Chuva de Outono

565 93 247
                                    

Levi terminava de dar mais uma aula em uma sala de ensino médio comum. Olhou em seu relógio de pulso e viu as horas, marcavam 14h50. Resolveu terminar a aula dez minutos mais cedo, afinal, teria que receber as flores na sua sala.

─ A aula terminou – sentou em sua mesa. – Alguma dúvida? – olhou os alunos, torcendo para que ninguém levantasse o braço. Não que não gostasse de ensinar, pelo contrário, mas gostava de honrar com seus compromissos.

Olhou e não havia ninguém com a mão levantada. Guardou suas coisas indo em direção a porta, quando um aluno veio em direção a sua mesa para tirar uma dúvida que possuía em relação ao calendário de provas. Olhou no relógio, faltavam cinco minutos e o aluno não calava a boca.

Finalmente, após dez minutos de perguntas diversas, o aluno foi embora. Levi jura que ouviu dos colegas do mesmo: "─ Você é corajoso de perguntar algo para ele."

Revirou os olhos, saindo logo atrás do aluno, indo em direção a sua sala.

Chegando, ouviu vozes vindas de dentro do local. Abriu a porta, enquanto terminava de ouvir:

─ Eren, cuidado. Você está na sala do Capitão Levi! Já ouviu os horrores que falam dele? Certa vez me contaram que um cachorro estava latindo para ele e só de ele olhar pro cachorro, o cachorro começou a chorar. Dizem que animais vêem demônios, isso significa que o cachorro... – foi interrompido por Eren.

─ Armin, para com isso. Estou com o viva voz ligado porque estou com as mãos ocupadas com o buquê, o cartão e a caixa de chocolates, se o professor Levi ouve eu estou fodido – disse com a voz meio preocupada.

─ Se eu ouço o que, Eren? – Levi chamou a atenção de Eren, que olhou com um olhar de puro desespero.

─ Eren, preciso desligar. Até – Armin ouviu Levi do outro lado da linha e percebeu que seu amigo poderia estar encrencado, portanto, desligou a chamada.

─ Nada, professor – sorriu nervoso.

─ Foi o que pensei – disse arrogante indo até Eren. – O que é esta caixa na sua mão? – perguntou ao ver que as mãos de Eren continuam uma caixa embrulhada e o buquê.

─ Ah! A floricultura da minha mãe está com uma promoção, onde quem comprasse o maior buquê, ganhava de brinde uma caixa de chocolates – disse esticando a caixa para que Levi a pegasse.

Levi olhou a caixa, muito bem embrulhada com um laço vermelho finalizando o pacote. – Sua mãe gosta de laços vermelhos, pelo que percebi.

─ Ah, sim. É uma tradição nossa. Vermelho traz amor – disse sorrindo grandemente. O coração de Levi deu uma fisgada de leve. Além de olhos lindos, tinha um sorriso encantador.

Seus pensamentos foram interrompidos por um trovão do lado de fora.

─ Melhor eu ir. Vai chover e não estou a fim de pegar chuva – disse quebrando o silêncio.

Eren olhou para Levi, que estava encarando-o. Encarou de volta, se perdendo nos olhos azuis. Olhou mais atentamente os traços de Levi: seu cabelo em um corte undercut perfeitamente alinhado, seus olhos estreitos azuis claros, com olheiras, mas sem emoção alguma, seus lábios finos. Por um momento, imaginou como seria beijá-los. Corou fortemente com o pensamento. Até parece que um professor iria dar moral para ele; porém, por um minuto, sentia a estima crescer com o professor o encarando tão profundamente. Será que o achava bonito? Ou que o achava um incomodo e queria que ele saísse logo dali? Não sabia bem.

Seus pensamentos foram interrompidos por mais um trovão.

─ Com licença – esticou o buquê, para que Levi pegasse. – Estou de saída.

O Nosso Fio VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora