Before and After (HIATUS)

"Abandono é o frio que ressoa no inverno do desprezo e apaga nossa lua."

Natasha

Logo de manhã meu filho já havia se arrumado para caçar, afiando as suas flechas e prendendo seu arco na bolsa em suas costas. Não gosto que ele use essas coisas.

Nate sentou no sofá e cruzou as pernas, esperando Tobias acordar para partir.

- Que demora do cão. Precisamos sair cedo para termos o que jantar.

Suspirou e levantou do sofá, inquieto, e logo o parei. Queria ser prestativa.

- Posso chamá-lo, se quiser.

Nate fez o seu trejeito adorável com o lábio e assentiu. Fiquei feliz por ter concordado.

Cruzei rapidamente o corredor e parei na porta do seu quarto. Estava entreaberta. Hesitei antes de bater. Com o coração disparado, bati e empurrei a porta com cuidado, os olhos meio fechados por precaução.

- Tobias?

Tobias estava deitado de costas, os braços embaixo da cabeça e os olhos fechados. O cabelo escuro uma bagunça desgrenhada.

Ele não é o tipo de homem que traz mulheres para a casa, graças a Deus.

Com o coração acelerado, respirei fundo e sussurrei o seu nome. Não houve resposta.

Me inclinei e senti o cheiro dele. Não era de cigarro e fumaça igual...

- Tobias, Nate está chamando você.

De repente, o homem abriu os olhos e se sentou.

Antes que conseguisse me afastar, Tobias me puxou pelo pulso e me prendeu entre suas pernas, tirando todo o meu ar. Meu corpo começou a se encher de adrenalina. Me esforcei para não entrar em pânico.

O desespero dominava meu peito enquanto meu cérebro era invadido por imagens terríveis dele. Seu hálito no meu ouvido, se espalhando por minha bochecha e pescoço, as mãos geladas e o cheiro de cigarro, a coisa ereta e quente entre as minhas coxas. Tobias ria enquanto me segurava com força, achando que tudo aquilo não bastasse de uma brincadeira, mesmo eu gritando para que ele parasse.

Logo em seguida, Nate surgiu pelo alvoroço e Tobias olhou para trás, ainda rindo.

- O que está acontecendo aqui?

Uma força enorme e desesperada agarrou meu corpo, então usei sua distração para empurrar Tobias para longe de mim, para fora da cama. Ele caiu no chão do quarto e olhou para mim incrédulo, com confusão genuína em seu rosto.

As lágrimas inundaram meu rosto e meus lábios perderam o controle, gritando os primeiros insultos que me vieram na cabeça.

- Babaca de merda. Cachorro safado. Você é horrível, estava rindo do quê? Por que diabos isso seria engraçado?

- Jesus, era só brincadeira. A senhorita achou que eu ia fazer alguma coisa?

Um ódio inflou em mim conforme minha respiração se tornava cada vez mais difícil, tentando inspirar o bastante para acalmar o furacão surgindo em meu espírito.

- Você é igualzinho a ele. Todos vocês homens são iguais. Bando de porcos sujos.

Nate correu para me abraçar e limpou as lágrimas que escorriam por minhas bochechas. Ele fez cara feia para Tobias.

- Meu Deus, querida. - disse, ficando sério. - Me desculpe.

- Seu porco de curral, não toque em mim nunca mais!

- Me desculpe. De verdade. Não chore, por favor.

A voz dele estava diferente agora, mais suave. Era tudo fingimento.