I need your forgiveness...| | second season

Capítulo 61

Como não era longe de casa foi rápido mas eu já suava e meu coração queria saltar pela boca.

- Zoe segura a Lua aqui. - Fechei a porta e sai quase correndo com a chave nas mãos.

Entrei no prédio correndo e fui pelas escadas mesmo por medo do elevador ficar parando nos andares e demorar.

Ia ir pra o terraço mas me lembrei de algo...

Voltei pro apartamento e fui até o quarto pegar uma coisa que seria importante. Minha barriga revirava de tão nervosa e eu corria contra o tempo pra não demorar muito.

Sai de casa e puxei a porta correndo rápido até o terraço. Abri a porta e lá tava ela, sentada, calada, seus cabelos voavam, seus braços se abraçavam...

- Billie, por favor, sai daqui. Eu não sei quem te chamou eu fiz de tudo pra... - Ela desabou no choro e eu sentei do seu lado. Encarando vinte cinco andares e lá em baixo uma rua movimentada e um fim de tarde nublado.

- Vai me contar o quê aconteceu?

- Ele... A minha sócia achou um cd na gaveta dele e... Ele provavelmente ia me entregar aquilo se não tivesse morrido. - Soluçou - Era vários vídeos nossos. Meu, dele e da minha mãe. Machucou as duas feridas de uma vez só e não teve remédio que melhorasse. - Ela dizia entre soluços e lágrimas que escorriam por seu rosto e ela limpava com o moletom.

- Eu só queria acabar com essa dor de vez sabe? Eu nunca vou conseguir... Ser feliz naturalmente sem antes me entupir de remédios mesmo então pra quê continuar? Eu só tô causando problemas aqui. É melhor acabar com tudo isso.

- Eu tô cansada, Billie. Cansada de ser enganada, cansada de sempre ser machucada, cansada de sempre ter que ser forte, cansada de me sentir vazia, cansada de tudo. Eu cansei! Eu cansei de tudo na minha vida sempre dá errado e isso só me mostra que eu sou um erro.

- Primeiro foi minha mãe, depois meu pai, eu nunca tinha ninguém antes de você porque as pessoas me achavam estranha, eu nunca tive uma presença paterna realmente porque meu pai não parava em casa quase nunca mas mesmo assim, ele ainda era a única pessoa que era da minha família e eu fui forte no início mas eu cansei de ser forte.

- Eu quero acabar de vez com isso e ser feliz e fazer você feliz também. Você vai encontrar alguém, você cuida da Lu quase sozinha porque eu não tenho desposição nem pra sair da cama e eu vejo que você cuida bem. Você vai achar uma mulher que seja linda, que te faça feliz e que você não tenha que sempre tá cuidado dos problemas.

- E é isso... Eu preciso acabar com isso de vez. Eu só faço mal as pessoas mesmo....

Eu deixava ela falar e desabafar sobre tudo e mesmo sem perceber ela fazia isso.

Olhei pra minha mão e sorri com tristeza.

- Você já perguntou meu ponto de vista?

- Hum?

- Meu ponto de vista sobre você e sobre tudo isso. - Elisa negou.

- Bom, então eu vou te falar.

- Elisa, eu perdi meu pai e eu já te disse que pra mim eu não tenho mãe porque a Maggie nunca foi uma mãe pra mim. Ela nunca gostou de mim e eu sempre tive que lidar com essa rejeição maternal. Meu pai era minha mãe também e ele era minha família e ele morreu.

- Quando ele morreu eu senti como se estivesse morta também e como se eu fosse órfã. Eu tive sim que ser forte a isso e isso me machucou e me machucou muito. Me dói até hoje pra falar a verdade porque a falta dele nunca, nunca mesmo vai embora. Depois eu tive que lidar com a rejeição da mulher que é biologicamente preparada pra me amar mais que todo mundo.

- Eu sofria e isso doía muito por mais que eu não demonstrasse. Eu me sentia a pessoa mais horrível do mundo, eu me sentia um lixo, um nada sabe? Mas eu decidi parar de sofrer com isso e eu aprendi a lidar com isso, pelo menos era o que eu achava.

- Eu entrei no mundo das drogas, eu bebia muito pra esquecer que eu não tinha ninguém por mim e que praticamente todo mundo ao meu redor me odiava até minha própria mãe. Eu fumava e eu tentava preencher esse vazio e essa dor com coisas superficiais.

- Aí você chegou. Você, a pessoa mais doce do mundo. Me mostrou que não é assim. Que sua mãe tinha morrido, que você era mais rejeitada do que eu e mesmo assim conseguia ser alguém incrível e levar alegria onde ia.

- Quando você chegou você me preencheu mas você não me preencheu superficialmente. Não. Você me completou por inteira. Você juntou todos os meus pedaços com apenas um abraço e me ensinou a amar.

- Eu te amo Elisa e eu não te amo porque você tem um corpo bonito ou porque você tem ou não problemas maiores que os meus. Eu te amo porque você é tão grande e sua luz é tão intensa que você preencheu o vazio imenso que existia dentro de mim.

- Eu te amo porque foi que me deu a resposta que eu procurei a vida toda e nunca encontraria. Uma vez meu pai disse que a coisa que ele mais achava incrível no mundo era o amor e quando eu te conheci eu te amei mas eu te amei tanto que eu conseguia me sentir mais próximo do meu pai por isso. Porque pela primeira vez eu senti o que ele tanto me falava.

- Eu te amo porque não como pessoa, muito mais que isso, eu te amo porque você pra mim é esperança. E em vários aspectos. Esperança porque as vezes você parece nem ser desse mundo de tão boa e isso me traz esperança de que o mundo ainda não tá completamente perdido.

- E esperança porque antes isso não existia em mim e foi existir depois de você. Elisa, se você se jogar daqui e acabar com você eu também vou morrer.

- E eu vou morrer porque você que me completa e que me traz a esperança de que essa ferida e essa falta que tá aqui dentro de mim e que também tá dentro de você, não machuque tanto.

Ela chorava, chorava muito como se limpasse tudo dentro dela.

- Eu quero sempre ter essa esperança comigo, princesa... - Abri suas mãos e coloquei nosso colar. Aquele que eu e ela tínhamos quando namorávamos no ensino médio.

- Eu quero viver com você o resto da vida e me sentir completa pra sempre e isso eu só consigo com você. - Ela limpou as lágrimas enquanto olhava a nossa foto no colar.

- Desculpa, Billie. Desculpa por te causar isso e te... Magoar e preocupar todos os dias. Por todas as vezes que eu te fiz ter medo de que eu fizesse algo comigo e você que acabasse sofrendo e... Morrendo também. Desculpa por não saber lidar com a dor e isso acabar te afetando de alguma forma. Me perdoa? - Ela me olhou com o nariz vermelho e a boca também. Suas pintinhas estavam mais vivas, da forma que eu acho lindo.

- Eu não tenho o que te perdoar. Você só me faz bem.

- Eu não te perdoaria por algo que você nem ao menos fez. Você é a única coisa que me mantém viva até hoje e por isso... - Levantei e coloquei a mão no bolso.

Me ajoelhei na sua frente enquanto ela me olhava paralisada.

Tirei a caixinha do bolso e abri mostrando dois anéis.

- Quer casar comigo, princesa?

Elisa ficou paralisada me olhando, ela nem se mexia.

- Billie... - Ela limpou as lágrimas rápido.

- Quer ser pra sempre a minha princesa e eu ser seu trono pra você sentar em mim todo dia. - Ela riu baixo e levantou ficando na minha frente.

- Aceito, óbvio que aceito! - Tirei o anel e coloquei no seu dedo e ela fez o mesmo comigo e se jogou em cima de mim me enchendo de beijos.

- Eu te amo, eu te amo muito Billie, eu te amo pra sempre. - Disse olhando nos meus olhos e ali eu vi sua pupila dilatar.

- Eu te amo, princesa. Pra sempre.