Capítulo 48 - Embrulhar

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Capítulo 48 - Embrulhar

Dia de Lua cheia

   Mya abre os olhos, a claridade ofuscando sua visão logo após suas pálpebras serem abertas. Sua cabeça doía um pouco, mas não era por causa de uma suposta dor de cabeça. Tudo o que tinha acontecido na noite anterior - há poucas horas, sendo mais específica - vagava na sua cabeça, como uma lembrança marcada à ferro. As lutas... As mortes...

   Tod tendo a chance de matar o seu namorado.

   Essa dúvida a corroía como ácido dentro de suas veias. Se sentou sobre o colchão e procurou o celular na cabeceira ao seu lado. Sentiu um aperto na garganta quando percebeu que não tinha nenhuma mensagem recebida, ou alguma ligação perdida. Se Bill estivesse bem, ele ligaria. Não é?

   Pensou em ligar, mas depois percebeu que ele poderia estar dormindo. Ou morto.

   Balançou a cabeça, não querendo mais pensar nisso. "Ele está bem", pensou, como um aviso para si mesma. "Vou encontrá-lo daqui á pouco na escola", mas a dúvida a incomodava a tal ponto de querer gritar seu nome aos quatro ventos, para que ele pudesse ouvir toda a sua preocupação. Porque ela se preocupava com ele, e era um sentimento que nunca imaginaria poder experimentar.

   Jogando as pernas para fora da cama, ela respirou fundo. Os eventos da noite anterior passavam pela sua cabeça durante esse tempo, parecendo cenas de um filme da qual ela queria esquecer por completo.

   Sentiu um cheiro gostoso de torradas quentes vindo do andar de baixo, e sabia que já era a hora de acordar. Se levantou, esticando os seus braços até o mais alto que podia, sentindo que o aquecimento colocava os músculos de volta à ativa. Porém quando se virou na direção da janela, com apenas uma imprevista vontade de ver a paisagem lá fora, leva um susto ao ver Bill, parado ao lado desta, a encarando com um olhar cansado, porém amável. Os braços cruzados na altura do peito, ligados ao sorriso torto que não dera ao trabalho de esconder, mostravam o que Mya tanto queria saber: ele estava bem.

   -Que susto! - indagou ela, colocando a mão sobre o peito. Mesmo estando um pouco assustada, a felicidade alastrava por todo o seu coração. - Por que não me avisou que estava aí?

   -Queria lhe fazer uma surpresa. - ele falou, com calma. De alguma forma, a cautela da qual foram pronunciadas as palavras lançou um jato de choque pelo corpo da garota de uma maneira que nunca sentira antes. Ela não conteve um sorriso. - Espero não ter ocasionado em você um suposto ataque cardíaco.

   -Não... Não se preocupe. - Mya olhou para o seu lado esquerdo. De alguma maneira, ter um garoto dentro de seu quarto lhe deu uma sensação de timidez e até de vergonha. Sabia que era bobagem sentir isso em relação ao Bill - tinha certeza que ele não faria nada com ela, a menos que a garota quisesse -, mas o fato de estar de pijama a colocou em um estado da qual sentia que suas bochechas coravam.

   Não era necessariamente um pijama. Se tratava de uma camisa longa o bastante para chegar até a metade da coxa. O short que usava não aparecia devido ao tamanho, o que criava a hipótese de que ela só estaria trajando aquela camisa, e nada mais.

   Bill percebeu que a namorada estava tentando desviar o olhar para não encará-lo. Não precisou nem usar a visão licantropica.

   -Quer que eu volte depois? - perguntou ele, apontando o polegar para o ponto às suas costas, dando a entender que ele se referia ao exterior do quarto. - Podemos nos encontrar na escola, se preferir.

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