -Cassian praguejou olhando para o portal negro aberto.

Luzes brancas saíam dele, e não somente formas de animais e bestas apareciam, mas sim de humanos, os corpos altos e fortes em meio ao brilho.

-Ele está trazendo um exército inteiro de monstros, esse era o plano desde o início. -Azriel prendeu a Reveladora da Verdade em sua armadura, Rhys num piscar de olhos já estava armado dos pés à cabeça, assim como Cassian.

-Gwyn, ela está bem? -Nestha perguntou.

-A deixei na Casa do Rio junto com Feyre e minha mãe. -Azriel viu um alívio brilhar nos olhos da amiga.

-Ainda bem que ela não insistiu em querer lutar, só os deuses sabem como seria se Gwyn inventasse de dar uma de teimosa agora. -Emerie apareceu na sala, terminando a trança grossa nos cabelos negros.

Ninguém falou mais nada até que todos estivessem armados devidamente.

-Az, preciso que você vá até esse portal e veja que tipo de bestas estão saindo dele. -Rhys ordenou e Az acenou. -Vou contatar todas as cortes, não teremos muito tempo até que Koschei dê a ordem para atacar.

-Os illyrianos já estão prontos para serem atravessados Rhys, conseguimos passar veneno em todas as espadas e nas pontas das flechas. Não acho que nada mortal possa matar aqueles bichos.

Se já não bastasse terem que lutar com os monstras mais antigos, ainda teriam que descobrir quem eram os humanos que os lideravam.

-Mor já atravessou até a Diurna para chamar Helion. Eris já juntou os soldados da Outonal e estão a caminho. -a última palavra antes da guerra, sem despedidas sem discurso.

Sua espada embainhada na armadura, seus sifões brilhando implorando para serem liberados. Eles partiram para a última luta, a definitiva. Os músculos de suas costas se torceram e retraíram quando Azriel deu um pulo para o céu, as sombras voando ao seu redor e foi de encontro ao portal.

Corte dos Sonhos e PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora