Capítulo 12 - Cheirar

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Capítulo 12 - Cheirar

25 dias antes da Lua cheia

Quando Mya abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi um teto pintado por tinta branca. Ao olhar para sua esquerda, vê um armário de mogno branco recheado de recipientes de remédio e cartelas de pílulas. Ao lado da cama se encontrava uma maca forrada por um fino lençol branco, como aqueles usados nos hospitais. Quando olha para a frente, vê uma mulher parada perto da porta. Estava anotando algo em sua prancheta enquanto seus cabelos loiros caiam sobre seus olhos verde-mar. Ela não tinha percebido que a garota tinha acordado; em sua camisa branca estava bordado seu nome: Valéria.

-Olá? - disse Mya, e isso atraiu a atenção de Valéria. Esta caminhou na direção dela, fazendo uma bolinha de chiclete no caminho. - Onde estou?

-Está na enfermaria da escola. Como está se sentindo? - perguntou Valéria, olhando para a prancheta em vez do rosto de Mya.

-Bem - disse a garota, tentando se levantar. Ainda estava com seu uniforme, então não estava ali há muito tempo. Quando olha para o relógio de ponteiros, localizado em cima da porta, percebe que era pouco mais que duas horas. Ela tinha desmaiado por quase uma hora. - O que aconteceu?

-Você desmaiou - disse Valéria. "Sério", queria dizer Mya, "Nem percebi".

-Porque?

-A principal hipótese é que foi alguma reação alérgica.

Ao ouvir isso, Mya lança um olhar simpático para Valéria, e volta a deitar. A enfermeira sai, e quando a porta se fecha atrás dela, Mya não deixa de se perguntar, baixinho:

-Reação alérgica? Mas reação alérgica a quê?

***

Kyle tinha se negado á sair. Desde que levaram Mya para dentro da enfermaria, ele continuou ali, sentado no banco ao lado da porta, esperando ela ser aberta pela garota. Ficou fazendo de tudo para manter-se ocupado durante esse tempo - como por exemplo ficar mexendo as mãos de jeitos estranhos.

Enquanto fazia uma dessas "ações para matar o tempo", passos ecoavam pelo corredor, ficando mais altos a cada vez que se aproximavam. Quando Kyle levanta o olhar, vê uma das garotas que estava antes com Mya se aproximando. Em um dos lados dela vinha um homem, e no outro uma mulher. Os óculos do homem estavam prestes a cair de seu nariz e os cabelos loiros da mulher estava amarrado de um jeito inapropriado. Quase como se ela tivesse amarrado-os rapidamente e sem olhar para o resultado.

A garota se aproximou de Kyle, que já tinha se levantado. O homem e a mulher tinham ficado um pouco para trás.

-E então? - perguntou a garota. - Ela já acordou?

-Não sei - disse Kyle, tentando soar calmo. - Não recebo notícias da enfermeira há uma hora e meia.

Como que ouvindo a conversa, a enfermeira da escola - Valéria - abre a porta e sai. Ela para no meio do corredor e começa a olhar a prancheta que trazia consigo. O homem e a mulher se apressam para alcança-lá.

-Sim, pois não? - perguntou Valéria, percebendo os dois se aproximando.

-Como ela está? - perguntou o homem.

-No começo ela estava tendo uma crise respiratória. Isso explica o porque dela ter desmaiado.

-Mas porque ela não conseguia respirar? - perguntou a mulher. Sua voz estava controlada, como se a qualquer momento ela fosse chorar. Apesar de estar um pouco longe, Kyle pôde perceber que os olhos da mulher eram verdes, assim como os de Mya, - ele tinha descoberto a cor dos olhos da jovem quando eles tombaram, antes dela ter desmaiado. - então supôs que ela era a mãe de Mya. O homem devia ser o pai. - Que eu saiba, minha filha não têm asma.

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