Os primeiros sintomas

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Quyara estava passando pelo corredor quando Gwyn correu para seu quarto. Os cabelos negros feito ônix presos numa trança, os lábios dela se abriram em um sorriso ao ver Gwyn.

-Como foi o treino? -Quyara perguntou, indicando com a cabeça para Gwyn acompanha-la até a cozinha. Ela quase negou, mas a seguiu, mesmo sabendo que Azriel estava a metros dali.

-Pesado. Cass e Az foram até a Casa do Rio, tivemos que treinar as mais novas hoje. -Gwyn se sentou no banquinho alto da ilha na cozinha.

-Faz tanto tempo que não vi um sol tão forte igual está hoje. -Quyara pegou dois copos e uma jarra de água, ofereceu um para Gwyn e serviu as duas.

-Koschei não deixava pelo menos uma janela aberta?

Um sorriso fraco apareceu no rosto da outra.

-Infelizmente não. Por mais de quinhentos anos, não vi uma vez a luz do sol. Com o tempo, comecei me perder nos dias e nos climas. Não sabia se já era inverno ou era devido a umidade do quarto...

-Eu sinto muito... -Gwyn foi sincera, tomou um gole da água fresca.

-Eu também, mas já passou e temos que deixar as coisas no passado, como tem que ser. Mas... então, já contou para ele? -Quyara mudou de assunto rapidamente.

Gwyn franziu as sobrancelhas.

-Desculpe, não entendi.

-Sobre a gravidez, já contou pro Az? -Gwyn se engasgou imediatamente com a água que tinha tomado. Arregalou os olhos e viu Quyara com um sorriso travesso.

-Como você sabia?

-Sou muito observadora. Percebi a quantidade de sal que você estava colocando na comida já temperada. Sempre via você bocejando pela casa. Eu fiquei exatamente igual você quando estava gravida de Azriel.

-Eu... eu não fazia ideia, não tinha percebido isso.

Nem poderia, nunca esteve presente de uma gravida e sua mãe nunca teve a oportunidade para lhe contar como era, o que fazer. A fêmea mais próxima que ela ficou que estava gravida fora Feyre, mas ela não tinha mudado em muita coisa. Estava mais leve, as feições mais calmas e brilhantes. Quyara pareceu ter lido sua mente, no mesmo instante cobriu sua mão com a dela, dando um aperto reconfortante.

-Você também está diferente. Mais bonita do que já era. Os cabelos e a sua pele estão mais brilhantes. -Quyara disse com um tom carinhoso maternal.

-Eu não contei para ele ainda. Descobri hoje na verdade. -Gwyn confessou tímida.

-Não precisa se preocupar, tenho uma ou outra carta na manga e não estou tão velha assim para dar alguns conselhos sobre as belezas da maternidade.

Gwyn sentiu os olhos arderem, o coração deu um pulo e ela abraçou Quyara.

-Obrigada... -ela disse baixo, os braços esguios de Quyara se fechando ao redor de Gwyn.

-Estou muito feliz Gwyn, muito mesmo. Imagino que outra pessoa ficará também. -Elas se afastaram sorrindo. -Agora vá rápido, vou tentar atrasar ele um pouco. Já vou começar a costurar as roupinhas!

Gwyn deu uma risada, apertando a mão de Quyara novamente seguiu para o quarto. Seu coração batendo a mil, as mãos suadas e tremendo, foi direto para o banheiro, jogou todos os óleos possíveis dentro da banheira e mergulhou, lavando toda a sujeira interna e externa dela. Uma nova vida estava a caminho, uma nova chance para viver, de felicidade, ela não deixaria escapar de suas mãos.

Corte dos Sonhos e PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora