O Nosso Fio Vermelho

Sonho

— Estou ansioso — Eren dizia dentro do carro.

— Não é só você — Levi sorriu, estacionando o veículo em frente a um orfanato.

Levi e Eren já estavam casados há três anos e há seis meses resolveram que talvez estivesse na hora de dar mais vida para a casa com uma criança. Conversaram e resolveram que era hora de adotar. O processo de adoção, apesar de complexo, foi tranqüilo e passaram pelas etapas sem muita dificuldade.

Logo que o casal foi até o orfanato de Shiganshina e disseram que o desejo era adotar uma garota, a madre Frieda apresentou a única menina que estavam abrigando ali – pela cidade ser pequena, só estavam com cinco crianças em todo o orfanato, sendo quatro meninos e uma menina – e foi paixão a primeira vista.

Seu nome era Gabi e tinha acabado de completar um aninho e seis meses. Tinha cabelos castanhos um pouco abaixo do ombro e olhos da mesma cor, pouca coisa mais claros que as madeixas. Bochechinhas fartas e rosadas, nariz pequeno e empinado. Era simplesmente adorável e logo que bateram seus olhos nela ambos se lembraram de um sonho que tiveram há muito tempo atrás e por mais que não se lembrassem do nome ou a aparência da menininha que no sonho era filha deles, sabia que Gabi era a escolha perfeita para si.

Logo que Levi e Eren mostraram o interesse na garota, Frieda falou sobre seu histórico. Vitima de uma fatalidade de um acidente de carro em uma rodovia, Gabi foi a única da família que milagrosamente sobreviveu ainda com poucos meses de vida; no entanto, era uma garotinha animada, muito inteligente e desconfiada mesmo ainda muito novinha. Antes deles, outros dois casais tentaram adotar a pequenina e desistiram ainda nos estágios de aproximação devido ao temperamento da mesma se mostrar um tanto explosivo com quem não gostava.

Agora estavam indo para a etapa de aproximação, onde iriam conhecê-la e até mesmo levá-la a algum tipo de passeio se vissem que a visita tinha sido um sucesso nas primeiras horas.

— Ela normalmente fica na brinquedoteca — Frieda disse enquanto guiava o casal entre os enormes corredores. — Gosta muito de desenhar e não gosta de se enturmar com os meninos, já que são um pouco maiores do que ela. Ela fala muito para a idade dela também e é bem curiosa, então talvez algumas perguntas saiam se ela se sentir confortável com vocês... Vou deixá-los com ela por algumas horas para se conhecerem melhor, essa parte é importante... O primeiro contato é realmente essencial e faz total diferença nesse processo de adoção. Espero que vocês consigam se aproximar e que ela tenha um lar feliz com vocês — ela sorriu para os dois. — Ah, outra coisa também. Gabi não usa fraldas mais, o que é bem raro na idade dela, mas creio que seja pelo fato dela ser uma criança diferente das outras. Então é uma coisa a menos, não terão as bombas terríveis dos nenéns — ela fez uma careta e o casal sorriu.

Frieda abriu as duas portas grandes de madeira que davam acesso a brinquedoteca, encontrando Gabi sentada em uma mesinha pequena com alguns lápis de cor espalhados e giz de cera também.

— Gabi, tem duas pessoas que gostariam de te conhecer — ela foi até o lado dela, acariciando os cabelos castanhos soltos.

A garotinha olhou para Eren e Levi com olhos curiosos e depois encarou a mulher ao seu lado, inclinando a cabeça.

— Tá bem, tia — ela disse e Frieda se levantou, olhou para os dois que pareciam ansiosos e sorriu.

— Boa sorte e calma. Vocês vão se sair bem — ela sussurrou antes de sair e fechar a porta.

Levi e Eren se encararam, como se passassem confiança um para o outro e a menininha parecia encantada com algo que via nos dois, pois os olhinhos grandes castanhos estavam brilhando.

— Oi — ela acenou, sorrindo, ao ver os dois se aproximarem da mesinha e sentarem cada um de um lado.

— Oi, mocinha — Levi sorriu. — Me chamo Levi.