Capítulo 9 - Visitar

1.4K 65 0
                                    

Capítulo 9 - Visitar

26 dias antes da Lua cheia

-Tem certeza de que não vamos demorar muito? - perguntou Mya, desviando de um galho baixo, que ameaçava arranhar seu nariz. Estavam novamente dentro da Tree Red, seguindo Fernanda, que ia rumo ao norte da floresta, onde se localiza o estabelecimento, lugar onde ela e seu irmão vivem, junto com os outros Lobos do bando.

Fernanda desviou de um galho, passando por baixo dele. Mya faz o mesmo.

-Tenho - disse ela - É só seguirmos nesta direção por mais trinta ou trinta e cinco minutos e chegaremos lá. A não ser...

-A não ser o que?

Fernanda para de andar e se vira para Mya, ambas encarando uma a outra.

-Meu irmão não lhe ensinou isso ainda? - perguntou ela.

-O que? - perguntou Mya, sentindo sua curiosidade brotando dentro de si, como uma flor durante a primavera - O que ele não me ensinou?

Fernanda sorri, revelando duas fileiras de dentes brancos e brilhantes.

-Bill Jordan é, apesar de tudo, um pouco controlador - disse Fernanda. Desviando um pouco do assunto, pensou Mya. Mas ela não estava. - Ele sempre quer deixar os dons mais importantes para demonstrar por último. Não era de se admirar que não aprendeu ele ainda.

-Qual dom? - perguntou Mya. As duas tinham voltado a andar, mas, ao contrário de antes, Mya estava andando ao lado de Fernanda, e não atrás dela.

-O da super-velocidade - respondeu Fernanda, e Mya pôde perceber, com o canto do olho, que ela estava sorrindo. Um sorriso largo e alegre - Mas, para sua sorte, eu estou aqui. E posso lhe ensinar.

***

Bill não fora para a escola naquele dia. Estava ocupado o suficiente com seus problemas. Os estudos apenas o atrasaria mais.

O lado norte da cidade era o lado mais escuro e perigoso para ir. Apesar de aindar raiar o dia, os galhos acima dele se aglomeravam e se entrelaçavam de modo que a luz diurna não penetrava naquele local, de tal modo que parecia que já havia escurecido.

-Eles já devem ter ido embora - disse um garoto, que estava atrás de Bill. Este era esguio, com olhos e cabelos negros. Andava de maneira neutra. Seus óculos escorregavam de seu nariz. - Nenhum dos Uivantes é maluco o suficiente para ficar aqui na nossa área. Eles sabem que estariam se metendo no meio de uma guerra.

-Nós sabemos, José - disse o outro garoto que tinha vindo com Bill. Esse era corpulento, ruivo e tinha olhos azuis, como os de Bill, só que com uma coloração mais escura. - E eles sabem também.

Bill para, de repente. José e Luis - o garoto ruivo - também pararam. Estavam aparentemente... em lugar nenhum.

-Onde estamos? - perguntou Luis. Sua voz ecoou pela clareira, que estava assustadoramente silenciosa. Nem os pássaros pareciam piar naquela área da floresta.

-No norte, aonde mais - respondeu Bill, se abaixando.

-E porque parece tão... - começou Luis, mas quem terminou foi José, ao seu lado:

-Estranho.

E parecia mesmo. Aquele local parecia ter sido habitado a pouco tempo. No centro havia vestígios de uma fogueira - galhos recém-queimados e cinzas espalhadas ao redor -, apagada recentemente. A terra estava úmida, e graças a isso havia pegadas por todo o perímetro do local. Elas vinham e iam de todas as direções, e eram mais de uma. Muito mais.

Sangue de LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora