Capítulo 18 - Escalar

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Capítulo 18 - Escalar

20 dias antes da Lua cheia.

-Olá... - gritou Mya, olhando ao seu redor, em busca de algum sinal de Bill. A única coisa que via eram árvores e mais árvores (o que se podia esperar quando estar dentro de uma floresta). Alguns pássaros - que provavelmente estavam descansando em cima dos galhos altos das árvores - levantaram vôo quando ouviram a voz de Mya, e o local se encheu de som das asas batendo e se distanciando.

Quando o barulho enfim cessou e o silêncio voltou a reinar o local, Mya sentiu uma corrente de vento batendo em suas costas. Isso fez parecer que seu corpo estava de costas para uma geladeira aberta. Quando ela se vira, não encontra nada de mais. "Vai ver eu apenas imaginei isso", pensou. De repente ela sentiu novamente o vento frio, só que desta vez ele passava em torno de seu braço esquerdo, parecendo se ondular no membro. Foi só então que ela descobriu que essa sensação congelante vinha de dentro do seu corpo. Parecia que uma corrente de ar passava dentro de suas veias, esfriando seu sangue até parecer um rio durante um inverno. Isso fez com que o braço de Mya ficasse dormente a certo ponto que qualquer movimento, seja lá qual fosse, chegava a incomodar. Ela levantou a manga da camisa - que chegava até a metade dos dedos - até a altura da dobra do braço. Quando seus olhos focaram na sua mão, ela sentiu sua própria respiração parar. Nas costas da mão esquerda, a mancha branca estava se movendo. Ela estava mesmo se movendo. Parecia que um pedaço de gelatina havia caído ali e agora se balançava. Parecia algum tipo de gosma, e algumas partes dela se locomoviam lentamente, mas sem sair do lugar. Era algo tão assustador que Mya desviou os olhos por um momento. Quando voltou a encara-lá, sete segundos depois, a mancha estava parada.

-O que... - argumentou a garota, sem entender o que tinha acabado de acontecer. "Será que eu imaginei aquilo tudo?", pensou. Quando ela olhou para as costas da mão, a mancha estava se contraindo; seu tamanho lentamente diminuia, até ficar do tamanho de uma moeda de um real.

Tudo estava acontecendo rápido demais. Mya não conseguia entender o que estava acontecendo consigo mesma. Aquela mancha havia aparecido misteriosamente quatro dias atrás, e agora se movia como se tivesse vida própria. Era o suficiente para deixar qualquer um em plena dúvida.

-Mya? - disse uma voz vinda de trás da garota. Ela rapidamente desliza a manga da camisa para cobrir a mão e se vira. Bill estava do outro lado da clareira, a encarando com seus olhos azuis enquanto as mãos, como sempre, estavam escondidas nos bolsos das calças. Naquele momento, ele estava usando uma camisa polo cinza com a gola levantada, de modo que parecia um daqueles vampiros dos filmes de antigamente. Trajava também calças jeans com rasgos nos joelhos e calçava tênis da Nike.

-Oi?! - disse ela, tentando soar calma. Mas em sua mente a imagem da mancha se movendo ainda estava clara. E ainda saber que ela poderia estar se mexendo naquele momento não ajudava. Então sua voz saiu meia rouca e forçada. Internamente ela torceu para que Bill não tenha percebido isso.

-Oi... Está tudo bem? - perguntou ele, sem parar de olhar para ela. Era como se seus olhos quisessem tirar a verdade dela, pois se focavam em seu rosto de modo perturbador, mas ao mesmo tempo confortante.

-Está. - disse ela, tentando mostrar um sorriso que demonstrasse que estava tudo bem. Esperava que ele não parecesse o de uma pessoa louca. - Porque acha que não está tudo bem?

-Porque você está sorrindo como se fosse o Coringa - argumentou ele, e isso fez ela rir. Um riso verdadeiro e sem preocupação.

-Me desculpe - pediu ela. - E então, vamos treinar o que hoje? - Ela queria fazer alguma coisa que pudesse distrair sua mente. Não queria ficar pensando freneticamente naquilo em sua mão.

Sangue de LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora