Jeff
Sentado como um idoso esperando consulta em posto de saúde, eu estava de volta ao grupo de apoio.
Nosso círculo não mudou, ainda eram as bombas sobrecarregadas que eu conhecia da última sessão. As mesmas expressões de melancolia em corpos cheios de histórias à espera de serem contadas, almas cheias de segredos avassaladores, mentes que poderiam escrever inúmeros livros com apenas os eventos trágicos de suas vidas já trágicas, e tudo isso em um edifício em ruínas nas favelas de Denver.
Maior parte nunca tinha visto um modo de vida que não fosse seu compilado de semanas enfadonhas, os boletos se amontoando em gavetas empoeiradas e a preocupação em pagar as contas sem tirar da lista de compras do mês. Eles estavam parados no tempo, seus pensamentos tão impacientes que mal podiam imaginar uma vida em que são melhores, mesmo que desejassem perdidamente serem reconhecidos, que digam que são bons e especiais.
No entanto, notei uma recém-chegada esperando em nossa roda.
Uma nova adição.
De postura retraída, nossa nova figura parecia murcha ao lado das outras, os cabelos cor de trigo caindo como uma cortina bagunçada sobre seus ombros tensos, não havia nenhuma partícula de poeira em seu vestido branco devidamente lavado e passado.
Devido à sua pequena fisionomia, era evidente que ela não devia ter mais de vinte anos. Uma questão pior me veio à mente: o que uma criança como ela faz aqui?
Ela parecia um passarinho acabado de cair do ninho. Garotinha triste e abandonada.
Miranda, a organizadora das sessões, perguntou se ela queria compartilhar.
- Meu nome é Lilian. - ela disse, olhos castanhos tímidos olhando para nós. - É um prazer conhecer vocês.
Deborah levantou a mão.
- Quantos anos você tem, Lilian?
- Dezesseis.
Deborah apertou minha mão, preocupada, e olhei em volta para não encontrar seus olhos.
Lilian fungou antes de continuar.
- Eu... eu fui abusada a maior parte da infância por meu irmão. Quando eu tinha doze, ele estava tendo relações comigo quase todas as noites.
Eu podia ver lágrimas deslizarem por suas bochechas e impacientemente cravei as unhas em minhas palmas.
- Dormíamos no mesmo quarto desde pequenos. Ele vinha para minha cama e começava a passar a mão em mim, dizendo que me amava e que queria fugir comigo. E eu acreditava. - ela contou, com um sorriso em meio as lágrimas, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Como se isso, toda a sua vida, fosse uma piada.
Ela me lembrava de alguém que eu não via há muito tempo. Alguém com quem eu dormia todas as noites.
Uma raiva fria me encheu. Oh Deus, por esta mulher eu sacrificaria cada lágrima que não derramei. Aprendi a viver sem uma porção de coisas, mas não sem ela. Senti tanto a falta daquela idiota que roteirizei brigas inteiras e até reconciliações na minha cabeça. Natasha se mantinha sempre firme enquanto eu perdia o controle. A desobediência a fazia se sentir como autora da escolha, não somente mera vítima do destino. A prova do seu poder. Quando minhas memórias dela entravam em meu quarto silencioso, minha alma se enchia de sua ausência e pegava fogo sob as cobertas.
Como podia deixar que nossa relação acabasse tão rapidamente? Nem mesmo mostrava o quanto meus dedos coçavam quando eu a segurava, ou o quanto eu gostava de agarrá-la e sentir a pulsação. Deus, queria que ela soubesse o quanto meu coração batia forte ao pensar nela, minhas veias bombeando tão rapidamente que meu sangue ardia a cada noite em que permanecia longe de mim.
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Before and After (HIATUS)
FanficJoey tem quatorze anos e mora em uma cabana com seus pais. Tímido e retraído, tem como único amigo, sua fiel cadela, Francine. Ele poderia ser um adolescente comum, mas sua existência esconde um terrível segredo. Sua mãe é Natasha Hoffman, jovem seq...