Capítulo 43 - Curtir

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3 dias antes da Lua cheia.

Era noite. A boate Night Dance estava agitada, mesmo no lado de fora. Havia inúmeros adolescentes, com idades que iam entre os quatorze e os dezoito anos, encostados na parede do exterior, conversando e até se beijando. Mas isso não significava que o lugar não era frequentado por adultos. Tinha um grupo de homens, mais afastados da entrada, conversando. Era o que se denomina "motoqueiros". Suas expressões de "poucos amigos" assustavam a todos que se aproximasse, como se lançassem um certo tipo de aviso.

Laysa esperava perto da entrada. Olhava para o relógio no celular a cada vinte segundos, como se tivesse passado horas. Estava agitada, mas também um pouco temerosa. Isso fazia parte de um encontro. Isso era um encontro.

Tinha pavor do que pudesse acontecer. Do que pudesse ocorrer depois daquela noite. E se Gabriel não for o molde de perfeição, como achara quando o viu pela primeira vez? E se ele fosse um maníaco? Ou, como achara antes, não fosse o que aparentava? Os ditados "as aparências enganam" e "não julge um livro pela capa" a assombravam desde então. Porque?

"Respira fundo", pensou a garota, fechando os olhos e respirando fundo, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.

Mas, mesmo assim, continuava preocupada. Era como se olhos da discórdia estivessem recaídos sobre suas costas, a intimidando a tal ponto de causar nela arrepios por um assunto que ela achava que era o motivo. Mas não era.

Os adolescentes, antes parados do lado de fora, resolvem entrar. Laysa olha para eles, querendo fazer o mesmo, mas tendo que esperar Gabriel.

Olhando novamente para o seu celular, nota que ainda eram sete e meia.

"Foi essa a hora que marcamos", pensou a garota, percebendo que toda a sua preocupação a trouxe para o lugar mais cedo que o premeditado. E, mesmo vendo o horário em um tempo curto, não percebera de fato que horas eram.

"Bom... pelo menos Gabriel não tardará a chegar", pelo menos era o que esperava.

Mesmo a rua estando movimentada, tendo a frequência de passagem de carro normal em uma hora como aquela, Laysa se sentia sozinha, e até um pouco desprotegida. Porque sentia isso? Estava no centro da cidade, um local movimentado e, na opinião dela, fora de perigo.

Foi quando, acidentalmente e com o canto do olho, ela olha na direção do grupo de homens "motoqueiros", que não estavam muito longe. Todos olhavam para ela. Seus olhos eram sagazes, cheios de perigo. Um alerta com frequência muito alta começou a soar dentro do corpo da garota, o que apenas comprovava sua teoria.

Laysa poderia sair correndo, mas isso poderia despertar ainda mais o interesse dos homens. E, mesmo assim não iria muito longe, já que eles tinham motos á sua disposição. Se continuasse fingindo indiferença, como vinha fazendo desde então, eles poderiam deixá-la em paz. A garota não sabia se funcionaria, mas tinha que ter confiança em si mesma.

"Gabriel... cadê você?", se perguntou mais uma vez, ficando ainda mais nervosa.

Mas, para fazer o medo crescer ainda mais dentro de seu estômago, ela nota que um deles caminha na sua direção. Os outros ficaram onde estavam, protegendo as motos ou apenas vendo como seria o progresso do amigo.

O homem que vinha na direção de Laysa era muito grande (provavelmente tinha um metro e noventa, no mínimo); seus braços eram tão musculosos que podiam rasgar o tecido da camisa a qualquer instante; seus cabelos eram brancos e longos, indo até a altura da garganta, e havia um pano que cobria parte de seu cabelo e de sua testa. Havia piercings por todo o seu rosto, deixando sua face ainda mais assustadora, mas também o envelhecendo várias décadas.

Sangue de LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora