Capítulo 27 - Criar

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Capítulo 27 - Criar

13 dias antes da Lua cheia

   Os lábios de Bill e Mya se encontraram novamente. E mais uma vez depois disso. E mais uma vez, como se fosse um DVD repetindo as mesmas cenas freneticamente.

   Essa cena não deixava a mente da garota. Era como se tivesse marcada ali com um tipo de cola diferente. Uma cola da paixão.

   Enquanto dormia e sonhava com Bill, Mya criava várias hipóteses para explicar o que estava sentindo pelo garoto naquele momento. Podia ser apenas um efeito colateral devido á beleza do Alfa ou a energia que era causada quando se beijavam estava mexendo com a sua cabeça, impedindo-a de pensar claramente.

   Mas essas possibilidades foram descartadas como se tivessem levado um tapa. Não era nada disso. O que estava sentindo por Bill era mais forte do que imaginava. Não era devido aos beijos ou á sua aparência - apesar desses critérios contribuírem cerca de 15% de tudo o que sentia -, mas sim de algo mais ardente. Era devido ao que ele era: gentil, confiante, radiante. E, é claro, determinado.

   "Não sou qualquer garoto", foram essas as palavras que ele usou quando ela achou o bilhete e perguntou o porquê de não ter enviado a mensagem pelo celular. Essas palavras mostravam o quanto ele a queria - não de maneira sexual, mas de um jeito romântico e cavalheiresco. Durante todos os poucos dias em que conheceu Bill Jordan, nunca tinha pensado na potência dos sentimentos dele em relação á ela - achava que o considerado "amor á primeira vista" era apenas fruto da imaginação de algum diretor de novela ou filme -, mas tudo mudou quando ele a beijou pela segunda vez.

   O beijo, é claro, durou um tempo inferior ao primeiro que deram, durante a festa de Patrícia Aurum. Mas a corrente elétrica que vibrava em suas veias continuaram com a mesma potência. Como havia pensado antes, o tempo não tinha relatividade quando se fazia algo da qual uma pessoa gosta. E beijar Bill podia entrar nessa categoria.

   Seu corpo dorminhoco se vira para a esquerda, e seus olhos tremem levemente diante das novas imagens que passavam pela sua mente. A maneira como os olhos azuis do garoto pareciam brilhar quando encaram a superfície lisa de seu rosto; o modo como seus lábios se transformavam em um sorriso facilmente; o jeito como ele a tocava em algumas vezes, como se tivesse medo que ela pudesse virar pó em suas mãos. Tudo isso e muito mais mexia com o coração de Mya drasticamente.

   Ela podia supor que ele gostava dela - apesar de ter algumas dúvidas de que Bill sentia algo um pouco mais forte que isso.

   Esse pensamento fez seus olhos se abrirem lentamente. No início não se movimentou, ficou imóvel como se fosse uma estátua. Enfim se ajeita de forma que ficasse deitada "de barriga para cima", e encara o teto como se ali estivesse passando o filme de sua nova vida. A vida lupina. Uma vida que Bill fazia parte de alguma maneira, sendo ele seu treinador, amigo ou algo mais sério que isso.

   Depois vira sua cabeça para a esquerda, olhando para o despertador ao lado da cama. Usando sua visão licantropica nota que são 3:48 da manhã. Ainda faltavam mais de duas horas para toda a casa acordar, mas o corpo de Mya cismava em não dormir.

   O cérebro da garota formulou uma frase simples, mas de extrema importância. Uma que Mya não sabia qual era a resposta, mas tinha preferência de ser aquela que ela queria que fosse. A pergunta era: "Você ama ele?".

   Ela ficou pensando nisso. O relógio marcou 4:02, mas ela continuava encarando o teto de seu quarto, tentando encontrar a resposta para essa pergunta. Sabia que havia apenas duas repostas para esse tipo de questão: sim ou não. Essas duas únicas palavras, de sentidos opostos, eram pequenas, mas suas importâncias eram grandiosas, tanto para um quanto para o outro.

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