Construindo uma família

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O dia não estava sendo fácil para as fêmeas do acampamento. Cassian estava naqueles dias em que acordava com o humor ácido de general e descontava em todos, as centenas de illyrianas estavam novamente divididas em grupos só que desta vez com Mor para ajudá-las.

Não era novidade para ninguém que a cada dia o exército das illyrianas crescia mais e mais, gerando a fúria de seus respectivos parceiros e maridos. Gwyn não se importava, ela queria mostrar para todos o quão competentes as fêmeas eram, que poderiam muito bem ir para uma guerra e ajudar Rhysand. E por isso ela treinava, incansavelmente, e contava suas histórias paras as mulheres que chegavam ainda com medo e assustadas com a própria sombra.

E ela sempre dizia a si mesma  "Eu sou uma rocha onde as ondas de quebram, nada pode me quebrar"

Gwyn se lembrava do Rito de Sangue, do desespero que a tinha assolado quando quase fora pega pelos machos, quando fora ferida. Ela sabia que tinha que esfriar a cabeça e lembrar do pouco tempo de treinamento que tivera, mas era como se pedisse para alguém respirar debaixo d'água. Em meio ao caos ela se viu perdida, sua única consolação era aquela pulseira que ainda brilhava, suas amigas estavam vivas e logo se reencontrariam.

Ela não queria viver aquilo novamente, não queria estar a mercê do perigo, queria sair por cima da situação, usar todas suas armas e seus segredos para conseguir ganhar. E era isso o que ela tentava passar para todas as illyrianas a cada maldito dia em que Devlon resolvia aparecer para caçoar delas, a cada dia em que o desânimo e a vergonha estavam presentes.

-Concentre-se -escutou a voz cálida de Azriel atrás dela. -Pense, se você estivesse encurralada, numa guerra ou no Rito, como se livraria dessa situação? Como lutaria com os três machos a sua frente?

Três corpos musculosos de machos, um ao lado do outro estava à frente de Gwyn. Assim como para Nestha e Emerie. As outras fêmeas observavam tudo em silêncio, enquanto Az instruía Gwyn, Cass a Nestha e Mor ajudava Emerie.

Gwyn deu uma olhada para para os illyrianos, com um sorriso nojento no rosto, ela não falharia. Fixou os pés com força no chão, deu uma girada com a espada na mão e atacou o macho do centro.

Durante os outros dias de treinamento, Devlon havia proibido os machos de irem até a área onde as fêmeas treinavam, diziam que era um lugar amaldiçoado e sujo, infectado.

Suas mãos começaram a esquentar, a espada de madeira brilhando em resposta. Não esperou para ver a reação dos outros machos, posicionou os pés e torceu o braço esquerdo do macho pegando um impulso para chutar o estômago do da direita.

Ela podia ouvir os grunhidos dos machos ao lado tento que treinar com Nestha. E teve um relance de Emerie derrubando o segundo homem.

O macho loiro apertava as mãos no estômago e corria para atacar Gwyn, que já derrubara o de cabelos grisalhos no chão.

Sabia que era muito difícil derrubar um illyriano, mas não sabia que eles tinham um ego que era facilmente quebrado. Ela podia ser menor que os três, com certeza era mais fraca, mas era mais ágil. Enrolou as pernas no macho loiro até que ele não conseguisse andar, com um grunhido Gwyn estava em cima dele, o macho de costas para o chão.

A regra era que não poderiam mais lutar uma vez que estivessem no chão. Gwyn já derrubara dois agora faltava o último o mais repulsivo dos outros. Ele tinha um olhar quente e faminto, deu uma analisada no corpo da sacerdotisa cima a baixo.

Gwyn se lembrou dos soldados de Hybern em Sangravah.

O macho corpulento deu um sorrisinho de lado e atacou sem mais demora.

Ele era mais forte que os outros, mais rápido e conseguiu prender Gwyn de costas para ele. Sentiu o macho duro atrás dela, as mãos passando deliberadamente pelo seu braço preso para trás.

Corte dos Sonhos e PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora