Capítulo 19 - Matar

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Capítulo 19 - Matar

20 dias antes da Lua cheia.

Quando Bill chegou na escola, todo o perímetro estava coberto de policias e fitas amarelas. Ele, sem entender nada, passou por debaixo de uma delas, e rapidamente foi barrado por um policial que estava por perto. Diante dele, a cabeça de Bill chegava até a metade do queixo - referência o suficiente para perceber o quanto o outro era alto. O policial era gordo, com a barriga claramente visível - muito bem visível - sobre a farda do trabalho, e sua cabeça era desprovida de cabelos, sendo que o reflexo do sol chegava a brilhar nela. Havia um crachá sobre seu peito esquerdo. Era dourada, e as letras ali eram negras e com a caligrafia inclinada, com os dizeres: PM Charlton.

-O que pensa que está fazendo, garoto? - perguntou o policial Charlton. Para enfatizar a sua autoridade, ele coloca os polegares dentro do bolso da calça, que Bill não sabia como ainda servia nele.

-Eu estudo aqui - disse o garoto, tentando olhar através do policial, desviando sua cabeça para o lado. Mas Charlton era sempre mais rápido - ou sua estrutura corporal ajudava. - O que está acontecendo?

-O diretor liberou todos da aula por hoje - disse Charlton. Possivelmente estava se cansando de perder tempo com um garoto curioso. - Disse para todos os alunos voltarem para suas casas. Aconselho você á fazer o mesmo.

Bill tentou olhar novamente o que estava acontecendo por trás do policial Charlton - ele parecia mesmo uma enorme parede, de tão grande - mas o resultado não foi o esperado (ele não conseguira ver nada). Ele estava prestes a dar meia-volta e voltar para o estabelecimento quando para no meio do caminho, se voltando para Charlton.

-Pode pelo menos me dizer o que aconteceu aqui? - perguntou Bill.

Charlton o olhou fixamente e duramente, como se estivesse pensando nessa possibilidade. Resolveu ceder - só dessa vez.

-Ocorreu um assassinato, e o corpo da vítima foi encontrado sobre os degraus da escada.

-Assassinato? Como pode ter tanta certeza disso? - perguntou Bill. "Assassinato", essa palavra ficava ecoando na mente do garoto, como se ali fosse uma caverna e tivesse eco. Desde que chegara em Golden Make, nunca tinha ouvido falar de um assassinato - era uma cidade pacata, onde todos se conheciam. Agora acontece isso, e o corpo vai parar na frente da escola? Era algo difícil para Bill acreditar. - Como pode ter certeza de que a vítima não se suicidou?

Charlton deixa escapar uma bufada, como se tivesse se transformando em um touro. Bill provavelmente o estava deixando furioso com tantas perguntas.

-O modo como os ferimentos foram feitos na vítima - explicou ele, entre dentes. Pelo visto o policial Charlton se estressava com muita facilidade. - Suas perguntas já cessaram?

Bill queria dizer "Não", mas resolveu não testar a paciência do policial. Deu um rápido aceno de cabeça em sua direção e se distanciou de Charlton, passando por baixo da fita amarela que passara antes. Foi quando avistou a familiar cascata de cabelos negros um pouco mais a frente. Mya.

Quando se aproximou, percebeu que ela conversava com quatro garotas - algumas ele já tinha visto, como Sara e Ivyla.

Mya deve ter percebido que ele se aproximava ás suas costas - provavelmente percebeu o modo como suas amigas começaram a agir (com rastros de baba descendo pelo canto da boca, ou um olhar caído). Ela se virou e deu de cara com seus olhos incrivelmente azuis.

-Oi Bill - cumprimentou ela, lhe lançando um sorriso doce e amigável. Bill teve que se concentrar para não babar por ela. Conforme os dias se prolongavam, os sentimentos que ele nutria por Mya pareciam ganhar forma, como se estivesse sendo moldado cuidadosamente. Enquanto a olhava, queria passar as mãos por seus cabelos, sentir os fios enroscando no espaço entre seus dedos. Queria chegar mais perto e sentir seu perfume...

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