La Campanella

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N/A
OIOIOIOIOI GENTE!
🎧 recomendo ouvirem a próxima "la campanella" enquanto lerem, é perfeita 🎧
esse capítulo é muito significativo pro nosso levi! 🌷
boa leitura ✨✨✨

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Levi começou a dedilhar as teclas, seguindo o ritmo calmo e leve que o concerto exigia. Como era uma competição nacional, não era permitido o uso de partituras, mas não seria necessário, pois havia decorado todas as notas em sua cabeça.

Logo que dedilhou as teclas, todos do teatro ficaram imóveis e alguns até murmuraram e cochichavam. Aquele havia sido o último concerto que Rivaille havia tocado, antes de simplesmente desaparecer daquele mundo. Não foi preciso dizer que após alguns segundos ouvindo, todos os presentes há muito tempo não viam e ouviam algo de tamanha magnitude. Os dedos pareciam voar diante daquelas teclas.

Sabiam que não era qualquer pianista que se arriscaria a tocar La Campanella, ainda mais em uma competição onde qualquer mínimo erro – esses notados pelos jurados rígidos e doutores no assunto –, poderia ocasionar na perca do primeiro lugar; mas para quebrar toda essa crença, lá estava Rivaille tocando de forma tão leve que parecia que qualquer um poderia fazer aquilo.

─ De fato, ele está de volta – um dos jurados comentou com o outro de forma baixa.

─ Sem dúvidas. Observe toda essa técnica – outro comentou, extasiado.

Levi continuava tocando, sentindo um misto de sensações crescerem em seu peito a cada vez que dedilhava as teclas. O que era aquilo? Ansiedade, satisfação, incertezas, dúvidas, medo, culpa. De repente, todos os acontecimentos do passado vieram novamente lhe assombrar diante de sua apresentação.

Não. Sua mente não poderia se sabotar. Não naquele momento!

Foco, Levi. Foco! Aqui não é o momento para isso – pensava em sua cabeça, sem deixar de tocar.

Não erraria uma nota sequer. Não poderia. Tinha que ser impecável e sua mente não o faria errar. Sua técnica era perfeita. Lembrou-se de todas as noites em claro que passou com suas mãos e seus dedos dormentes e pequenas câimbras às vezes devido aos movimentos repetidos. Não poderia desistir de tudo ali agora por conta de seu passado. Não jogaria tudo para o ar como havia feito uma vez.

Lembrou-se das palavras de Pixis para si. O seu passado não tinha como ser apagado, fazia parte de sua história, mas não o definia. Sim! Era isso. Não o definia. Nada daquilo o definia mais.

Tinha que ser forte. Tinha que lutar.

Lute, Levi! Lute – pensava consigo mesmo.

Levi estava iniciando o segundo movimento da música e a platéia estava estagnada. Juravam que podiam ver cores e sentimentos saírem daquele piano a cada tecla pressionada. Porém, era tudo tão triste, as cores eram tão neutras. Sem dúvidas, era uma apresentação de Rivaille Ackerman. Tudo aquilo que falavam na época, desde sentimentos, emoções, cores, cheiros; toda aquela sinestesia estava ali presente naquele palco e todos ficaram hipnotizados. Mesmo depois de tanto tempo, ele era o único e capaz de fazer aquilo e era algo para se apreciar de forma maravilhada.

Levi olhou para frente do piano e, de repente, viu um pequeno corpo parado do outro lado do palco, encarando-o. Parecia muito com ele quando era pequeno. Estava com os cabelos penteados de uma forma meio lambida – penteado que sua mãe fazia em apresentações –, usava seu terno cinza e estava incrivelmente sorridente.

As notas eram apertadas de forma rápida no piano, conforme exigia aquela passagem e seus olhos não saíam daquele pequeno corpo ali, há poucos metros a sua frente. O que era aquilo, afinal? Um espectro? Uma lembrança? Sua mente novamente? Não sabia. Porém, seu coração se acelerava mais e mais.

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