Capítulo 32 - Trocar

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Capítulo 32 - Trocar

9 dias antes da Lua cheia.

   Sábado. Esse dia começou diferente: um pouco nublado, como era frequente em cidades como Londres (agora também em Golden Make).

   Mya queria dormir até mais tarde, porém sentiu o peso de outra pessoa sentando na beirada da cama. Virou a cabeça para o lado, com os olhos fechados e sonolentos. Laysa estava com as costas apoiadas na cabeceira da cama, enquanto digitava nos teclados do celular.

   -O que está fazendo aqui? - perguntou Mya, com a voz "grogue" devido ao sono. Virou todo o corpo na direção da prima, com os olhos semi abertos.

   -Ele. - disse Laysa, virando o visor do celular para que a prima pudesse vê-lo. Estava nas "conversas".

   -Quem é? - perguntou Mya, vendo o nome "Gabriel" entre piscadas caídas de seus olhos sonolentos.

   -Se chama Gabriel. - disse Laysa, voltando a digitar uma nova mensagem para o garoto. Enquanto fazia isso, falou para a prima, sem desviar a atenção. - Nos conhecemos há pouco tempo, mas ele é bem legal.

   Mya mostrou um sorriso cansado, mas sincero.

   -É bonito?

   Laysa manda um olhar para a outra garota, como se quisesse dizer: "o que acha?".

   -Desde que nos encontramos no mercado, alguns dias atrás, estamos nos falando com mais frequência, e...

   Com a frase não terminada, Mya sentiu o sono indo embora. Se sentou na cama, se aproximando da prima.

   -Laysa, não me diz que está gostando dele! - falou Mya, um pouco eufórica demais.

   A prima dá de ombros, mas estava claro em sua face que era verdade.

   -E porque eu ainda não conheci ele? - perguntou Mya, mas sabia que a prima não era a única que escondia segredos que se referiam á garotos. Ela própria estava namorando e ainda não contara nada. - Falando em contar... - pronunciou, depois de alguns segundos em silêncio. -... tenho uma coisa para te dizer.

***

   Hector estava impaciente. A cada vez que se lembrava de ter deixado escapar a garota-Lobo, ficava com raiva. Era seu dever a exterminação, e não a liberação. Por isso se sentia inútil.

   "Diretor inútil", pensava, enquanto espalhava furiosamente os papéis por cima da mesa. Se não fosse ele, tinha conseguido pegar a garota.

   Mas as vezes a fúria que tanto sentia se tornava preocupação. O nome de seu filho era ouvido. A garota não podia permanecer viva por dois motivos: O Manual do Caçador de Lobos era o primeiro. Era seu dever. Seu objetivo.

   Mas havia um segundo. Era a preocupação que sentia entre Kyle e a garota-Lobo. E se seu filho continuasse gostando dela? E se essa informação chegasse ao poder da Ordem?

   Essas preocupações o deixava com insônia. Ele tinha que resolver aquele mal pelas arestas.

   E as arestas eram ela. Aquela maldita menina, achava Hector. E quando mais cedo o mal fosse cortado "pela raiz", melhor seria.

***

   Patrícia acordou suada. Seu peito subia e descia, como se a garota tivesse corrido durante minutos á fio. Se sentia suada, o que na opinião dela era asqueroso e nojento. Seu cobertor estava jogado até sua cintura, deixando a mostra sua camisa rosa feita de algodão que usava como pijama.

Sangue de LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora