Jeff
Sentado à beira da cama, eu esperava minha convidada acordar. Em minha mão, um copo com água fresca para sua garganta seca.
Lilian mexia-se durante seu sono agitado, murmurando frases incoerentes e gemendo baixinho, e eu, o mais calmo possível, acariciei seu rosto e dei tapinhas em sua bochecha. Letárgica, ela abriu os olhos cansados e me encarou estranho, como se não pudesse me localizar.
A primeira coisa que minha convidada fez, ao invés de aceitar o copo d'água, foi checar sua aparência para tentar manter gradualmente sua normalidade. No entanto, Lilian, percebendo seus seios e a renda macia do sutiã, arregalou os olhos em estado de choque e ergueu o rosto para me olhar, imaginando a pior das hipóteses.
- Tive que tirar sua blusa para tratar do machucado. - eu disse, apontando para seu ombro.
Envergonhada, Lilian puxou a coberta e olhou para seu ombro, sibilando de dor enquanto teimosamente corria o dedo pelas suturas.
- Não mexa nessa merda! - mandei abruptamente, com um rosnado. Lilian parou imediatamente ao som da minha ordem e me olhou com olhos chorosos. - Pode piorar.
Levantei e chequei seus pontos, onde as linhas escuras acima do corte permaneciam estáveis, embora costuradas às pressas. Fiz um bom trabalho, pois o corpo desfalecido de Lilian ainda tinha lampejos de vida, movendo-se teimosamente e protestando contra a sensação do meu primeiro nó, gemendo antes de apagar mais uma vez.
Com o rosto abrasado e olhos baixos, Lilian agarrou o lençol sem esquecer que estava seminua, passou em revista os quatro cantos do quarto e viu um vestido jogado no pé do armário, uma peça suja que Joey havia esquecido, qual seria usada para forrar o esconderijo de Isis.
- Q-quero minha blusa. - ela murmurou, se controlando para não começar a chorar.
Suspirando, procurei no armário por qualquer trapo que servisse em Lilian e tirei de lá um casaco folgado limpo. Eu me virei, mas quando vi o olhar negativo dela, fiz uma careta de aborrecimento. Ela se encolheu com meu mau humor.
- Preciso de uma blusa com botões, ou um vestido, algo que seja fácil de tirar. - ela explicou, timidamente.
Dito isso, tirei uma blusa de abotoar do armário e mostrei para Lilian, pedindo sua opinião. Ela acenou com a cabeça e eu a observei se vestir. Não foi tão trabalhoso no início, mas ao levantar o braço suturado, ela soltou gemidos doloridos. Vendo que não conseguiria se vestir sozinha sem estourar os pontos, ajudei-a a colocar o braço direito.
- Eu... agradeço por tudo. Desculpe por estar sendo um fardo. - ela disse, enquanto eu abotoava a blusa.
- Não está sendo um fardo. - eu disse, e por meu tom de voz, achou que eu estivesse mentindo.
- Preciso ir para casa. - murmurou ela. - O-onde está a minha bolsa?
- Não pode voltar assim. Fique por um tempo, até o machucado melhorar um pouco.
Teimosa, Lilian saiu da cama e deu início a uma andança desajeitada, apoiando-se na mobília para avançar, e eu sabia que ela ia cair.
- Lilian, você não consegue nem andar direito.
- C-consigo, sim! - ela disse, que nem uma criança birrenta.
- Ah, claro. Como pretende explicar os pontos no seu ombro então? - perguntei, impaciente.
Em vez de me ouvir e parar, ela continuou cambaleando, entre suspiros ofegantes, finalmente conseguindo atravessar a porta do quarto, seus passos objetivos mas vacilantes me lembrando de Joey quando estava aprendendo a andar; então ela se apoiou na parede, tonta, como se estivesse à beira de mais um desmaio.
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Before and After (HIATUS)
FanficJoey tem quatorze anos e mora em uma cabana com seus pais. Tímido e retraído, tem como único amigo, sua fiel cadela, Francine. Ele poderia ser um adolescente comum, mas sua existência esconde um terrível segredo. Sua mãe é Natasha Hoffman, jovem seq...