Nascimento dos gêmeos

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Gwyn sentiu um formigamento em suas pernas e uma dor intensa em sua barriga, estava completamente dura e contraída quando ela abriu os olhos e se viu num quarto enorme. Pelo estilo como estava decorado e pelas estruturas, estava na Casa do Rio ainda.

A última coisa que se lembrava era de ter queimado todos aqueles murat que estavam se aproximando da casa, Yrene tinha poder mas não o poder bruto e sim o de cura, por isso Gwyn teve que defender as três.

Quyara estava sentava numa poltrona ao lado da cama, a postura elegante e refinado como sempre, mas suas expressões eram cansadas e preocupadas, como se tivesse ficado todo o tempo ali, esperando que Gwyn acordasse.

-Onde está Az? -A sacerdotisa se lembrou dos acontecimentos anteriores e seu estômago revirou.

Quyara se dirigiu para ela e imediatamente fez um gesto para que Gwyn se deitasse novamente, mas ela não podia ficar mais nenhum segundo naquela cama.

-Ele está bem, e você precisa descansar. -Quyara deu um aperto reconfortante na mai de Gwyn.

Uma contração maior veio de sua barriga, fazendo com que a mente de Gwyn desligasse e se forçasse a concentrar na respiração. Eles não podiam nascer agora, não no meio de uma guerra.

-Calma, vocês precisam ficar aí dentro só mais alguns dias. -Gwyn acariciou a barriga enorme, mas em resposta sentiu a dor latejante novamente.

-Já está sentindo as contrações, querida? -Quyara perguntou e a outra somente acenou com a cabeça.

A porta de abriu e a curandeira de cabelos cacheados entrou por ela.

-Acho que ela está entrando em trabalho de parto. -Quyara disse para Yrene que já se acomodava nos pés da cama.

-Eu preciso ver Azriel, eles não podem nascer agora, a guerra...

-A guerra já acabou Gwyneth. -Yrene disse com suavidade. -Já se passaram dias, aliás.

Dias? Quanto tempo ela tinha ficado parada naquela cama?

-Depois que matou aqueles murat, Yrene disse que você desmaiou e não conseguimos te acordar. Ficou apagada por quase uma semana. -O brilho de dor surgiu nos olhos de Quyara.

Os intervalos das contrações estavam ficando cada vez menores, sua mente trabalhava para fazer seu corpo se acalmar mas a cada notícia seu coração batia mais forte e o ar fugia de Deus pulmões.

-E os outros... -Gwyn apertou com força o lençol da cama descontando a dor em algo sólido. -Azriel se feriu? Aconteceu alguma coisa com ele?

-Precisamos cuidar de você agora. -Yrene disse com firmeza mas Gwyn não a ouviu, apesar da dor na barriga se levantou no súbito, mas foi então que sentiu algo estourar dentro dela e a água começou a escorrer por suas pernas.

Sua bolsa tinha estourado.

~

Azriel ficará os últimos cinco dias em agonia total, sem contar nos dois dias que ficou apagado com o veneno sendo extraído de seu corpo, se não fosse por Yrene e Madja, teria perdido todo o movimento das pernas e o veneno chegaria ao seu coração e ele teria morrido.

Mas agora, estava passando pela pior das torturas, Gwyn não tinha acordado, a explosão de chamas fora ela quem causara e isso tinha exigido tudo dela, toda sua força e seu poder fazendo com que ela caísse num sono profundo.

No momento em que ouvira vozes do quarto no andar de cima, seu coração disparou ao identifica-lá, ao reconhecer aquela voz doce e familiar para ele. Mas Yrene pediu para ver Gwyn primeiro, conferir se ela estava bem.

Azriel não suportou aquela ideia.

Andava de um lado para o outro na sala de estar cheia, da Casa no Rio. Sua visão estava embasada e ele sabia que tinha alguém falando com ele, mas não entendia nada. Tudo dentro dele tinha desligado e fechado, mesmo com a perna ainda latejando um pouco devido a cicatriz já cicatrizando, ele não conseguia parar dr pensar em Gwyn naquele quarto.

Azriel perdeu o controle total de si, quando ouviu um grito, de Gwyn.

No momento em que ele apertou suas mãos em punho e trincou os dentes até doerem, seus olhos se focaram naquelas pessoas, estavam assustadas, mais que isso, estavam apavoradas por causa dele.

Aelin, Rowan e toda sua corte estavam se esgueirando nas paredes devido ao tremor do chão e das paredes que seus sifões estavam provocando, que ele estava fazendo.

Suas sombras estavam espalhadas pelo ambiente, era como um fio que se estendia de dentro dele e se expandia para todos os lados, uma parte da essência do encantador de sombras. Azriel pode ouvir Cassian xingar conforme todos ficavam em completa escuridão, o chão tremendo sob os pés deles e as paredes ameaçando desabar.

E tudo que ele podia ouvir era, os gritos de Gwyn dentro daquele quarto.

~

Gwyn empurrou de novo, com cada parte de seu corpo, empurrando aquelas crianças para fora dela. Ela sabia como seria aquilo, e tinha se preparado, a dor era excruciante mas a cada inspiração de ar para seus pulmões, ia limpando sua mente e ela conseguia continuar a cada contração.

Mas Gwyn gritou realmente quando sentiu uma explosão de sentimentos vindos pelo laço. Aquele fio de ouro que ligava a alma dos dois carregava as sensações de Azriel para ela como uma ponte. E quando a sacerdotisa sentiu a raiva, o medo e o desespero de seu parceiro, sentiu todo seu corpo implorando para ir de encontro ao dele, para falar com Azriel e mostrar que estava bem.

Mas não estava. Não com ele daquele jeito e com aquelas sombras passando pela soleira da porta e entrando no quarto onde ela estava.

-Não pare agora, Gwyn. Você precisa empurrar de novo, o primeiro já está vindo. -Yrene disse e no mesmo momento Quyara apertou sua barriga para baixo.

Gwyn ofegava trincando os dentes, afundando a cabeça nos travesseiros da cama.

-Mas que droga é aquela? -Quyara perguntou.

-Az. Você precisa falar com ele... -Gwyn segurou com força a mão da mulher ao seu lado. -Azriel precisa de você agora.

O brilho de compreensão tomou conta dos olhos de Quyara quando ela deu um sorriso fraco e deixou um beijo suave na testa de Gwyn.

-Traga meus netinhos para o mundo querida. -Gwyn assentiu com a cabeça e fechou os olhos se preparando para mais um impulso.

As sombras sussurravam palavras de conforto para Gwyn, se enrolavam em torno de sua barriga e se dispersavam pelo quarto.

Era uma escuridão bem vinda, que tinha vindo no momento certo. Azriel não tinha perdido o controle delas, ele tinha deixado elas a se dispersarem para irem de encontro a Gwyn.

Só mais uma vez. Elas sussurraram em seu ouvido uma única vez, e por fim, Connor o seu descente veio ao mundo e logo atrás Adeena, seu pequeno fogo.

Corte dos Sonhos e PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora