Capítulo 42 - Preocupar

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Capítulo 42 - Preocupar

3 dias antes da Lua cheia.

   Quando Bill chegou na Casa, percebeu que José o estava esperando, na sala. Pela sua expressão, queria dizer alguma coisa.

   -O que foi? - perguntou a primeira coisa que lhe veio a mente. Deslizou a alça da mochila para longe do ombro, a fazendo cair em cima do sofá velho. - Você parece tão... preocupado.

   -Abalado. - respondeu ele, sarcasticamente. Gostos como esse eram difíceis de serem abandonados. - Intrigado. Curioso. Apavorado.

   -Calma...! - pediu Bill, abrindo as duas mãos e as levantando na frente do corpo. - Desse jeito, ficaremos aqui por muito tempo, se resolver citar todas as suas emoções.

   -Foi mal, mas é que assunto pode ser bem preocupante.

   Do jeito que ele disse, parecia que a preocupação era mesmo iminente.

   -O quão sério? - perguntou, com a testa franzida. Uma ruga fina e pequena surgiu entre seus olhos, dando a ele um ar mais velho.

   -Me diz você. É sobre a Fernanda.

   "Minha irmã...". A julgar pelo tema a ser tratado com a euforia preocupante que jorrava do corpo do Selvagem, não seria coisa boa, como já devia estar claro.

   Bill olha ao seu redor. Só havia os dois na sala, empoeirada e com móveis quase chegando ao seu fim. Quando usa sua audição licantropica, percebe nada. Apenas o som do vento, que agitada as folhas da Tree Red no exterior da Casa, e o da respiração de José eram ouvidas.

   -Aonde estão os outros?

   -Alguns saíram para a cidade. Outros devem estar na floresta. Mas de uma coisa eu posso afirmar: só há nós dois aqui.

   -Ótimo. Tenho a impressão de que seja lá o que a minha irmã aprontou, ou que irá aprontar, será grave demais para ser dividido com o restante do bando.

   -Para falar a verdade, serei apenas aquele que passará a mensagem.

   -Chega de enrolar, José. Me diz o que aconteceu com Fernanda. O que foi que ela disse ou fez para você?

   Como se quisesse criar um pouco mais de suspense, José encara seu Alfa por mais segundos que o necessário.

   -Ontem de madrugada, não sei bem que horas eram, fui acordado por sua irmã. No início achei que ela iria pedir algum favor, ou perguntasse aonde você estava. Mas então ela me fez uma pergunta que me deixou um bom tempo intrigado.

   Bill nesse momento arregalou os olhos, esperando pela notícia. Não podia negar que Fernanda podia despertar várias imagens imaginárias em sua mente, cada qual com uma ocasião diferente e temerosa. Conforme o suspense de José se prolongava, Bill pensava o pior.

   -Ela me perguntou quem foi que matou o Thiago.

   A frase demorou para ser absorvida. Verdadeiramente, Bill não viu essa hipótese passar por sua cabeça. Mas quando esta passou por seus ouvidos, a reação foi outra. Espanto.

   Esse assunto já devia ter sido esquecido - pelo menos conformado. -, mas percebeu que Fernanda ainda desenterrava fragmentos dolorosos de seu passado.

   -E o que você respondeu? Não me diga que disse a verdade. - a voz do garoto mudou até ficar em estado de alerta. Não queria nem imaginar os fatores que se colocariam na história se Fernanda tivesse esse nome em posse.

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