Sanidade e felicidade são uma combinação impossível.

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Natasha

No quarto de Joey, não havia sinal de Francine. A escrivaninha, antes bagunçada de materiais de ensino, estava coberta por uma espessa camada de poeira, revelando que não era limpa há dias, senão semanas, e puxei suas gavetas, encontrando os cadernos de ensino, estojos, entre desenhos e rabiscos que Joey fez quando menor, linhas de giz de cera que formavam bonecos e cachorros de palito, depois uma bola amarela brilhante com um rosto, um sol sorridente. Uma casa marrom com flores do lado de fora - cor-de-rosa, azuis e roxas, mas nada de sua Bíblia.

Com uma preocupação crescente em meu peito, vasculhei seu armário, abrindo e fechando as gavetas rapidamente, descobrindo que a maioria de suas roupas sumiu.

- Quem é vivo, sempre aparece, não é, Natasha Hoffman?

Ouvindo isso, virei sobressaltada para encontrar Jeff me olhando fixamente, encostado na porta do quarto, os braços cruzados, acusadores.

- Sentiu minha falta, favo de mel?

Um arrepio sacudiu minhas costas. Minha primeira reação foi ficar parada, tal um coelho pego em um clarão, e cuidadosamente fechar a gaveta do armário de Joey.

- Onde está meu filho? - perguntei, me sentindo um pouco mais forte. - Por que as roupas dele não estão aqui?

- Por que quer saber?

- Eu vim buscá-lo. - cruzei os braços. - Agora me diga onde ele está.

Ele riu, seu tom presunçoso aguçando meu ódio.

- Agora? Não acha que já passou um bom tempo desde que você saiu daqui?

A realidade do tempo me atingiu como um punho quando me lembrei de quanto tempo eu estive fora e mais uma das minhas miríades de preocupações que me assombravam o tempo todo, que Joey não aguentaria e iria embora para sempre, ou pior, algo que não poderia nunca perdoar, que Jeff, em seus acessos de raiva, o tivesse matado.

Certificando-me de não entrar em pânico, respirei fundo e tentei parecer o máximo calma e controlada.

- Isso não interessa. Sei o que está tramando, e não quero Joey perto de você. Agora, me responda: onde está meu filho?

Ele franziu a testa.

- Tramando? Que porra é essa, maluca?

- A garota. Nate me disse que você pegou outra menina.

Por um segundo, o rosto de Jeff ficou pálido, mas com a mesma rapidez com que empalideceu, tornou-se roxo igual uma berinjela e ele cerrou os dentes.

- Você não sabe de porra nenhuma! - rosnou, amargamente. - Agora pare de fingir preocupação, todo esse tempo que esteve fora você sequer chegou perto daqui. Mas eu entendo, devia estar muito ocupada exercendo sua profissão de puta.

Franzi o cenho, em incredulidade.

- Do que diabos você está falando, depravado?

- Não sou idiota! - ele afirmou, com uma nota de irritação, dando passos à frente. - Sei muito bem o que você andou fazendo naquela porra.

- Onde está meu filho? - eu repeti, com firmeza em minha voz.

- Agora você se preocupa com ele? Onde estava, quando ele precisava de você, hein, Natasha Hoffman?

- Vamos! Seja homem e admita o que fez com meu filho! Seu monstro!

- Seu bebê foi embora, querida. - ele disse, e algo pareceu quebrar dentro de mim. - Ah, não me olhe com essa cara, como se você fosse a porra da vítima, foi você quem decidiu ir primeiro, sua puta do caralho.

Before and After (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora