Capítulo 25

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- Não pense muito em mim - Stéfani disse com a voz calma - Não quero que você fique toda sentimental.

- Apenas viva bem - Mirella completou.

- Apenas viva. - foi a vez de Stéfani - Com amor...

- Will. - disseram juntas olhando uma nos olhos da outra. Respiraram fundo e sorriram.

- Lemos um livro juntas - Mirella disse voltando a deitar com a cabeça no peito da outra - Isso é bom.

- Você sabe que tem mais dois né? - Teté perguntou largando o livro em cima da cama e se remexendo para abraçar o corpo da mulher colada ao seu - Mas a gente deixa pra outro dia.

- Então quer mais dias assim comigo? - Mi perguntou brincalhona - O que quer fazer agora?

- Eu não sei - respondeu Stéfani antes de entrarem em absoluto silêncio.

O quão significante é passar um dia inteiro com quem se ama? Qual o poder de um abraço inesperado? A sensação de um beijo roubado? Um cheiro no cangote de quem pode segurar sua nuca e invadir sua boca?

Um dia inteiro com alguém que tem a total liberdade de tirar toda a sua roupa mas prefere te despir com um olhar, é surreal. É elevar a intimidade, não menosprezando o corpo a corpo, mas valorizando o que vem de dentro.

E o que vem de la é a simples e enorme vontade de estar e apenas ficar, em silêncio ou não, de mãos dadas ou sentadas em cantos diferentes, ao lado de quem tem total poder sobre você e seus sentimentos.

É construir lembranças que não giram em torno de uma cama e dois corpos nus. Por que as vezes quando as coisas não fazem tanto sentido quanto antes, precisamos de motivos para nos fazer lembrar o por que de continuar. E um corpo nu, encontramos em qualquer lugar.

Mas a intimidade com o eu de outra pessoa não, isso você conquista. Constrói no dia a dia e exige tempo e confiança. Por que por mais que não pareça, mesmo sendo questionado e subestimado, tudo gira em torno dos detalhes.

- Prova esse - Mirella pediu levando um salgadinho de festa à boca de Teté - Acho que é de camarão.

Estavam lanchando. Depois de ficarem ouvindo apenas suas respirações dentro do quarto, Mirella levantou e, do telefone fixo do apartamento da Teté, pediu um delivery.

Estavam sentadas na cama, Teté encostada na cebeceira e Mirella sentada em seu colo. A bandeija com os salgados estavam ao lado de ambas, a propósito bem recheada.

- Amor, esse é maravilhoso - Stefani disse, ainda com a boca cheia. Levou a outra metade do salgadinho à boca de Mirella e observou sua namorada degustando um simples salgadinhode festa.

- Isso é carne seca com queijo e... - Mirella pensou um pouco mais sobre o gosto em sua boca e franzil a testa - Banana?

- É - Teté respondeu rindo - É uma mistura gostosa, vai.

- É diferente - Mirella respondeu - Mas eu gostei.

E mais uma vez silêncio. Não aquele ensurdecedor, mas aquele que os olhos observam os mínimos detalhes de outra pessoa bem a sua frente. Os traços perfeitos do nariz, as sobrancelhas, os olhos, a boca, o piscar de olhos ou o jeito que a mandíbula se movimenta ao mastigar algo.

- Para de me olhar desse jeito - Mirella pediu meio sem jeito. Não mentia quando dizia que se sentia nua apenas com um olhar da outra. Stéfani apenas sorriu e roubou um pouco do suco da outra.

- Posso fazer uma pergunta? - Teté disse meio hesitante e rapidamente Mirella ficou atenta. Afirmou com a cabeça colocando o copo de suco sobre a bandeija - Você acredita em sonhos?

When everything startedOnde histórias criam vida. Descubra agora