O Nosso Fio Vermelho

Encantado

Eren abriu e fechou a boca diversas vezes, encarando Armin e sua mãe no processo, tentando procurar uma desculpa plausível. Olhou para o amigo e o mesmo estava com uma cara de "sinto muito". Não era culpa dele, afinal, Eren havia envolvido o loiro sem nem ao menos avisá-lo.

─ Sente – Carla disse ainda nervosa, sentando-se na ponta da mesa.

Eren suspirou e sentou-se de frente e Armin e ao lado de sua mãe. Estava ferrado. Deveria dizer a verdade para ela? Bagunçou os cabelos castanhos, sendo observado pelos dois.

─ E então, Eren? – Carla virou-se para ele, encarando-o. Há muito tempo Eren não via aquele olhar nervoso de sua mãe.

─ Eu tive que ir em um lugar... Sinto muito em mentir, não deveria – disse meio nervoso, encarando Armin e Carla.

─ Que você teve que ir em um lugar eu sei, pois precisou mentir para mim... – dizia ainda nervosa. – Mas onde você foi? Com quem foi? Por que mentiu para mim?

Eren abriu e fechou mais algumas vezes, sem dizer nada. Tinha medo da reação da mãe – e agora do amigo a sua frente – ao dizer onde esteve e com quem esteve. Apoiou os cotovelos na mesa e colocou o rosto nas mãos, em puro nervosismo e frustração.

Armin, observador e inteligente como era, vendo toda aquela frustração do amigo e nervosismo, já presumiu do que se tratava e não pôde deixar de se indignar. – Eren, não me diga que você estava no apartamento dele – disse com a voz nasalada, provavelmente por ter chorado alguns minutos atrás.

─ Dele? – Carla ergueu a sobrancelha, tentando entender. – Dele quem, Armin?

Eren encarou o amigo em puro desespero. Como ele havia descoberto? Não, impossível. Estava jogando verde.

─ Levi – Armin cruzou os braços, encarando Eren, como se estivesse analisando-o.

Carla olhou para o próprio filho e, vendo as reações que seu rosto estava fazendo, viu que Armin estava certo e se surpreendeu. Será que eles haviam se reencontrado mesmo? Será que Levi havia ido atrás do filho? Sabia que Eren estava ficando com alguns garotos – e em um palpite pessoal, estava fazendo isso para esquecer o mais velho –, então essa ideia não partiria do filho.

─ Acertei, não acertei? – Armin disse, meio nervoso. Depois de tudo o que Eren havia sofrido, voltar para Levi estava fora de cogitação.

Eren suspirou, frustrado e concordou com a cabeça, deixando o amigo e a mãe surpresos. Sabia que poderia contar com os dois – Armin era seu melhor amigo e confidente e sua mãe, bem, era sua mãe e contava tudo para ela.

─ Eren! Você ficou louco? Esqueceu o que ele te fez? – Armin dizia meio alterado. Aquilo era inacreditável e inaceitável.

─ Nós só conversamos, ok? – Eren tentou justificar. – Não teve nada demais – mentiu, lembrando-se da noite maravilhosa que tivera com o Ackerman.

─ Conversaram o quê? Você nem deveria olhar na cara depois de tudo, ele te traiu e jogou seus sentimentos fora – Armin ergueu a sobrancelha. Carla observava tudo quieta, analisando toda a situação. Ele realmente havia ido ver Levi, será que se acertaram?

─ Eu sei, caramba – Eren alterou a voz, nervoso, fazendo Armin assustar-se. Agora saber o lado de Levi e entendê-lo, de alguma forma, retirou toda a mágoa que tinha pelo mais velho. A confiança ainda continuava quebrada, mas o perdão foi liberado sem nem ao menos perceber. – Mas eu precisava saber dele, precisava saber o que aconteceu. O que tem demais nisso? – disse olhando para baixo.

Armin ficou em silêncio. Sabia, claro, que o amigo tinha direito de saber; mas, em sua cabeça, eram desculpas esfarrapadas e sem fundamento algum. Carla suspirou, colocando a mão no ombro do filho.