Capítulo 46 - Invadir

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Capítulo 46 - Invadir.

1 dia antes da Lua cheia.

   Sara tinha quase certeza de que estavam perdidas. A informação de que pudessem estar no caminho certo não procedia para a garota, que julgava estarem andando em círculos.

   -E se formos atacadas? - perguntou ela, olhando a todo momento para cima, na direção da copa das árvores, temendo que lá pudesse encontrar alguém - ou algo -. - E se formos mortas?

   -Não seremos atacadas, e nem mortas. - disse Mya, com um sorriso no rosto. Era simplesmente hilário o modo como sua amiga demonstrava seu medo.

   Ao contrário de Sara, Mya não esboçava temor com um fator, pouco convincente, de "estarem perdidas", porque acreditava no "sistema de localização" embutida em sua mente. Desde que Fernanda a levara até a Casa, pela primeira vez, há semanas atrás, o caminho ficara permanentemente impresso em seu consciente. Era como se fosse o endereço de sua casa - um fator que fazia com que essa informação não ficasse perdida no meio de tantas outras e, logo após, sendo esquecida.

   Ela tentara convencer Sara disso, mas era como muitos diziam: "Entrava por um ouvido, e saía pelo outro".

   Então percebeu que esses temores da amiga só se acabariam quando chegassem na sede da festa. Por isso, resolveu não prolongar essa conversa.

   Porém foi estranho o fato de que Sara havia parado de se lamentar. Quando Mya olhou na sua direção, a viu olhando para baixo, com uma expressão notável de tristeza. Aquilo realmente a "pegou" desprevenida, um ato que prosseguiu a outro: Mya parou de andar, tentando entender o porquê de Sara ter a reação mudada drasticamente.

   Esta, porém, só foi perceber que não estava mais tendo uma companhia nas passadas mais a frente. Parou, olhou para trás - com a sua visão noturna a ajudando nesse requisito, apesar de Sara não saber muito bem como usá-la voluntariamente -, na esperança de que Mya dissesse qual era o problema. Mal ela sabia que o problema era com ela.

   -O que foi? - perguntou ela. Isto fez com que Mya desse alguns passos para a frente, mas ainda ficando atrás de Sara. - O que aconteceu? Esqueceu o caminho definitivamente?

   -Não... eu já disse que sei o caminho. - argumentou Mya, achando que cedo ou tarde perderia a paciência nesse assunto. Ela já havia falado isso várias vezes: sabia o caminho. Só estavam demorando para chegar ao destino por quê ela e Sara não estavam caminhando em passadas largas. Se corressem como Mya e Fernanda haviam feito no primeiro dia de visita da garota, então já teriam chegado. - Quem devia perguntar o quê está acontecendo sou eu. Por que você ficou triste repentinamente?

   Sara voltou sua cabeça para a frente, e pela maneira como seu pescoço se inclinou, ela olhava para baixo.

   -Eu pesquisei... sobre a Lua cheia... - começou ela, e conforme ela falava Mya caminhava para a frente. - E descobri que ela é amanhã. Não me lembro se você me contou sobre essa data ou não, mas o que significa nesse momento é que amanhã, provavelmente em uma hora como essa, eu me tornarei uma... coisa...

   -Achei que esse assunto já tivesse sido resolvido. - Mya agora estava ao seu lado, e depositou sua mão aberta sobre o ombro da amiga. - Achei que já tivesse se acostumado...

   -Esse costume nunca vai acontecer! - exclamou Sara, se virando bruscamente na direção de Mya. - Já disse antes, e vou voltar a dizer: não vou aceitar essa Transformação com braços abertos.

   -Não espero isso de você. Não espero nem de mim isso! - Mya achava essa discussão sem importância. Já sabia que a dificuldade que Sara encontraria na Lua cheia - sem a ajuda que tanto ela quanto Bill queriam lhe fornecer -. - Por que não continuamos seguindo em frente e chegamos na festa de uma vez?

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